Prefeito Marquinhos Trad é o nome da Entrevista da Semana

‘Uma obra feita com olhar humano’

Em 18 meses de obra, o Reviva em nenhum dia ficou parado

Quando olha para trás sobre a decisão da revitalização da Rua 14 Julho, o prefeito Marquinhos Trad não duvida de que era preciso uma reforma e toda reforma causa desconforto. A beleza, a mobilidade urbana voltada ao pedestre e os traços futurísticos que marcaram a obra levam ao ressurgimento da área central de Campo Grande.

Em entrevista ao jornal O Estado, Marquinhos revela o orgulho da realização do Reviva Campo Grande e principalmente da execução da obra, que não teve escândalo de corrupção ou denúncias de desvios de recurso – algo infelizmente comum no país. A nova 14 teve investimento total de R$ 54,8 milhões. As novas calçadas, com padronização e acessibilidade, custaram R$ 2,4 milhões; sinalização (R$ 1,8 milhão); paisagismo (R$ 1,4 milhão); iluminação pública (R$ 2,4 milhões); mobiliário urbano (R$ 1,7 milhão), incluindo bicicletários, bancos, lixeiras, defensas, vasos e murais. Cerca da metade dos investimentos, R$ 27,7 milhões, foi destinada a substituições da rede de postes de energia elétrica para subterrânea. Foi uma obra feita com olhar humano, reforça o prefeito. Aos comerciantes, a prefeitura garante que não haverá aumento exorbitante do IPTU e que as demais ruas do Centro, como a Barão do Rio Branco, Dom Aquino, Calógeras e a 13 de Maio, vão passar por revitalização a partir de 2020.

Marquinhos Trad diz que a Rua 14 de Julho necessitava da revitalização e toda reforma traz desconforto

O Estado – O Reviva Campo Grande foi entregue dentro do prazo e não teve nenhum tipo de “escândalo”, e nem mesmo por um momento a obra ficou parada por falta de pagamento. Como a prefeitura lidou com que o orçamento não fosse extrapolado?
Marquinhos: Fizemos o planejamento aos olhos humanos, mas quem verdadeiramente executou a obra foi Deus. Esses pontos que você colocou de maneira extremamente instrutiva para a população são algo que até então estava em silêncio. Uma obra no Brasil entregue antes do prazo final e sem nenhum desvio financeiro é algo de se causar perplexidade no nosso país, que está acostumado a tantos escândalos e atos de corrupção. Em 18 meses de obra, o Reviva em nenhum dia ficou parado. Tudo transcorreu de maneira normal, regular e transparente. Antes do prazo exigido no contrato. Quero render homenagens ao Tribunal de Contas do Estado, por ter colocado uma comissão formada por auditores e ter acompanhado toda a obra.

O Estado – A gestão enfrentou diversas críticas em razão de paralisação do trânsito, transtorno com os maquinários em frente das lojas e fechamento de comércio. Depois de tudo isso, valeu a pena?
Marquinhos: Uma coisa é inescondível: a Rua 14 de Julho precisava de uma reforma e toda reforma causa desconforto. Se a pessoa mexer dentro da casa vai causar um desconforto. Vai ter poeira, terá telhado quebrado, azulejo mal assentado. Tudo isso é natural. Porque o ser humano é falível. Pois bem, se você olhar a Rua 14 de Julho e fizer uma comparação dos anos anteriores, quantas lojas fechavam por ano, e pegar agora quantas lojas fecharam durante a reforma, o número foi menor. Tivemos seis lojas fechadas e não fecharam por conta da reforma. Não existe uma empresa que fecha da noite para o dia, essa empresa vem ao longo do ano sendo mal administrada. Não tem casamento que termina da quarta para a quinta-feira. A obra trouxe descontentamento, mas não tinha como evitar. O que foi feito na Rua 14 de Julho não foi um trabalho apenas de maquiagem, mas se trata de uma cirurgia completa que vai até uma plástica.

O Estado – Já há uma procura de marcas e grifes para se instalar na nova 14 de Julho?
Marquinhos: Já se ouve falar em marcas de grifes nacionais e internacionais que estão buscando espaços na Rua 14 de Julho. É difícil revelarmos os nomes, porque hoje existem os tais direitos autorais. Mas a Loja Gazin já reinaugurou, a Casas Bahia está passando por profunda reforma, a Anita Calçados foi reformada completamente. Todos aqueles que têm um poderio econômico maior têm feito melhorias.

Crédito: Aurélio Miranda /PMCG

O Estado – Como será feito o reajuste do IPTU aos comerciantes agora?
Marquinhos: Não terá um reajuste diferente dos demais IPTUs, seria renúncia de receita. Vamos imaginar que a gente pudesse fazer um valor especial: o IPTU sofre variação no imóvel e não nas vendas. Agora, imagine que você tenha um imóvel na 14 de Julho, quanto valia o seu imóvel antes da reforma e quanto ele vale hoje? E o proprietário não gastou nenhum centavo com isso, todo o imóvel foi valorizado com o dinheiro da cidade. Então, você ganhou uma reforma com dinheiro da população.

O Estado – Serão adotadas ações especiais de segurança principalmente neste fim do ano?
Marquinhos: Não apenas na 14 de Julho, mas em todas as regiões da Capital. Um plano de segurança que será anunciado na segunda-feira (2), na Praça Ary Coelho, onde será instalado um contêiner com todos os dados tecnológicos, com câmeras e videomonitoramento na região central da nossa cidade. Ele atenderá não apenas o centro da cidade, mas todos que visitam ou trabalham no comércio. O Centro apenas recebe provisoriamente a população, são pessoas que vêm de bairros distintos. Quando as pessoas falam que eu estou fazendo benfeitorias somente no Centro, não é verdade. Acontece que essa verba era específica do BID para a reforma dos comércios das capitais.

O Estado – Como planeja a ocupação da área central na forma de moradia depois de não ir para a frente o projeto de habitação no antigo Hotel Campo Grande?
Marquinhos: Não foi para a frente principalmente por causa da CDL e de dois vereadores, que implicaram com o projeto. O objetivo que tínhamos com o Hotel Campo Grande era habitar o local. Os comerciantes da área central reclamam muito que depois das 18h não há movimento. Encontramos uma saída, que é o programa do governo federal chamado Retrofit, que é um recurso específico para municípios transformarem hotéis e prédios abandonados em centros das cidades em unidades habitacionais. No caso do Hotel Campo Grande, a ocupação seria destinada em 50% como locação para acadêmicos e outros 50% como moradia para pessoas que ganham três salários-mínimos e que não têm filhos. O projeto seria uma habitação voltada ao público jovem, tendo rotatividade de 2 em 2 anos, pagando aluguel ao governo federal sem nenhum custo ao município. Quando falaram que o Marquinhos transformaria o Hotel Campo Grande em um “pombal”, em um quintal de varal estendido, é porque não têm conhecimento do programa. É uma pena porque o Hotel Campo Grande está fechado há 18 anos, sem ocupação e sem uso, semelhante à antiga rodoviária. Temos um hotel parado com 115 aposentos. Por que não ser um local para universitários? É um espaço que seria transformado. Mas a prefeitura não desistirá. O Retrofit já foi aprovado em cidades como Belo Horizonte, Natal, Curitiba e São Paulo, e em Campo Grande só não foi aprovado porque criaram toda essa mística negativa.

O Estado – As obras no Centro vão se expandir em 2020? Quais ruas vão passar por revitalização?
Marquinhos: O que foi entregue na sexta-feira (29) foi a primeira etapa da revitalização do Centro. As outras vão se iniciar no começo de 2020. Não vamos parar somente na Rua 14 de Julho, nós temos já os recursos necessários do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) para revitalização das ruas Barão do Rio Branco, Dom Aquino, Calógeras e da 13 de Maio. A licitação sairá em breve, e haverá trabalho profundo igual a esse feito na 14 de Julho, que teria só a exceção das retiradas de postes e do soterramento de fios.

O Estado – Quais principais obras da Capital foram feitas com recursos próprios?
Marquinhos: Trocamos as luminárias de vapor de mercúrio por lâmpadas de LED com recurso da Cosip (Contribuição para Custeio da Iluminação Pública). Efetuamos a troca de 46 mil lâmpadas das 170 mil previstas. Os parques da cidade quase todos foram reformados ou revitalizados com recursos próprios ou da iniciativa privada. Temos como maior exemplo o Belmar Fidalgo, parceria feita com o Sicredi e a Plaenge. Conseguimos recapear diversas ruas ao longo do ano, evitando assim os serviços de tapa-buracos. Campo Grande recebeu quase 2 mil km de pavimentação asfáltica – foram ruas que estavam há mais de 25 anos sem passar uma massa asfáltica. Além das conhecidas como Artur Jorge, Pernambuco, Fernando Noronha, Euler de Azevedo, Tamandaré, Antônio Maria Coelho, Euclides da Cunha, Raul Pires Barbosa e Cônsul Assaf Trad. Vamos fazer nas avenidas Salgado Filho, Tiradentes, Progresso, na Rua da Prátia, Franklin Espíndola, João José Rosa Pires, Engenheiro Roberto Mange, 26 de Agosto, Brilhante, Calarge, Tatuí, Juruena, Santa Adélia, 2 de Março, Tietê, Bartolomeu Mitre, Visconde de Suassuna, Tabira, Alfredo Lisboa, Rio Negro, Visconde de Boa Vista, Severino Pinheiro, Diogo Álvares, São Romão, Cabo Verde e Monalisa.

O Estado – O que está se preparando para a antiga rodoviária?
Marquinhos: A prefeitura tem somente 11% do prédio da antiga rodoviária de Campo Grande, 89% são de área particular, em que não podemos mexer. O que a gestão pretende fazer é reformar o espaço e instalar a Secretaria de Defesa Social ou trazer algum atrativo cultural.

(Texto: Rafaela Alves)

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