PT sugere lockdown na Capital e divide opiniões de partidos

Divulgação/CMCG
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Parlamentares comentam preocupações e falam em apoiar se for necessário

Um manifesto assinado por Partido dos Trabalhadores (PT) e Fórum Estadual Vacina para Todos, pedindo que o prefeito de Campo Grande, Marquinhos Trad (PSD), decrete lockdown (fechamento total) na Capital, dividiu opiniões entre legisladores do próprio partido proponente e outra siglas partidárias. Houve também quem concorde, mas que seja, de fato, tranca-tudo.

O documento, segundo a vereadora Camila Jara (PT), era uma consulta interna, que foi elaborada pela setorial de saúde do seu partido, porém vazou e ganhou debate entre outros representantes políticos. Ela afirma que a proposta foi debatida internamente e lá mesmo desmoronou. A parlamentar diz ser contra o lockdown no município, mas que é preciso pensar mais medidas de biossegurança para frear o avanço do coronavírus.

Camila Jara cita, por exemplo, que o município pode decretar medidas mais rígidas vetando totalmente aglomerações de pessoas, não permitir quantitativo de pessoas. Rever o funcionamento do transporte público, vetar aulas presenciais e híbridas. “O mundo ideal seria com lockdown neste momento de tantos casos e mortes, mas isto, por enquanto, é uma situação complicada porque as pessoas precisam comer e por isto estou apresentando um projeto de auxílio emergencial. Infelizmente, este debate contra o coronavírus é científico e está tomando rumos políticos”, finaliza.

Professor André (Rede) diz ser a favor de lockdown nacional ou regional, desde que seja de fato para proibir 100% a circulação de pessoas. Para socorrer os trabalhadores de baixa renda, sua sugestão é distribuição emergencial de cestas básicas. “Fazer um lockdown de verdade e não do jeito brasileiro. O vírus não circula só a noite. Tem de fechar por uns dez dias, zerar de pessoas nas ruas”, defende.

O legislador veterano Valdir Gomes (PSD) entende que as autoridades municipais e estaduais estão tentando ao máximo não chegar à medida extrema de fechar municípios. Porém, ele defende que, se a situação não melhorar, o comércio perde, mas é preciso primeiro pensar nas vidas. “No momento, tudo que for possível para salvar vidas é preciso fazer, inclusive lockdown. Já perdemos muitas pessoas queridas”, frisa.

Delei Pinheiro (PSD) é outro vereador que aguarda decisões das autoridades de saúde para se manifestar. Porém, se esta for a decisão, ele apoia. Mesma opinião tem o professor Riverton (DEM), que espera que Campo Grande ou qualquer outro município do Estado não chegue a um colapso.

O vereador Edu Miranda (Patriota) diz que o PT pode opinar sobre lockdown como qualquer outro partido ou entidade, porém, de imediato, ele entende que é preciso combater as festas que são reduto da juventude. “A gente vê que muitos jovens estão morrendo e não só os idosos. Eu perdi minha mãe e meu cunhado para a COVID e sei o quanto é doído perder alguém próximo.”

Unidades de Saúde

O presidente do Legislativo da Capital, Carlão Borges (PSB), opina que fechar a cidade é uma medida extrema, porém se nada mudar em relação ao aumento de casos este assunto pode ser discutido. Ele afirma que vereadores receberam denúncias sobre situação estrutural dos prédios de algumas Unidades de Pronto Atendimento (UPA), como falta de higienização na troca de pacientes, infiltrações nos prédios.

“Não pode tirar um paciente COVID e colocar um não COVID sem passar álcool. Os vereadores vão começar uma varredura nas unidades de saúde pra levantamento do que está acontecendo e vamos apresentar pra prefeitura, porque isto pode ser uma questão de mau gestão que pode agravar o atual quadro desta doença no nosso município”, diz.

O presidente da Comissão de Saúde da Câmara, dr. Sandro Benites (Patriota), destaca que lockdown nunca resolveu o problema do avanço do coronavírus e chega a afirmar ser impossível fazer um fechamento real da cidade. “Se adotar o lockdown tem de parar tudo: ônibus para de circular, a padaria fecha, rádio, jornal e TV tem que parar, a Câmara fecha, a coleta de lixo não ocorre. No nosso meio é humanamente impossível”, diz.

Benites, que é médico, revela que amanhã (18) vai ocorrer uma reunião da Comissão de Saúde da Câmara com representantes da prefeitura. Na pauta, cobrança de dados sobre a mudança na curva da COVID19, situação da ocupação de leitos, mortalidade, números de maneira geral. Sobre o toque de recolher às 20h, Sandro Benites diz que também não resolve, mas é uma forma de o Poder Público avisar que pode impor mais restrições, inclusive lockdown.

Ações maiores

A nova discussão de lockdown também chegou à Assembleia Legislativa. O deputado Cabo Almi (PT) diz que o que a população precisa de imediato é vacina e para todos. Ele critica a decisão do governo federal de retardar a compra de reserva de vacinas e agora o país está com milhares de mortos pela COVID-19. “Cadê os hospitais de campanha? Cadê a vacina? Por que o governo não se precaveu antes?”, questiona.

O deputado diz ser contrário, neste momento, ao fecha tudo porque prejudica muito a classe dos comerciantes e seus funcionários. “O governo foi irresponsável e agora a gente está neste caos”, critica.

Quanto ao decreto estadual de toque de recolher das 20h às 5h, que foi seguido por municípios, o vereador Juari (PSDB) diz que foi até brando. Ele disse que esteve no estado vizinho, Mato Grosso, e lá aos fins de semana nada abre e aqui ainda está autorizado a funcionar até as 16h. “Tudo até agora é para evitar o lockdown, mas se não surtir efeito é preciso ser mais rígido, novas ações”, defende.

(Texto: Eliane Ferreira)

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