Infectologista cita vacina para gestantes como um dos avanços contra doenças respiratórias em bebês
Em 2023, Brasil inverte o cenário e marca avanço na imunização infantil. Em relação ao panorama nacional, Capital se destaca em cobertura vacinal de crianças. Estudo realizado pela Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) e OMS (Organização Mundial da Saúde) em 2021, classificou o Brasil no sétimo grupo dos países com mais crianças não imunizadas. Em 2023, o cenário inverte. O número de crianças que receberam dose da vacina Hepatite A contabilizou um total de 83,14% do público alvo. Em Campo Grande, a cobertura do mesmo imunizante alcançou 101,53% da população de 1 ano.
No calendário de vacinação infantil estão inseridas vacinas contra poliomelite, hepatite, febre-amarela, rotavírus, entre outros imunizantes. De acordo com estudo realizado, Brasil apresentou avanços constantes na maioria dos imunizantes do calendário. Em 2023, o número de crianças que não receberam nenhuma dose da DTP1 – vacina pentavalente que imuniza criança contra difteria, tétano, coqueluche, haemophilus, influenza tipo B e hepatite B – caiu de 710 mil em 2021 para 103 mil. Ao todo, 70,23% da população de até um ano foram imunizadas, já na Capital registrou-se a vacinação de 81,73%.
Conforme a superintende de vigilância em saúde, Veruska Lahdo, na Capital até o mês de junho de 2024 a cobertura vacinal alcançou em torno de 40 a 50% da grande maioria das vacinas para crianças menores de um ano, sendo essas as vacinas monitoradas pelo Ministério da Saúde do Programa Nacional de Imunização. A meta é atingir 95% de quase todas as vacinas até dezembro.
“Comparando o ano de 2022 com 2023, a gente realmente teve um avanço significativo. Um exemplo é a vacina Pentavalente, que no ano de 2022 estávamos com uma cobertura de 80,94, o ano de 2023 aumentou em 5%. Seguindo a tendência do Brasil de crescimento dessas coberturas vacinais, nós temos até dezembro deste ano para atingir a meta de 95% de quase todas as vacinas”, afirma.
A Capital também destaca-se na cobertura da vacina meningocócica conjugada que, de 85% foi para 87%, enquanto a tríplice viral foi de 94% para 104% de cobertura. Já BCG de 57% para 79%, conforme destacou a superintendente, justificando o resultado positivo com os diversos planos de ações realizados.
“Então nós vemos que esses pontos foram sendo atingidos de 2022 para 2023, levando e oportunizando esse acesso para toda a população. Para essa recuperação têm-se realizadas diversas ações de intensificação, estímulo e oportunização a vacinação no município de Campo Grande. Atualmente 47 Unidades de Saúde operam em horário estendido, além da abertura de Unidades de Saúde e pontos externos de vacinação (shoppings, mercados, batalhão do corpo de bombeiros, escolas)”, ressalta.
Desde 2016, o Brasil enfrentava quedas crescentes nas coberturas vacinais de vários imunizantes do calendário infantil. Para o médico infectologista e pesquisador da Fiocruz, Julio Croda, o positivo no avanço da vacinação infantil é resultado de um planejamento efetivo e um sistema de informação de qualidade por parte do governo federal
“Esse avanço de imunizados depois do período pós-pandemia se deve em parte ao esforço do governo federal em instituir um planejamento em todos os estados, uma política de micro planejamento que visa entender os locais de baixa cobertura e intensificar as ações de vacinação nessas cidades e regiões de baixa cobertura. Além disso, houve uma revisão da informação dos dados de aplicação de doses de vacina. O sistema de informação melhorou”, explica.
Doenças respiratórias
Ainda no cenário infantil, contudo, uma crise por problemas respiratórios se agravou em 2023. 153 mil internações foram constatadas no ano passado, uma média de 419 por dia, o que corresponde ao aumento de 24% em relação ao ano de 2022. É o maior número registado nos últimos 15 anos, segundo um levantamento realizado pela Observa Infância (Observatório de Saúde na Infância) apresentado pelo Instituto Fiocruz. Conforme o estudo, o frio intenso e as queimadas associadas ao clima seco, respectivamente, contribuem para deixar o sistema respiratório das crianças mais vulneráveis.Já pesquisador Julio Croda, pondera que, apesar de haver avanço em pesquisas nesse campo, é necessário ampliar a cobertura vacinal contra vírus respiratórios para combater essa alta.
“No futuro nós teremos à disposição muito em breve, além desse ano, vacina específica para vírus sincicial respiratório para a gestante e um monoclonal específico para os bebês. Outros países já implementaram essa vacina para gestante, com ela nós completamos a lista das principais vacinas que podem prevenir essas internações. Porém, é importante elevar as coberturas principalmente das vacinas que nós temos para doenças respiratórias.”
O médico afirma que houve um aumento de internações hospitalares em bebês, principalmente devido à influenza, Covid e VSR (vírus sincicial respiratório), mesmo com imunizantes disponíveis para alguns vírus.
“Para Covid e influenza nós temos vacina a partir de seis meses. E a vacina para esses vírus também é importante na gestante, porque protege o bebê até o sexto mês. E nós estamos com baixa cobertura em bebês justamente de influenza e Covid a partir do sexto mês, mas também na gestante existe baixas coberturas. Então, é importante levar as coberturas principalmente das vacinas que a gente tem para doenças respiratórias”, explica.
Por Ana Cavalcante
Confira as redes sociais do O Estado Online no Facebook e Instagram
Leia Mais
Confira a escala médica de plantão nas UPAs e CRSs nesta terça-feira (16)