Confraria Apaixonados por Fusca e Derivados promove “fusqueata” para celebrar o dia nacional do veículo no Brasil

Foto: André Luiz/ Confraria Apaixonados Por Fusca Derivados
Foto: André Luiz/ Confraria Apaixonados Por Fusca Derivados

Evento ocorre neste domingo (22), a partir das 11h, no estacionamento do Shopping Norte Sul Plaza

Nesta sexta -feira (20), foi comemorado o Dia Nacional do Fusca, data escolhida em alusão ao início da produção do veículo no Brasil, em 1959. Para comemorar a data, em Campo Grande, a Confraria Apaixonados por Fusca e Derivados vai realizar um evento no estacionamento do Shopping Norte Sul Plaza, onde vai exibir vários exemplares das relíquias, neste domingo (22), a partir das 11h.

O encontro deste domingo, no setor G do estacionamento do Shopping Norte Sul Plaza, é realizado desde 1989 e será o ponto de reunião após a “fusqueata”, que terá a concentração na Rua Professor Luís Alexandre de Oliveira, Via Parque, às 10h, de onde vai sair em direção à Avenida Afonso Pena, seguindo pela Avenida Arquiteto Rubens Gil de Camillo, depois pela Fernando Corrêa da Costa, Avenida Fábio Zahran, passando pela Rua Siqueira Campos, depois Rua Japão e terminando o percurso no shopping.

Para sabermos um pouquinho mais sobre esse carro, que mesmo após tantas décadas ainda encanta tantas pessoas, conversamos com vários membros da Confraria Apaixonados por Fusca e Derivados, para conhecer um pouco da história do Fusca, a origem do nome e curiosidades. Mesmo sendo uma paixão nacional da atualidade, o Fusca tem uma história que começa muito antes, ainda na Alemanha: por volta de 1935, projetado por Ferdinand Porsche, em Stuttgart, o veículo surgiu como opção barata e resistente, sendo uma solução para motorizar aquele país que havia sido castigado pela Primeira Guerra Mundial, conforme nos conta o engenheiro civil Osmar da Costa Vieira, de 70 anos, um dos entusiastas do carro. “Hitler havia encomendado à Porsche o estudo de um carro barato e econômico.

Assim que a fábrica apresentou os primeiros protótipos, iniciou-se a Segunda Guerra Mundial, momento em que se param os estudos do automóvel, para dedicar-se aos projetos de armas de guerra. Só em 1946 é retomada a produção para uso civil. O mundo era outro: Alemanha arruinada, muita dificuldade, acaba extinta a já então Volkswagen”, explica. No Brasil Osmar conta, também, como começaram as montagens do veículo no país.

“No Brasil, começaram as montagens do Fusca em um galpão no bairro do Ipiranga, na cidade de São Paulo, nos anos de 1950. Em 1959 se produzia, já com 90% de peças brasileiras, um carro confiável e barato, em comparação com os carros americanos. Fez muito sucesso e contribuiu para o desenvolvimento da indústria automobilística do país”, relata o engenheiro. Cabe ressaltar que o galpão em questão, mencionado por Osmar, fora a primeira fábrica da VW fora da Alemanha, e começou, à época, a montar um modelo com motor de 1.200 cm³. Além disso, o modelo se tornou sucesso não apenas aqui, mas também ao redor do mundo, e a data ganhou – também lá fora – significado e passou a ser usada pelos fãs brasileiros do veículo para comemorar o Dia Nacional do Fusca.

Curiosamente, o primeiro nome do projeto era Type 1, e teve como base os projetos Typ 12 e Typ 32, de Ferdinand Porsche. Posteriormente, passou a se chamar Volkswagen Sedan, mas acabou ganhando apelidos relacionados a insetos em vários países: na Alemanha, é chamado de kafër; em Portugal, de carocha; beetle nos Estados Unidos; maggiolino na Itália com o significado de “besouro”, em comum, apesar dos idiomas e das nações diferentes; e coccinelle, que significa “joaninha”, na França. O Brasil é o único país do mundo onde o “Fuca” não ganhou um, relacionado a besouro. O nome “Fusca”, entretanto, só foi adotado oficialmente em 1983 no país. Ok. Mas de onde vem esse nome, então? Trata-se de um nome advindo da criatividade brasileira, surgido da pronúncia da sigla VW, de Volkswagen. O “fauvê”, em alemão, era pronunciado como “fulque” ou “fulca” e, como consequência, virou “Fusca”. Gostou do assunto? Pois te digo que não acabou.

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A história do Fusca no Brasil começa nos anos de 1950, em São Paulo, onde foi instalada a primeira fábrica da Volkswagen fora da Alemanha e, de lá para cá, houve mudanças, o carro ganhou fama mundial, apelidos carinhosos e, no Brasil, conquistou muitos aficionados. Em Campo Grande, não é diferente: neste domingo (22), vários amantes do Fusca vão celebrar a data de um dos grandes amores que têm na vida.

A enfermeira Mariana Oliveira Mônaco tem 40 anos, e conta como tudo começou para ela. “Na década de 1980, minha mãe tinha um Fusca bege. Neste período eu tinha uns 3 anos, e andava com ela na minha cadeirinha. Ficamos com o fusca até meus 10 anos, daí, por crise financeira, ela foi obrigada a vender.” Depois de vários anos sem carro, Mariana comprou um Fusca em 2017, mas o carango ficava mais na garagem, parado, do que rodando por aí. “Quando chovia, ele vazava todo por dentro. Infelizmente, o antigo dono não cuidava dele como deveria, fazendo as manutenções”, conta. Ela conta que, em uma manhã de 2020, recebeu a ligação de um amigo que tem uma garagem em Sidrolândia, avisando sobre a chegada de um Fusca por lá. “Quando eu olhei, não acreditei. Dei uma volta e gostei do carro. O mais engraçado foi que eu disse para ele ‘esse carro é meu’, só que eu não tinha um centavo no banco. Em dois dias consegui o dinheiro e comprei. Ele veio rodando de lá para cá. Comprei esse carro e não precisei fazer nada, só homologuei a placa preta, visto que ele é um carro de colecionador e tem 91% de originalidade”, comenta.

Mariana conta que os eventos são acolhedores, familiares e muito bem organizados. “Onde a gente vai, a gente sempre é bem-vindo, eles são muito solícitos, acolhem muito bem a gente, é um evento familiar. O nosso grupo não tem baderna, são casais que vão, são as crianças, todos são muito bem acolhidos pela organização do evento, então, torna-se uma grande família em prol desse desse objetivo, que é divulgar o seu veículo, trocar ideias, e assim a gente foi muito bem acolhido pela Confraria Apaixonados por Fusca e Derivados”, relembra.

E a enfermeira conta que o “bichinho” do Fusca pegou todo mundo da família: o marido, o filho, de 14 anos, e até a filha, de apenas 10 meses: “Hoje a nossa bebê tem dez meses e ela já fez algumas viagens com a gente. A primeira [viagem] dela foi para Ivinhema, depois ela foi para Dourados, daí fomos para a última agora foi em Ponta Porã, é só alegria! Ela já tem o bodyzinho com o nome dela, com a imagem do Fusca. Nós temos um carro moderno, mas ela prefere o antigo. Parece que trepida, e assim ela dorme com mais facilidade.”

Ela comenta, também, que o filho adolescente diz que ela não vai vender o Fusca e que, quando ele completar 18 anos, é ele quem vai dirigir o carro. “Assim, a gente mantém ele [o Fusca] da melhor forma possível, para realizar essa vontade dele, de poder dirigir esse veículo, que assim dá alegria para a gente”, diz a mãe coruja.

De pai para filho Osmar da Costa Vieira, que nos contou um pouco sobre a história do Fusca, explica que a sua história com o veículo começou cedo. “Minha história com o Fusca começou em minha cidade natal, no interior de São Paulo, nos anos de 1954/55, onde meu pai e tios já possuíam este automóvel”, relembra. Ele explica que, para poder ter um Fusca, hoje em dia, tem de realmente ter amor. “Além de gostar, deve possuir um pouco de conhecimento na mecânica do Fusca.

Não adianta querer por modismo, pois dá trabalho, o custo é alto e as peças são difíceis de encontrar.” Vieira também relembra o encontro do ano passado e comenta sentir falta de mais eventos do tipo. “O encontro de 2022 foi muito bonito, com vários participantes, e bem movimentado. Existe carência de reuniões durante o ano, encontros esses que foram dificultados pela pandemia de 2020.” O instrumentador cirúrgico, Luiz Paulo Domingos, vice- -presidente da Confraria, é mais um dos apaixonados pelo Fusca e conta que comprou o “Smurf” seu em 2015, com o objetivo de trocá-lo ou vendê- -lo, mas que em 2016 sofreu um acidente no qual teve perda total do veículo. “Muitos foram contra na questão de reforma, mesmo assim segui. Nosso clube é bem diversificado e um dos mais antigos, a Confraria é o segundo mais antigo clube de Campo Grande”, afirma.

O aposentado Itacir Bonetto, apesar de sucinto, afirma que se apaixonou pelo carro como qualquer outra criança e que o encontro é muito esperado por ele. “A paixão começou na infância, assim como as crianças de hoje se encantam com o Fusquinha. Minhas expectativas para o encontro são enormes, espero esse dia todo ano. É um evento onde aparece fusca de todo canto da nossa cidade, os de sempre, e os que só se veem nesse dia”, conta. Para quem quer ter um “fuca”, ele aconselha calma. “Paciência e persistência. Que ele seja um carrinho pra curtir”, dispara.

O mecânico Cristiano Heleno Silva é o atual presidente da Confraria e comenta que – assim como boa parte dos outros aficionados – o amor pelo Fusca vem da infância. “A minha paixão pelo Fusca veio desde de criança, meus pais sempre tiveram, e quando nos mudamos para Londrina, eu queria aprender mecânica de Fusca, que meu pai sempre tinha, vivia mexendo em casa, e ele conseguiu, para mim, um emprego numa concessionária Volkswagen que era ao lado da nossa casa, como aprendiz de mecânico”, relata.

Depois disso, ele conta que participou de corridas de arrancadão de Fusca e que, ao ver um Fusca ganhando de carros como o Opala e o Maverick – considerados, até hoje, carros potentes – ficou ainda mais apaixonado. “Acabei fazendo do meu hobby minha profissão e hoje eu vivo disso. Viajo de Fusca, faço os eventos de Fusca, faço parte da presidência, Clube do Fusca. E o Fusca é o meu xodó. Eu tenho o meu já faz mais de dez anos, é o sexto que eu tenho. E não vendo, não dou, não empresto. Esse não.” Cristiano explica que o custo para manter um Fusca hoje pode variar e não tem um valor específico ou fixo; pode variar entre R$ 1 mil e R$ 10 mil a manutenção.

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