No Estabelecimento Penal Feminino “Irmã Irma Zorzi”, em Campo Grande, um projeto inovador está proporcionando às reeducandas uma oportunidade única para o autocuidado feminino e o planejamento familiar. A iniciativa, resultado de uma parceria entre a Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen), a Secretaria de Estado de Saúde (SES), a Secretaria de Saúde de Campo Grande (Sesau) e a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), oferece a colocação de dispositivos intrauterinos (DIU) às internas.
Daniele, uma reeducanda de 27 anos e mãe de seis filhos, encontrou no projeto uma oportunidade valiosa para o autocuidado. Grávida de seis meses quando foi detida, ela compartilha a importância dessa iniciativa em sua vida: “Tive meu primeiro filho aos 14 anos e agora, fui presa grávida de seis meses, então vou abraçar essa oportunidade que vai me ajudar na prevenção, principalmente depois da experiência que estou passando longe da minha família, que não mora aqui.”
O projeto tem como objetivo estimular o planejamento familiar, proporcionando acesso a serviços que promovem a saúde sexual e reprodutiva das mulheres. Além da eficácia contraceptiva, o DIU Hormonal oferecido às reeducandas apresenta benefícios como a redução das cólicas menstruais e, em muitos casos, a interrupção da menstruação, proporcionando mais higiene, conforto e economia.
O enfermeiro obstétrico Sebastião Júnior Henrique Duarte destaca a importância do projeto: “Nosso foco é que as reeducandas tenham acesso a um método não farmacológico, assim como é feito pela rede SUS. O projeto de pesquisa também visa formar recursos humanos com novos profissionais para adquirir habilitação, de forma que seja uma realidade em todas as unidades penais femininas também.”
Estudantes da UFMS estão contribuindo voluntariamente com a ação, que oferece às reeducandas a opção do DIU de cobre, com maior durabilidade de até dez anos. Antes do procedimento, são realizadas entrevistas para descartar contraindicações, e os protocolos do Ministério da Saúde são seguidos rigorosamente, incluindo teste de gravidez.
A diretora do Estabelecimento Penal Feminino “Irmã Irma Zorzi,” Mari Jane Boleti Carrilho, destaca que diversas ações são priorizadas dentro do presídio para incentivar o autocuidado feminino, proporcionando um cumprimento de pena mais digno e eficiente às apenadas.
A interna Amanda, de 29 anos e mãe solteira, expressa sua gratidão pela oportunidade: “Sou mãe solteira, e é muito difícil ter a responsabilidade sozinha, já tenho um casal de filhos de 4 e 8 anos e para mim já é o suficiente.”
O projeto, que atende pelo menos 50 reeducandas interessadas na colocação do dispositivo, pode ser prorrogado de acordo com as demandas apresentadas, visando tornar-se uma iniciativa permanente por profissionais de saúde do presídio. Conforme a enfermeira obstetra Suelen, novas ações, como o implante anticoncepcional Implanon, estão previstas para o futuro, ampliando as opções disponíveis.
Rita Luciana Domingues, chefe da Divisão de Saúde Prisional da Agepen, destaca que o projeto atende aos anseios da população carcerária feminina e reforça a importância de iniciativas que promovem o cuidado e a saúde dentro do sistema prisional.
Com informações de Tatyane Santinoni, Comunicação Agepen/MS
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