SUS vai ampliar opções de tratamento para endometriose com duas novas terapias hormonais

Foto: Arquivo O Estado Online
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Uso do DIU hormonal e do desogestrel poderá beneficiar milhares de brasileiras que sofrem com a doença

Duas novas terapias hormonais passarão a integrar o arsenal do Sistema Único de Saúde (SUS) no enfrentamento da endometriose, condição ginecológica que afeta cerca de 10% das mulheres em idade fértil no mundo, segundo estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS). A inclusão do desogestrel, um contraceptivo oral, e do DIU com levonorgestrel (DIU-LNG) foi aprovada recentemente pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) e marca um avanço importante no tratamento gratuito da doença no Brasil.

A endometriose é uma enfermidade crônica e inflamatória provocada pela presença do tecido semelhante ao endométrio, normalmente encontrado na parte interna do útero, fora da cavidade uterina. Esse deslocamento pode atingir ovários, intestino, bexiga e outros órgãos, desencadeando cólicas menstruais intensas, dores pélvicas persistentes, desconforto durante as relações sexuais e até infertilidade. A progressão da doença, muitas vezes silenciosa, representa um desafio tanto para o diagnóstico quanto para o tratamento precoce.

Agora, com a chegada das novas opções ao SUS, se espera melhorar a qualidade de vida das pacientes e facilitar o acesso a métodos eficazes, especialmente para quem não pode fazer uso de anticoncepcionais orais combinados, aqueles que contêm estrogênio e progesterona. O DIU-LNG, por exemplo, libera hormônio localmente e precisa ser trocado apenas a cada cinco anos, o que favorece a continuidade do tratamento. Já o desogestrel atua bloqueando a atividade hormonal que estimula o crescimento do tecido ectópico, podendo ser usado desde a suspeita clínica, antes mesmo da confirmação diagnóstica por exames.

Os dois métodos ainda dependem da atualização do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da endometriose para começarem a ser efetivamente ofertados. No entanto, a inclusão na lista de tecnologias aprovadas já é um passo decisivo.

Dados recentes do Ministério da Saúde mostram que a procura por atendimento tem aumentado. Somente na atenção primária, o número de consultas por endometriose saltou de 115 mil, em 2022, para quase 145 mil, em 2024, uma alta de 30%. Nos serviços especializados, o avanço foi ainda mais expressivo: 70% de crescimento no mesmo período. Já as internações cresceram 32%, totalizando mais de 34 mil nos dois últimos anos.

 

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