O Ministério da Saúde informou nesta terça-feira (11) que está monitorando a situação de emergência sanitária causada pela Síndrome de Guillain Barré no Peru. No entanto, a pasta ressalta que a doença não é transmissível de pessoa para pessoa e, portanto, considera-se que há baixo risco para o Brasil.
No último sábado (8), o Peru declarou estado de emergência em todo o país por 90 dias devido ao aumento de casos da doença. Até o momento, foram registrados 182 casos em 2023, dos quais 31 pacientes estão internados, 147 receberam alta hospitalar e quatro faleceram em decorrência da doença.
O Peru faz fronteira com o Acre e o Amazonas, porém, o Ministério da Saúde esclarece que não há necessidade de restrições de turismo, comércio ou circulação de pessoas, segundo nota enviada à Agência Brasil. Além disso, será enviada uma nota técnica às secretarias estaduais de saúde reforçando que, até o momento, o risco para o Brasil é considerado baixo.
A Síndrome de Guillain Barré é uma doença relativamente rara de origem autoimune que afeta o sistema nervoso periférico. Embora possa ser desencadeada por vários fatores, cerca de 75% dos casos estão relacionados a processos infecciosos. No Brasil, a síndrome não é de notificação compulsória, mas surtos epidêmicos são monitorados. Em 2015, o país registrou um surto da doença na Bahia.
Tanto bactérias quanto vírus podem desencadear a Síndrome de Guillain Barré, e os sintomas podem ocorrer durante a fase aguda de infecções ou após a recuperação dos pacientes. A doença já foi associada a bactérias causadoras de diarreia, bem como a infecções virais, incluindo dengue, zika, chikungunya, citomegalovírus, Epstein-Barr, sarampo, influenza A, enterovirus D68, hepatite A, B e C, HIV, entre outros.
No Peru, a doença causou um surto em 2019, com 900 casos, associados à presença da bactéria Campylobacter jejuni, que causa quadros de diarreia. Em 2020, foram registrados 448 casos, em 2021 foram 210 casos e, em 2022, um total de 225 casos. Ainda não há informações sobre o agente infeccioso associado ao atual surto no Peru.
Os sintomas mais comuns da Síndrome de Guillain Barré incluem sensação de dormência ou queimação nos pés e pernas, fraqueza progressiva nos membros, sonolência, confusão mental, perda de coordenação muscular, visão dupla, fraqueza facial, tremores, redução ou perda do tônus muscular e coceira nos membros.
É importante destacar que os pacientes com esses sintomas devem procurar um médico imediatamente para avaliação. O Sistema Único de Saúde (SUS) conta com centros de reabilitação e um Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para a Síndrome de Guillain Barré.
Segundo a infectologista Raquel Stucchi, consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia e professora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o diagnóstico e o tratamento da doença requerem um sistema de saúde bem estruturado. Ela explica que o tratamento deve ser iniciado rapidamente para evitar sequelas mais graves e que casos graves podem necessitar de internações prolongadas.
A infectologista também esclarece que, caso a causa do surto no Peru seja a mesma bactéria que causou o surto em 2019, o risco para o Brasil é considerado baixo. Ela ressalta que o país vizinho também apresenta um número elevado de casos de dengue, doença que já foi associada à Síndrome de Guillain Barré, o que pode estar contribuindo para a emergência sanitária atual.
Em vista da baixa incidência da Síndrome de Guillain Barré e do baixo risco de transmissão entre pessoas, um surto relacionado a um agente infeccioso pode indicar uma alta incidência desse agente na população. Entretanto, quando essas infecções não produzem sintomas significativos o suficiente para levar as pessoas infectadas ao sistema de saúde, pode ser difícil perceber essa alta incidência.
Embora a situação seja monitorada pelas autoridades de saúde, até o momento, o Ministério da Saúde do Brasil considera que não há perigo iminente da Síndrome de Guillain Barré no país e reforça a importância de manter-se informado por meio de fontes confiáveis e adotar as medidas de prevenção adequadas para evitar doenças infecciosas.
Com Informações da Agência Brasil
Acesse também as redes sociais do O Estado Online no Facebook e Instagram.