Primeira metade do terceiro governo de Lula termina com oscilações, polarização e reformas

Foto: Ricardo Stuckert/PR
Foto: Ricardo Stuckert/PR

Nos dois primeiros anos do terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o Brasil vivenciou um período de oscilações na popularidade do presidente, marcado por polarizações políticas e desafios estruturais. A administração enfrentou altos e baixos em áreas como economia, política externa e segurança pública, ao mesmo tempo em que uma reforma ministerial se desenha no horizonte.

Popularidade e polarização

De acordo com levantamento da Quaest, o presidente Lula encerrou 2023 com 52% de aprovação, ligeiramente acima dos 51% registrados no início do ano. Esse índice reflete uma divisão persistente entre os brasileiros, evidenciada também por um aumento na rejeição, que passou de 43% para 47% ao longo do mesmo período. O ponto alto do governo foi em julho, após um pronunciamento sobre avanços na economia e na geração de empregos formais. Entretanto, a recuperação foi temporária, e os índices voltaram a cair no fim do ano.

A sombra de Jair Bolsonaro ainda permeia o discurso político. Segundo o cientista político Tiago Valenciano, “o PT insiste em uma narrativa polarizada, centrada na disputa com Bolsonaro, que está inelegível, sem destacar realizações próprias do governo Lula”. Essa estratégia, aliada às dificuldades econômicas enfrentadas pela população, contribui para manter o país dividido.

Economia e insatisfação popular

Apesar da queda do desemprego e do aumento no número de trabalhadores com carteira assinada, grande parte da população segue insatisfeita com a renda e o poder de compra. Pesquisa da Quaest em dezembro de 2023 revelou que 61% dos entrevistados consideram que o patamar financeiro atual está abaixo do esperado. A aprovação do governo é maior entre quem ganha até dois salários mínimos (63%), mas cai significativamente entre as faixas de renda mais altas.

Política externa

Lula colheu frutos na geopolítica internacional. A cúpula do G20 no Rio de Janeiro foi marcada por avanços como a aprovação de uma agenda para taxar os super-ricos e alianças globais contra a fome e a pobreza. Em 2023, o presidente realizou 24 viagens internacionais, mas esse número caiu para 13 em 2024 devido a um acidente em outubro que o afastou de eventos importantes. Apesar disso, analistas como Tiago Valenciano destacam que Lula manteve uma política externa proativa e alinhada com seus mandatos anteriores.

Desafios políticos e eleitorais

Nas eleições municipais de 2024, o PT enfrentou dificuldades, conquistando apenas uma capital e 251 prefeituras. Esse desempenho expõe a fragilidade da legenda em forjar lideranças além de Lula, enquanto nomes como o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, enfrentam resistências devido a derrotas eleitorais passadas e às críticas à sua atuação política.

Reforma ministerial e relações com o congresso

A iminente reforma ministerial deve acomodar aliados e trazer mudanças em pastas estratégicas como Comunicação, Saúde e Agricultura. A necessidade de integrar figuras como Rodrigo Pacheco e Arthur Lira no governo aponta para a importância de alianças no Congresso. Ao mesmo tempo, a aprovação da reforma tributária e de parte do pacote de redução de gastos demonstra avanços, embora a disputa sobre emendas parlamentares siga acirrada.

Segurança pública e embates

A segurança pública continua como um ponto de vulnerabilidade para o governo. A PEC da Segurança enfrenta resistência de governadores da oposição, que criticam o decreto presidencial que tenta regular o uso da força policial. O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, enfrenta desafios para dialogar com estados não alinhados ao PT.

Perspectivas para o futuro

Com a aproximação de 2025, o governo Lula encara o desafio de consolidar avanços e superar fragilidades. O crescimento econômico projetado pode fortalecer a imagem de Fernando Haddad como sucessor, enquanto a reforma ministerial e as alianças no Congresso serão cruciais para a estabilidade política. No entanto, a manutenção da polarização e a insatisfação popular continuarão como fatores decisivos nos próximos dois anos.

 

Com informações do SBT News

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