Soraya diz não ter briga no União e que Rose Modesto pediu para sair

Soraya Thronicke
Foto: Reprodução

A novela sobre a nova direção executiva do União Brasil, em Mato Grosso do Sul, teve, nessa segunda-feira (10), mais um capítulo. A senadora Soraya Thronicke, em entrevista à rádio “Hora”, voltou a falar sobre o fato de a deputada Rose Modesto ter informado, logo após o resultado das eleições do ano passado, sua saída do partido. A parlamentar explica que nem está disputando a direção da sigla e entende que deve haver alternância de poderes. 

Soraya acredita que há muita fofoca onde se cria uma briga que não existe e lembra que as pessoas que estão na chapa da executiva estadual são aquelas que, ao acabar a eleição, não “abandonaram o partido, continuaram”. “Não estou disputando presidência, não quero holofotes, só entendo que partido tem de ser tocado por mãos que já provaram que estão comprometidas com o dia a dia. O que eu sei é que no dia 10 de outubro de 2022 ela (Rose Modesto) divulgou uma nota com o seguinte pronunciamento: ‘aproveito para comunicar a todos que, após consultar a minha base política, tomei a decisão de sair do União Brasil, por conta do desrespeito, da falta de diálogo e de tudo isso’, sendo nós, do União Brasil, o partido que mais investiu na campanha dela, de 2022”.

Sobre o fato de ter vindo à tona a uma provável indicação de cargo no governo federal, Thronicke disse não ter indicação, mesmo porque já se colocou como oposição ao governo Lula. A senadora lembrou que, nos dois turnos da eleição, “a ex- -deputada Rose Modesto esteve aliada ao governo Bolsonaro e agora, se ela está se alinhando ao governo Lula, desejo que ela tenha sucesso”

Ainda sobre a indicação na Sudeco (Superintendência de Desenvolvimento do Centro- -Oeste), na qual o nome de Rose é cotado, Soraya explica que existe uma regra de alternância no cargo e que agora seria a vez da indicação de Mato Grosso. “Se Mato Grosso do Sul vai indicar, não tenho nada contra, se puder ser Mato Grosso do Sul é melhor pra nós. Embora a tradição das indicações não se dê desta forma”, diz.

Rose Modesto

A ex-deputada Rose Modesto disse, ao jornal O Estado, que não há briga e muito menos desavenças pessoais. O que ocorre é uma disputa pelo diretório estadual, onde ela e outras 16 pessoas foram desligadas da executiva. 

“Não tenho e ninguém tem nada pessoal com alguém. Na verdade, essa é uma ação de 17 pessoas que foram tiradas da executiva sem explicação. A Justiça local mandou voltar essa executiva, eu sou uma das 17 pessoas e nem fui eu quem ingressou com a ação. Essas pessoas querem uma eleição legítima, com transparência, data certa, bem divulgada, para que todos saibam quando, onde e que horas vai ser, para a escolha do diretório. Nada mais, não existe briga com ninguém”, pontuou Rose Modesto. Sobre o fato de ter deixado o União após as eleições, ela argumenta: “Para sair, é preciso fazer uma carta, pedindo desfiliação, eu não fiz isso”, afirmou, e disse que também não foi submetida a nenhum processo de expulsão.

União Brasil tem rebelião interna e ameaça de debandada

Sem uma definição sobre ser ou não ser governista, o União Brasil tem sido palco de uma rebelião interna de seus integrantes, que pode ter como consequência o esvaziamento da sigla. Além da divisão sobre a adesão à gestão de Luiz Inácio Lula da Silva, o partido acumula conflitos regionais, que têm como principais alvos o deputado Luciano Bivar (PE), presidente da legenda, e seu vice, o advogado Antonio Rueda. As informações são de “O Globo”. 

No caso mais recente, os seis deputados do Rio prometem pedir desfiliação, caso não sejam atendidos em seus pedidos de cargos na estrutura partidária e no governo de Cláudio Castro. Reservadamente, os envolvidos relatam até mesmo ameaças de agressão contra os dirigentes partidários. 

Segundo integrantes da sigla, ouvidos pelo “O Globo”, o desentendimento começou com a movimentação de Rueda para retirar o prefeito de Belford Roxo (RJ), Wagner dos Santos Carneiro, o Waguinho, da direção estadual do União. Ele é marido da ministra do Turismo, Daniela Carneiro, e fez campanha para Lula, enquanto o vice-presidente do União é da ala que resiste à adesão da sigla ao governo.

‘Fogo amigo’ 

Parlamentares afirmam que Rueda trabalha para filiar o deputado estadual Rodrigo Bacellar (PL), presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), para assumir o partido, no Estado. Além disso, os deputados da legenda veem tentativa do vice de emplacar o deputado estadual Márcio Canella (União), adversário político de Waguinho, como candidato do partido a prefeito de Belford Roxo. 

A gota d’água da briga, porém, foi a negociação de Bivar e Rueda com o governador do Rio para preencher cargos no Rioprevidência e no Detran. Os parlamentares reclamam que nem sequer foram consultados sobre as indicações. 

Waguinho chegou a levar reclamações a Bivar, que reagiu cortando o acesso do presidente estadual da legenda ao sistema que permite movimentar o fundo partidário. Em resposta, o prefeito diz que pode ir à Justiça para que ele e deputados do seu grupo político possam deixar a legenda sem sofrer punição por infidelidade partidária.

Alegação de fraude 

A temperatura subiu ao ponto que aliados de Rueda relataram ameaças de agressão por parte de pessoas próximas aos parlamentares. A bancada fluminense do União, na Câmara, é formada por Chiquinho Brazão, Juninho do Pneu, Marcos Soares, Murillo Gouvea, Ricardo Abrão e Dani Cunha. 

Procurados, Bivar, Rueda e Waguinho não se manifestaram. O líder do União Brasil na Câmara, Elmar Nascimento (BA), também preferiu não comentar as brigas. Segundo parlamentares ouvidos pela reportagem, ele tem atuado para evitar a debandada no partido, que tem 59 deputados, a terceira maior bancada. 

As insatisfações com a cúpula do União não se restringem à ala fluminense do partido. Fruto da fusão do PSL com o DEM, formalizada no ano passado, a sigla, que surgiu como maior potência de direita no país, acumula desavenças entre os dois grupos políticos. 

Em Pernambuco, por exemplo, Bivar, fundador do PSL, trava uma disputa com o deputado federal Mendonça Filho, que foi ministro da Educação e era um dos principais nomes do DEM. Na terça- -feira passada (4), Mendonça se lançou na disputa para presidir o diretório estadual do União, mas perdeu para o indicado por Bivar, Marcos Amaral. 

O resultado da eleição interna, contudo, foi anulada pela Justiça, após provocação do grupo de Mendonça. Entre as alegações, está uma acusação de fraude com a inscrição de diretórios municipais irregulares na disputa. 

As divergências entre alas do DEM e do PSL persistem em outros Estados, como São Paulo, por exemplo, onde os grupos do vereador Milton Leite e de Rueda disputam o controle do diretório.

Por Alberto Gonçalves – Jornal O Estado de Mato Grosso do Sul

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