Obrigatoriedade da vacina contra covid em crianças divide opiniões

Segundo a Sesau, desde a liberação 9,3 mil doses foram aplicadas.|Foto:Divulgação/SESAU
Segundo a Sesau, desde a liberação 9,3 mil doses foram aplicadas.|Foto:Divulgação/SESAU

O Ministério da Saúde confirmou, na última terça-feira, dia 31, que a vacina contra a covid-19 passará a fazer parte do PNI (Programa Nacional de Imunizações) em 2024, com a recomendação de que Estados e municípios priorizem crianças de 6 meses a menores de 5 anos e grupos com maior risco de desenvolver formas graves da doença. De acordo com dados da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), foram aplicadas 2,1 milhões de doses da vacina contra a doença em Campo Grande desde 2021, dessas, 9.362 em crianças, mas a obrigatoriedade ainda divide opiniões.

Com isso, a partir do próximo ano, os pais precisarão seguir as datas determinadas na caderneta de vacinação da criança, diferente de hoje em dia, que é opcional. O PNI determina algumas vacinas como obrigatórias para crianças e adolescentes, como a BGC (contra a tuberculose, aplicada ainda na maternidade), a tríplice viral, a tetravalente, a vacina contra a paralisia infantil, entre outras. Caso os pais se recusem a aplicar alguma dessas listadas e dispostas como obrigatórias, eles estão sujeitos a uma multa prevista no artigo 249 do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) e a sanções, como o corte do pagamento do Bolsa Família.

Vale lembrar que logo após assumir a função de secretário municipal de Saúde, o Dr. Sandro Benites destacou que era contrário à obrigatoriedade da vacinação, uma vez que cada um deveria decidir pela aplicação ou não.

“Eu defendo a vacinação para quem queira se vacinar. Eu sou contra a obrigatoriedade, mas meu filho, por exemplo, está vacinado. Sempre serei a favor da ciência”, destacou, na ocasião

Essa obrigatoriedade da vacina contra covid-19 divide a opinião de pais, que ainda estão inseguros com as informações divulgadas sobre os efeitos colaterais, se são reais ou não. É o caso de Viviane Soares, 36, mãe de uma adolescente de 15 anos e um menino de 7. “Eu ainda não consigo concordar, achei que as explicações sobre o que era verdade ou não, para mim, não ficou muito claro e deixou inseguranças. Acho que quando ficar comprovado que era mentira ficarei mais segura”, disse.

Há quem tenha uma opinião formada e não quis aplicar as doses nos filhos, como Dayane Zuza, 29, nail designer, mãe de três crianças. “Eu não concordo porque uma vacina demora anos para ver as contraindicações a longo prazo, mas a da covid, as vacinas foram muito rápidas, eu tenho medo do que pode gerar, a longo prazo. Todas as vacinas que estão no calendário já passaram por todas as etapas de testes, em diferentes grupos de crianças, foram visualizados os efeitos a curto e longo prazo, diferentes das da covid”, defende.

Já quem concorda, pensa que só assim todas as crianças estarão protegidas. “Concordo! Principalmente por conta do avanço dos movimentos antivacinas, e a questão de ideologia política que foi levantada nos últimos anos, questionando a eficácia das vacinas. E o retorno de doenças que haviam sido controladas, o que coloca todas as crianças em risco, não só as que não foram vacinadas”, opina Kethellin Nathalia, 25, social media, mãe de duas meninas, de 7 e 2 anos.

Quem compartilha da mesma opinião é Fernanda Tuany, de 23 anos, mãe de um bebê de 8 meses. “Concordo muito. Sempre tem uns pais que não ligam para as vacinas do filho. Acredito que tendo uma data para a vacinação, causa uma sensação de urgência na cabeça de vários deles, fazendo com que todos procurem os pontos de vacinação.”

Insegura com os efeitos das doses, a acadêmica de biomedicina Nalu Meire, 29 anos, mãe de dois meninos, de 5 e 9 anos, acredita que a vacinação precisa ser estudada e que os pais devem continuar ensinando às Acredito que tendo uma data (anual) para a vacinação, causa uma sensação de urgência Fernanda Tuany, mãe de um bebê de 8 meses crianças as medidas preventivas e fornecer uma alimentação saudável.

“Eu não concordo com a obrigatoriedade, por conta dos possíveis malefícios, que só veremos daqui uns anos. Adulto pode escolher se ele quer ou não e as doses foram importantes na época da pandemia, mas a obrigatoriedade para crianças, eu não concordo”, concluiu a acadêmica de biomedicina.

Foto: Divulgação

Implantação era esperada

Por nota, a Sesau informou que a implementação desta vacina no calendário anual já era esperada, contudo o município ainda aguarda o recebimento da nota técnica do Ministério da Saúde sobre os públicos e quais estratégias devem ser adotadas como, por exemplo, se a dose será aplicada pela rotina de vacinação ou de campanhas, como acontece com a dose da influenza.

A pasta informou que já contratou um estudo nacional de base populacional para entrevistar cerca de 33 mil pessoas com foco em covid longa. De acordo o Ministério da Saúde, o Brasil segue uma tendência observada globalmente e registra oscilação no número de casos da doença. Além disso, também destacam que, no Brasil, 4 mil pessoas morriam todos os dias pela doença. Hoje, a média é de 42 por dia, comprovando a eficiência da vacina.

 

Por Kamila Alcântara

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