Uma nova estimativa da OMS aponta que a COVID-19 esteve associada a 14,8 milhões de mortes em todo o planeta em 2020 e 2021. O número é 2,7 vezes maior que os 5,4 milhões de óbitos registrados oficialmente durante esses dois anos.
Publicado em um artigo nesta quarta (15) na revista Nature, o cálculo se soma a outras pesquisas que já apontavam uma enorme quantidade de mortes relacionadas à COVID-19, mas que não eram computadas dessa forma. Uma pesquisa publicada em março deste ano na revista Lancet apontou cerca de 18 milhões de mortes por COVID-19 nos dois primeiros anos de pandemia.
O levantamento realizado pela OMS utiliza o conceito de mortes em excesso para calcular a nova estimativa. Para chegar ao novo valor de óbitos, uma possibilidade é calcular a quantidade de óbitos que se esperava para determinado período de tempo e comparar com o número observado quando se estava em uma emergência de saúde pública, como a pandemia de COVID-19.
Além disso, o excesso de mortes considera aquelas causadas diretamente pela infecção viral ou aquelas que não -um exemplo é a sobrecarga no sistema de saúde que impede o tratamento e diagnóstico de outras doenças.
A não notificação de mortes causadas por COVID durante a pandemia ocorre por diversas razões. Uma delas, por exemplo, envolve testes. Para alguns países, o acesso aos diagnósticos é mais difícil, podendo causar um erro na notificação de um óbito.
Embora essa suposição de mortes associadas à COVIDseja de caráter global, a OMS chama a atenção no artigo para o fato de que, para algumas nações, estimar esse número é mais incerto. Isso porque muitos países, mesmo antes da pandemia, não contavam com um sistema robusto de notificação de mortes. Dessa forma, essas regiões dificultam o trabalho de contabilizar a quantidade de mortes que normalmente acontecem para, então, ser feito o cálculo do excesso de mortes observados na pandemia.
No total, cem países apresentavam essas informações contabilizadas e divididas por meses durante os dois primeiros anos da emergência de saúde. Para os demais, a OMS utilizou uma estimativa para observar a quantidade de mortes não notificadas que tinham associação direta ou indireta com a COVID-19.
Além de observar o total de 14,8 milhões de mortes associadas à COVID-19, o levantamento indicou o valor dividido para cada um dos anos. Em 2020, foram estimadas quase 4 milhões e meio de mortes, enquanto 2021 foi mais que o dobro, segundo a estimativa.
Os números ainda ajudam a observar quantas mortes a pandemia ocasionou a mais e que não existiriam caso a emergência de saúde pública nunca tivesse ocorrido. Nos dois anos, a COVID-19 causou um aumento de 13,1% a mais de mortes comparado a um cenário em que o vírus nunca tivesse infectado um ser humano.
Com informações da Folhapress