Simone e Soraya ampliam caminho nacional para a política de MS

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Imagem: Reprodução/Divulgação

As senadoras Simone Tebet (MDB) e Soraya Thronicke (União) realizam um feito inédito na história da política sul-mato-grossense ao disputarem o cargo de presidente da República, e estão entre as quatro mulheres a concorrer entre os outros sete candidatos. Contra a polarização protagonizada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), as parlamentares protagonizam um feito nunca visto antes em Mato Grosso do Sul. Para o doutor em ciência política da UEMS, professor Ailton de Souza, ambas fizeram uma campanha muito propositiva e terão papéis fundamentais em caso de segundo turno.

“Cabe destacar que as duas fizeram campanha muito boa, com propostas que chamam a atenção, e sendo muito ativas nos debates. Ambas mostram potencial e isso ajuda uma futura disputa à presidência. Embora, elas demorem a entrar neste circuito de concorrência, elas vêm fazendo um bom trabalho. Falo isso porque houve uma certa demora no lançamento das candidaturas, ao passo que outros desenhos como o do presidente Bolsonaro, Lula e Ciro Gomes já vinham sendo discutidos. Elas entraram na disputa no último momento, e obviamente essas duas candidaturas têm um pouco mais de dificuldade de se tornarem conhecidas em âmbito nacional e, por isso, elas não têm números expressivos de intenções de voto. Mas mesmo assim são candidatas importantes.”

Para o professor, esse domingo (2) é um marco em que vai ser definido se o cargo ao Palácio do Planalto continua em disputa para segundo turno, dia 30 de outubro, ou se de fato acaba em primeiro turno. Ele diz que, se for considerada a projeção nacional tímida das duas candidatas de MS, há um pouco de dificuldade para elas nessa primeira disputa. “É difícil para disputarem tanto os primeiros lugares quanto para o segundo turno. Elas devem ter uma votação significativa, e até em MS, onde são mais conhecidas. E esses votos podem ajudar muito em uma segunda disputa para o cargo de presidente em eleições futuras. Para as eleições deste ano, é difícil elas conseguirem vitória, apesar de não estarmos antecipando quadros de ‘já ganhou’ ou ‘já venceu’, até porque os resultados de pesquisas são probabilidades e estimativas que podem ser confirmadas ou refutadas.”

Cenário de MS e nacional

Ele indica que a representação de Tebet e Thronicke demonstra um marco histórico na política estadual. Além disso, ambas contribuem com o cenário político do país e figuram uma intensificação do número de mulheres concorrendo ao mais alto cargo do Executivo. Este ano, as senadoras ocuparam espaços de disputa junto a Sofia Manzano, do PCB, e Vera, do PSTU. “Elas estão tendo um trabalho expressivo para aumentar o número de votos, e ficar numa colocação melhor na disputa.”

As candidatas se tornaram conhecidas em nível nacional principalmente durante a pandemia da COVID-19. O desempenho de Simone no Senado, disputa para presidente do Legislativo e atuação na CPI da Pandemia a tornaram gabaritada para o pleito. A candidata foi lançada em dezembro do ano passado como nome do MDB. Ela ganhou notoriedade após meses de articulação e foi aceita como candidata da federação PSDB/Cidadania também.

Soraya Thronicke foi eleita em 2018 com grande apelo ao presidente Jair Bolsonaro. Ela se classifica como conservadora e votou em quase toda sua atuação junto com o governo. Após o período de “união” com a gestão de Bolsonaro, a parlamentar rompeu e passou a fazer críticas duras com referência à atuação do clã Bolsonaro e de grupos de apoio ao presidente.

Após a fusão do PSL com o DEM, Soraya virou protagonista do União Brasil e ganhou a confiança do presidente nacional, Luciano Bivar. Tanto que ele a designou para realizar o papel de disputar o pleito como presidenciável, após Bivar ter se lançado como pré-candidato. Agora, Soraya realiza campanha como um contraponto a Bolsonaro. Ela defende o imposto único e segue rodando o Brasil.

Presença feminina

As mulheres estão desempenhando papéis cada vez maiores e fundamentais quando se trata de disputa eleitoral. As ocupações de espaços e dedicação à vida política estão cada vez maiores, tanto que as candidatas conquistaram ao longo da campanha apoio da ala feminina e de mulheres que por vezes não se sentem representadas.

Consultado pelo jornal O Estado, o analista político Tercio Albuquerque diz que o momento é histórico e, mesmo que elas não consigam chegar à vitória, o espaço já foi aberto para que outras entendam a importância de disputarem e pleitearem papéis na vida política. “Isso ajuda o Estado. E temos fora dessa concorrência as candidatas a governo do Estado. Então, tudo isso mostra a importância das mulheres neste tempo e que esse espaço precisa ser buscado e ocupado. Vai ser muito relevante para Mato Grosso do Sul com possibilidade de reduzir a polarização da eleição presidencial, como a gente tem acompanhado.”

Se houver um segundo turno entre os candidatos a presidente, os papéis de Simone e Soraya podem soar como fundamentais por conta das alianças. Segundo Albuquerque, os apoios posteriores de ambas vão significar muito, pela representatividade que elas têm. “Não tenho dúvidas de que farão diferença nas eleições.”

O doutor em ciência política Ailton de Souza completa a análise dizendo que, em caso de segundo turno, o MDB tende a dar apoio a Lula com probabilidade de Tebet seguir o mesmo caminho.

Quem é Simone Tebet?

Com uma carreira política extensa, Simone Tebet tem 52 anos e nasceu em Três Lagoas. Em 2002, aos 31 anos, elegeu-se deputada estadual e em 2004 foi a primeira mulher eleita prefeita de Três Lagoas e foi reeleita prefeita. Em 2011 foi vice-governadora. Em 2014, venceu a eleição para senadora. Liderou a primeira bancada feminina da história e tornou-se presidente da Comissão Mista de Combate à Violência contra a Mulher. Foi também a primeira mulher a presidir a Comissão de Constituição e Justiça, e a primeira mulher a disputar a presidência do Senado em 198 anos.

Quem é Soraya Thronicke?

A senadora Soraya Thronicke (União Brasil) nasceu em Dourados, em 1º de junho de 1973 e foi criada em Campo Grande. Ela é proprietária, junto com sua família, de uma rede de motéis em Mato Grosso do Sul. Antes de ser eleita senadora em 2018, Soraya participou de movimentos de rua que pediram o afastamento da presidente Dilma Rousseff. Foi eleita na onda bolsonarista e permaneceu inicialmente como base de apoio ao governo de Jair Bolsonaro (PL). Soraya defende pautas conservadoras e de liberalismo econômico. Ela é presidente estadual do União Brasil de MS.

Cargos eleitorais: o que faz cada candidato se eleito?

Nesse domingo (2), os eleitores vão escolher representantes para cinco diferentes cargos eleitorais: deputado estadual, deputado federal, senador, governador e presidente. O jornal O Estado traz ao leitor qual é a função de cada um deles. No total são 558 candidaturas consideradas aptas.

Deputado estadual

Os deputados estaduais atuam na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul e há 24 vagas disponíveis por conta da população do Estado. 397 candidatos disputam uma das vagas da Assembleia. São 16,54 concorrentes por vaga.

Os deputados estaduais são os responsáveis por legislar, fiscalizar e prezar por uma atuação justa do Executivo. Conforme o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) fica a cargo desses representantes estabelecer, criar, alterar e vetar as leis estaduais. Além disso, são eles que observam se há alguma irregularidade na gestão do Executivo do Estado.

O salário de um deputado estadual é de R$ 25 mil. Além disso, cada um tem direito a R$ 36 mil de Ceap (Cota para o Exercício da Atividade Parlamentar), verba destinada a custear gastos exclusivamente vinculados ao trabalho legislativo.

Deputados federais

Em MS, são oito vagas para deputados federais com 161 candidatos. A concorrência é de 20,13 por vaga.

O deputado federal tem a função de legislar sob a esfera do governo federal, em atuação no âmbito nacional, além de trazer emendas e recursos parlamentares ao Estado. Os deputados federais fiscalizam o Executivo, a atuação do presidente da República e da sua gestão.

O salário para o cargo é de R$ 33 mil. Ainda há a cota parlamentar; o deputado pode usar a verba de gabinete e contratar até 25 secretários parlamentares; há possibilidade de auxílio-moradia de R$ 4.253,00; ainda tem direito a morar em um dos 432 apartamentos funcionais; e pode receber diárias quando viaja em missão oficial nacional ou internacional.

Senadores

Em MS são seis candidatos ao Senado e concorrem a uma única vaga. Pela legislação só podem se candidatar pessoas com idade mínima de 35 anos. Cabe ao senador representar os poderes estaduais nas questões legislativas. Ao todo, são eleitos 81 senadores, sendo três de cada estado e três do Distrito Federal.

Mesmo com a presença de duas Casas Legislativas, não há hierarquia entre o Senado e a Câmara. Porém, existem diferenças, como em caso de impeachment do presidente, a Câmara autoriza o julgamento e o Senado define a sentença.

O salário de senadores é de R$ 33 mil. Senadores têm direito a ocupar um dos 72 apartamentos construídos em Brasília, ou o auxílio-moradia de R$ 5,5 mil; o senador pode usar a verba de gabinete para contratar até 11 pessoas; não há limite para despesas médicas e eles podem ser ressarcidos integralmente. O benefício alcança dependentes.

Governador

Em MS são oito candidatos a governo do Estado. O eleito a governador exerce quatro anos de mandato, podendo concorrer à reeleição. Cabe ao governador executar o orçamento estadual e administrar todas as secretarias do estado, que vão desde a educação à saúde. Ele escolhe os nomeados ao secretariado e também nomes que irão compor a gestão. O salário de governador em MS é de, em média, R$ 35 mil.

Presidente

Entre as principais atividades do cargo estão o direcionamento do planejamento do Estado, a condução das políticas públicas e a execução do orçamento, além de possuir competência legislativa, podendo propor diversos projetos de lei. A função tem ainda a prerrogativa de nomear diversos cargos de confiança ou importância para a estrutura da República.

O presidente assume a responsabilidade pela administração federal, com a criação de programas governamentais e outras atividades. O tempo de mandato para a gestão escolhida é de quatro anos, podendo concorrer à reeleição. O salário bruto é de R$ 30.934,70 mensais, com líquido no valor de R$ 23.453,43.

Para o custeio de despesas diversas, são disponibilizados cartões corporativos, cujo limite depende do orçamento público.

Conheça a ordem de votação na urna eletrônica para evitar erro

As eleições gerais deste ano possuem cinco cargos em disputa. Com isso, os eleitores e eleitoras devem estar atentos à ordem de votação, que se inicia com: deputado federal, deputado estadual, senador, governador e, por fim, presidente da República.

A escolha dos representantes políticos nas urnas eletrônicas começa pelo Poder Legislativo, com três cargos em evidência no certame: deputado federal, deputado estadual e senador. Em seguida, os eleitores e eleitoras decidirão os cargos do Poder Executivo: governador e presidente da República. Em todos os momentos, será escolhido apenas um candidato para cada cargo.

A fim de orientar e evitar erros no momento da votação, a Justiça Eleitoral disponibiliza para os eleitores e eleitoras o simulador de votação na urna eletrônica para as eleições. Nele, é possível treinar o momento na cabina de votação. É importante destacar que a quantidade de dígitos a serem digitados varia, conforme o cargo.

Horários e onde votam candidatos à Presidência e a governo

Soraya Thronicke (União Brasil)

Vota às 10 horas

Escola Municipal Professor Arassuay Gomes de Castro

Simone Tebet (MDB)

Vota às 9h

Escola Estadual Lucia Martins Coelho

André Puccinelli (MDB)

Vota às 7h30

Escola Estadual Lucia Martins Coelho

Adonis Marcos (PSOL)

Vota às 7h

E.M. Profª Elizabel Maria Gomes Salles

Capitão Contar (PRTB)

Vota às 9h

Colégio Oswaldo Tognini

Rose Modesto (União Brasil)

Vota às 10h

E.M. Profª Danda Nunes

Giselle Marques (PT)

Vota às 9h

Colégio Cristão Aliançados

Eduardo Riedel (PSDB)

Vota às 10h30

Colégio Dom Bosco

Marquinhos Trad (PSD)

Não informado até o fechamento do texto.

Por Rayani Santa Cruz – Jornal O Estado do MS.

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