O avanço da variante ômicron do coronavírus e da nova cepa da gripe influenza – a H3N2 “Darwin” – fizeram com que desde a semana passada voos previstos no Aeroporto Internacional de Campo Grande fossem cancelados, de modo que seus passageiros ficassem à mercê das companhias aéreas. Seja no intuito de voltar para casa, a trabalho ou turistar pelo Brasil, existe a possibilidade cada vez maior de adiamentos, burocracia e, principalmente, o risco de contaminação.
De acordo com a Agência Brasil e com dados da Folhapress, o maior motivo dos cancelamentos não é pela falta de passageiros, mas sim de tripulação, o que inclui pilotos e copilotos – informou a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). Na Capital, voos que tinham como destino final ou parcial São Paulo (seja por Congonhas, Guarulhos ou Campinas) tiveram seus funcionários infectados pelo coronavírus.
Só na semana passada – e em pouco mais de 24 horas de diferença –, duas partidas de Campo Grande foram suspensas. O voo Azul AD 2850 e outro da Gol (sem número divulgado) foram os afetados.
“Recebi um telefonema de uma funcionária informando que duas das suas tripulações testaram positivo para a COVID. Não me disseram quantas pessoas nem a procedência, porém de que meu voo não seria naquele dia. Portanto, que me propunha remanejar a pasagem”, esclarece um cliente da Azul que preferiu não se identificar. Seu destino final seria para a cidade do Rio de Janeiro – viagem esta que só se concretizou, de fato, quase cinco dias depois.
Funcionários ligados a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) e que trabalham no posto de vacinação/testagem dentro do aeroporto campo-grandense confirmaram que ainda uma “avalanche de gente positivada” – e não apenas tripulantes. “Moradores de regiões próximas e até mesmos passageiros que desembarcam passam por aqui, seja para se vacinar ou fazer teste. O resultado, na maioria das vezes, é para a confirmação do vírus”, descreveu uma servidora.
As três principais companhias aéreas brasileiras confirmaram o impacto nas suas operações. Pelo Brasil, a Azul e a Latam registraram 528 voos cancelados/reprogramados só no dia de hoje (10). Já a Gol disse não ter nenhum voo cancelado por afastamento da equipe. O SNA (Sindicato Nacional dos Aeronautas) afirmou não ter dados oficiais sobre o total de profissionais afastados por licença médica.
Em nota
A Anac disse que “está monitorando os casos de doenças respiratórias causadas em pilotos, comissários e demais profissionais do setor aéreo”. Já a Sesau, de que está disponibilizando a vacina contra Influenza A no Aeroporto Internacional de Campo Grande e na Nova Rodoviária, onde já são oferecidas doses contra COVID-19. Testes para o coronavírus também.
Em comunicado, a Infraero – empresa responsável pela administração pública e gestão dos aeroportos brasileiros – afirmou que vem aplicando os protocolos sanitários preconizados pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), de forma padronizada e em todos os aeroportos sob sua gestão, e que está “à disposição para colaborar com medidas adicionais julgadas necessárias pelos órgãos sanitários públicos dos estados e municípios, a exemplo de implementação de barreiras sanitárias nas áreas de desembarque sob gestão daqueles órgãos”.
Por sua vez, a Azul ressaltou que “por razões operacionais, alguns voos do mês de janeiro estão sendo reprogramados”. Até a última sexta-feira (7), a companhia ressaltou que 90% das suas operações funcionavam normalmente. Entretanto, por estar trabalhando em máxima atividade, segundo a Anac, houve aumento de 405% nos afastamentos de suas tripulações em comparação à média dos últimos 12 meses, conforme indicativo do SNA.
Após consecutivas tentativas, O Estado Online não conseguiu entrar em contato com a Gol.
Voo cancelado? Saiba o que fazer
Primeiro de tudo: terminou em 31 de dezembro do ano passado a vigência da lei que permitia ao consumidor remarcar passagens sem custo. Porém, no caso de cancelamentos pela própria companhia, o passageiro não arca com a cobrança. Cabe a empresa aérea notificar o cliente e oferecer possibilidades, dentre as quais remarcação da data da nova viagem ou estorno do dinheiro gasto.
Na legislação que rege direitos dos passageiros quanto das próprias companhias, o viajante que testar positivo (COVID-19, H3N2 ou qualquer doença infectocontagiosa) antes do embarque, poderá cancelar a passagem e pedir reembolso ou carta de crédito para remarcação; e, até mesmo, solicitar uma nova data sem custo adicional. Caso a desistência seja voluntária, sem motivo de saúde, o cliente arcará com os custos estabelecidos.
Na dúvida, o melhor é entrar em contato com a companhia aérea contratada.