Riedel defende diplomacia para reverter tarifa de Trump: “afeta diretamente empresas de MS”

Governador Eduardo Riedel traçou comentários ao ser questionado durante evento de Encontro de Líderes - Foto: Saul Schramm/Secom-MS
Governador Eduardo Riedel traçou comentários ao ser questionado durante evento de Encontro de Líderes - Foto: Saul Schramm/Secom-MS

Governador vê prejuízo à economia brasileira e defende atuação técnica para conter os efeitos

A reação do governo de Mato Grosso do Sul à tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos a produtos brasileiros veio nesta sexta-feira (11), com fala do governador Eduardo Riedel durante entrevista coletiva.
Questionado por jornalistas, Riedel avaliou que a medida, anunciada pelo presidente norte-americano Donald Trump, é negativa para os negócios do Brasil e atinge diretamente empresas instaladas no Estado.

“É muito ruim para o Brasil. Mato Grosso do Sul é afetado diretamente. Ano passado, exportamos cerca de 700 milhões de dólares aos Estados Unidos. Não é o nosso principal mercado, que é a China, com 47%, mas os Estados Unidos representam 6% e isso atinge diretamente esses empresários”, declarou o governador.

Riedel afirmou que não foi surpreendido pela decisão, já que Trump havia sinalizado ações semelhantes com outros países desde que reassumiu o mandato. “Acho que o caminho para isso é a serenidade, é o trabalho da nossa diplomacia no âmbito comercial para buscar superar [a medida]”, disse.

Para o governador, a relação comercial entre Brasil e Estados Unidos é historicamente superavitária para os norte-americanos, o que enfraquece os argumentos econômicos de Trump. “O Brasil tem saldo positivo com os Estados Unidos. Não é negativo. Então acredito que a gente vá buscar uma solução para esse impasse”, completou.

A declaração de Riedel reforça a preocupação manifestada por entidades que já haviam alertado, em reportagem publicada pelo O Estado na quinta-feira (10), para os possíveis impactos da tarifa sobre cadeias produtivas importantes em Mato Grosso do Sul, especialmente carne bovina, celulose e sebo. Juntos, os três itens somaram mais de US$ 495 milhões em exportações do Estado aos EUA em 2024, segundo a Famasul.
Lula: “Taxou aqui, a gente taxa lá”.

Também nesta sexta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se pronunciou sobre o caso e adotou um tom mais enfático. Durante evento oficial no Espírito Santo, Lula afirmou que o governo vai recorrer à diplomacia, à OMC (Organização Mundial do Comércio) e ao BRICS, mas que, caso não haja recuo por parte dos Estados Unidos, o Brasil responderá com reciprocidade.

“Vou tentar brigar em todas as esferas para que não venha taxação. Agora, se não tiver jeito, nós vamos estabelecer a reciprocidade. Taxou aqui, a gente taxa lá”, declarou Lula.

O petista também criticou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seu filho, o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro, por supostamente articularem com o governo americano a adoção da tarifa. Segundo Lula, o episódio evidencia desrespeito à soberania nacional. “Essas pessoas não sabem o que é o respeito que nós temos pelo nosso país”, afirmou.

A tarifa de 50%, que deve entrar em vigor a partir de 1º de agosto, foi justificada por Trump com base em argumentos políticos e comerciais. Na carta enviada ao presidente Lula, ele cita o julgamento de Bolsonaro pelo STF, acusa o Brasil de censurar redes sociais e afirma que o país não tem sido um parceiro justo nas relações comerciais. A decisão foi classificada por especialistas como uma retaliação ideológica e geopolítica, sem base legal na Organização Mundial do Comércio.

Por Djeneffer Cordoba

 

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