Secretaria da Mulher da Câmara aciona Corregedoria após novos ataques a Marina Silva em audiência

Foto:  Lula Marques/Agência Brasil
Foto: Lula Marques/Agência Brasil

Ministra foi alvo de comparações ofensivas e comentários considerados machistas durante sessão na Comissão de Agricultura

A Secretaria da Mulher da Câmara dos Deputados anunciou que encaminhará uma representação à Corregedoria Parlamentar após a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, ser novamente alvo de ataques durante audiência pública realizada na última quarta-feira (2). O episódio ocorreu durante reunião da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural, após convocação para que a ministra prestasse esclarecimentos sobre temas da sua pasta.

Durante a audiência, o deputado Evair Vieira de Melo (PP-ES), autor do requerimento de convocação, fez comparações entre a atuação da ministra e organizações como as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e o grupo Hamas. Ele também voltou a associá-la a um câncer, repetindo fala feita em outro momento. “Um dia, eu fiz uma citação aqui comparando com um câncer. E eu pedi desculpas depois porque o câncer, muitas vezes, tem cura. E esse viés ideológico construído nesse movimento conspiratório tem se mostrado aplicado neste momento”, afirmou.

Em outro trecho da sessão, o deputado Cabo Gilberto (PL-PB) interrompeu Marina Silva pedindo que ela mantivesse a calma, após uma fala mais enfática da ministra em defesa das ações ambientais do governo. Marina rebateu a intervenção, classificando o comentário como machista, ao destacar que a mesma cobrança raramente é direcionada a homens em situações semelhantes.

A Secretaria da Mulher considerou as declarações ofensivas e incompatíveis com o decoro parlamentar. Em nota, afirmou que “a ministra foi ofendida de forma desrespeitosa e incompatível com os princípios democráticos e com o decoro parlamentar que devem nortear os trabalhos desta Casa”.

A nota ainda alerta para a escalada da violência política de gênero em todas as esferas do poder e defende resposta firme: “É urgente interromper a escalada de casos de violência política de gênero que têm ocorrido nas esferas federal, estadual e municipal com o objetivo claro de intimidar e silenciar mulheres que ocupam posições de liderança”.

O documento também critica o ambiente das audiências parlamentares, que, segundo a secretaria, têm se transformado em espaços de desrespeito e intolerância. “O parlamento brasileiro tem a função essencial de fiscalizar, debater e propor soluções para o país. Substituir esse papel pela agressão e pela polarização só contribui para enfraquecer a democracia e aprofundar a cisão social. Essa prática antidemocrática não pode ser tolerada”, conclui.

Em maio deste ano, Marina Silva já havia passado por situação semelhante em audiência no Senado. Na ocasião, foi atacada pelo senador Plínio Valério (PSDB-AM), que declarou que ela, como ministra, não merecia respeito, levando-a a deixar a sessão antes do encerramento.

 

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