Confira a coluna- A psoríase não afeta só a pele

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O QUE É A PSORÍASE?

São lesões vermelhas ou rosadas, que coçam muito, de diversos tamanhos, que descamam e se localizam com frequência em joelhos, cotovelos e couro cabeludo. Porém, podem afetar qualquer parte do corpo.

É uma doença inflamatória, autoimune, que tem transmissão genética e o seu início tem relação com processos infecciosos, tabagismo, etilismo, estresse físico e emocional, uso de medicações, obesidade etc.

Sendo estes fatores os gatilhos desencadeadores da doença, em pessoas predispostas geneticamente.

Acomete homens e mulheres na mesma proporção e calcula-se que 2% da população tenha a doença. As pessoas brancas são as mais acometidas.

 

NÃO É SÓ A PELE QUE PODE SER ACOMETIDA

Hoje, sabemos que a psoríase não é somente uma doença localizada na pele.

É uma doença sistêmica, ou seja, pode afetar outros órgãos e sistemas.

O acometimento articular (artrite psoriásica) ocorre em torno de 40% das pessoas que têm psoríase cutânea, desenvolvendo inflamação das articulações (joelhos, tornozelos, mãos), da coluna e bacia, dos ligamentos, tendões (tendão de Aquiles e fáscia plantar, que dá dor em calcanhares e planta dos pés).

A artrite psoriásica, caso não seja tratada convenientemente, pode trazer muito sofrimento ao paciente, principalmente pela dor das articulações dos membros e da coluna, que levam à dificuldade para repousa e de realizar movimentos livremente. Nos casos mais avançados pode levar à incapacidade de caminhar e trabalhar. Na maioria dos casos, a lesão cutânea surge primeiro que a dor articular. Porém, pode iniciar com comprometimento das articulações e, depois de algum tempo, aparecer as lesões na pele.

As unhas são muito acometidas na psoríase: alterações como depressões, presença de manchas brancas ou amarelas, espessamento da unha ou destruição, que muitas vezes é confundida com micose. Alterações nas unhas é um sinal clínico muito importante para o diagnóstico.

Pode ocorrer, ainda, processo inflamatório dos intestinos (colites), alteração dos níveis sanguíneos do colesterol, triglicérides e ácido úrico, constituindo a síndrome metabólica, o aumento da pressão arterial e diabetes.

 

COMO É FEITO O DIAGNÓSTICO?

Os médicos que têm treinamento para fazer o diagnóstico preciso são o reumatologista e o dermatologista.

O diagnóstico é essencialmente clínico: o aspecto das lesões de pele, a história de evolução da doença, a avaliação dos outros órgãos e sistemas, são de extrema importância para se firmar o diagnóstico.

A biópsia da lesão cutânea traz grande auxílio, em caso de dúvida de diagnóstica. Os exames de sangue podem mostrar elevação das provas inflamatórias, anemia, aumento dos níveis do colesterol, triglicérides, ácido úrico e da glicemia.

 

TEM TRATAMENTO?

Sim. O tratamento vai depender do que for constatado na avaliação completa do paciente, considerando qual o comprometimento da doença.

Se somente a pele estiver acometida, o tratamento poderá ser local, com cremes anti-inflamatórios, ou uso de fototerapia. Nos casos mais graves de lesões de pele, os imunossupressores têm sido usados com sucesso.

A artrite psoriásica, deve ser tratada com anti-inflamatórios e imunossupressores.

 

Exercícios aeróbicos, que não produzam impacto, como correr, por exemplo, ajudam a fortalecer os músculos, tendões e ligamentos, o que, além de melhorar os movimentos, não permite a atrofia dessas estruturas.

O uso de calor ou frio sobre as articulações podem ajudar a diminuir a dor. O tabagismo e o etilismo tendem a piorar muito a evolução da doença.

A obesidade deve ser combatida, por piorar o prognóstico do acometimento articular e do sistema cardiocirculatório.

Todas as alterações evidenciadas, como hipertensão arterial, níveis elevados de colesterol, triglicérides e glicose, devem ser corretamente corrigidas.

O comprometimento dos outros órgãos (coração, pulmões, rins), também deve ser tratado, junto com especialistas, ou seja, fazer uma abordagem multidisciplinar do paciente.

Portanto, ao suspeitar de que uma lesão de pele possa ser psoríase, procure um reumatologista ou dermatologista para avaliação e conduta.

E-mail: [email protected]. Site: www.institutoreumato.com.br.

 

Professor titular da Famed da UFMS, professor do curso de pós-graduação de Saúde e Desenvolvimento do Centro-Oeste, da UFMS; coordenador do programa de residência médica em reumatologia, do Humap/Ebserh/UFMS; titular da cadeira 23, da Academia Brasileira de Reumatologia. 

 

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