Vereadores articulam compra de sensores de glicose para pacientes com diabetes tipo 1 em Campo Grande

Foto: Jeozadaque Garcia
Foto: Jeozadaque Garcia

Emenda coletiva deve garantir projeto-piloto de distribuição gratuita pela rede pública a partir de 2026

A Câmara Municipal de Campo Grande se mobiliza para viabilizar a oferta gratuita de sensores digitais de glicose para pacientes com diabetes tipo 1 na rede pública de saúde. O tema foi debatido em Audiência Pública nesta segunda-feira (10), e a expectativa é que vereadores destinem parte de suas emendas impositivas ao Orçamento de 2026 para financiar o projeto, conforme anunciou o vereador Ronilço Guerreiro (Podemos), proponente do debate.

Segundo ele, a proposta é construir uma ação coletiva entre os parlamentares. “Nós precisamos trabalhar juntos para resolver esse problema. Cada vereador vai dar um pouquinho das suas emendas impositivas para fazermos um projeto-piloto em Campo Grande, para que a prefeitura possa comprar esses sensores e repassar para as pessoas com diabetes tipo 1”, afirmou. Ronilço também é autor de um projeto de lei que prevê a obrigatoriedade da compra dos dispositivos pelo município.

O presidente da Câmara, vereador Epaminondas Neto (PSD), destacou que a iniciativa está sendo articulada para viabilizar a proposta por meio de uma emenda coletiva. “As emendas impositivas trazem a possibilidade de execução das ferramentas criadas nas leis que fazemos. O vereador Ronilço pegou um pouquinho de cada vereador e vai conseguir comprar alguns destes sensores”, disse.

Durante a audiência, pacientes e familiares relataram as dificuldades enfrentadas para o controle da glicemia e os altos custos do tratamento. O sensor custa, em média, R$ 300 e precisa ser trocado a cada 15 dias. Sem o dispositivo, é necessário furar o dedo várias vezes ao dia — podendo chegar a 300 furos por mês.

A estudante Kamila Moura, de 12 anos, que tem diabetes tipo 1 desde os 7, emocionou os presentes ao falar sobre o impacto do equipamento. “O sensor não é comodismo, é liberdade. É esperança para quem fura o dedo todos os dias”, disse. A mãe dela, Vânia Aparecida Moura, relatou as dificuldades da família para custear o aparelho. “Na escola é outra vida. Ela não precisa ficar furando o dedo. Se está brincando e o calor aumenta, eu vejo pelo celular se a glicose está caindo muito rápido”, contou.

Representando a Associação dos Diabéticos de Campo Grande, Lenine Oliveira Rocha Junior, pai de uma menina de 8 anos com diabetes tipo 1, ressaltou que o investimento nos sensores reduz os custos da saúde pública. “É um projeto que pode salvar vidas. O custo de internação é muito maior que o de um ano de sensor. Essa conta é simples de fazer e traz economia para o SUS”, afirmou.

No início da audiência, a endocrinologista Bianca Paraguassu e a nutricionista Walkiria Vieira explicaram o funcionamento dos sensores e os benefícios para o tratamento. “O sensor mede a glicose o tempo inteiro. Se o nível estiver baixo, ele alerta para que a pessoa possa agir antes de uma crise de hipoglicemia”, detalhou Bianca. Walkiria destacou que a tecnologia oferece mais segurança, especialmente a crianças e idosos, permitindo que familiares monitorem os níveis de glicose pelo celular. “O sensor salva vidas. Ele entrega confiança e dá alarmes de segurança para que possamos agir rapidamente”, afirmou.

O deputado estadual Paulo Corrêa (PSDB) participou da audiência e sinalizou que pretende levar o debate à Assembleia Legislativa, para que a proposta possa ser ampliada em nível estadual.

O diabetes tipo 1 é uma doença crônica e autoimune em que o sistema imunológico destrói as células do pâncreas responsáveis pela produção de insulina. Entre os sintomas estão sede e fome excessivas, perda de peso inexplicada, fadiga e visão turva. O tratamento exige o uso contínuo de insulina e o monitoramento constante dos níveis de glicose.

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