Há dez anos, a equipe do pesquisador da Embrapa (Campo Grande-MS), Renato Andreotti, detectou o agente causador da febre maculosa brasileira (FMB), por meio de diagnóstico molecular, em Mato Grosso do Sul. Hoje, a doença tem preocupado as autoridades sanitárias em Campinas (SP), diante do cenário endêmico da região. O agente da FMB (a bactéria Rickettsia rickettsii), que é transmitida pelo carrapato estrela (Amblyomma sculptum), exige medidas de saúde pública e tem nas capivaras, gambás, cavalos, cães e bovinos, seus principais hospedeiros.
Andreotti alerta que a capivara, por exemplo, é apenas o hospedeiro, assim como os demais. “Esses animais não são os vilões e o contato com eles, ou mesmo transitando nos locais onde habitam, pode ocasionar uma picada por um carrapato infectado (larvas, ninfas – conhecido como ‘micuins’) principalmente e, assim, se contrai a febre maculosa”, frisa. O carrapato estrela (Amblyomma sculptum) é uma espécie que pica o ser humano e por isso é capaz de, por meio de sua picada, infectar os seres humanos com a bactéria. Existem pelo menos outras quatro espécies de carrapatos relatadas com a circulação do agente na natureza, mas que não picam o ser humano com frequência.
Ao cair no solo, explica o parasitologista, uma fêmea do carrapato estrela é capaz de fazer a postura de cinco a oito mil ovos que se transformam em larvas. “Durante um simples piquenique no parque, milhares de carrapatos podem subir em uma pessoa. A bactéria pode ser transmitida caso o indivíduo seja picado por quatro horas contínuas pelo carrapato contaminado”, detalha. Ele explica também que o parasita transmite vírus e outros agentes potencialmente patogênicos; e ao picar alguém, o carrapato não apenas suga o sangue, mas injeta substâncias para evitar a reação do organismo do hospedeiro. “Quando faz isso, ocorre uma imunossupressão no local da picada que facilita o desenvolvimento dos agentes transmitidos”.
De julho a novembro, as larvas e as ninfas aparecem e uma série de tratamentos carrapaticidas, com base nas especificações do fabricante, a intervalos semanais deve ser realizada nos animais. Nos meses mais quentes ocorre a predominância dos adultos, quando o controle pode ser realizado por tratamento com carrapaticida ou a retirada manual dos carrapatos e depositados em álcool 70%. Deve-se roçar os pastos bem próximo ao solo, para que o sol possa aumentar a temperatura e diminuir a umidade no ambiente, reduzindo o tempo de vida do carrapato.
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