Parlamentares incentivam: ‘queremos eleger o maior número de mulheres’

Camila Jara
Foto: Valentin Manieri/Jornal O Estado MS

Ocupação do seu espaço diariamente é uma das batalhas comentadas 

No Dia Internacional das Mulheres, parlamentares de Mato Grosso do Sul enfatizam, mais uma vez, a importância da participação feminina de forma efetiva, na política. Ocupar espaços e eleger um número maior de mulheres nas Câmaras, Assembleia, prefeituras e no governo ainda são projetos desafiadores. 

O Estado conta com poucas representantes mulheres. Na Assembleia Legislativa, as deputadas Lia Nogueira e Mara Caseiro, ambas do PSDB, foram as únicas eleitas. A Câmara de Campo Grande conta com a vereadora Luiza Ribeiro (PT) e a Câmara dos Deputados com Camila Jara (PT). Já o Senado tem a presença de Soraya Thronicke (União) e Tereza Cristina (PP). 

A deputada Lia Nogueira, que foi vereadora de Dourados, afirmou, ao jornal O Estado, que não é fácil ser mulher na política, mas nem por isso desistiu. Ela enfrentou fortemente violência de gênero, que sofreu na Casa de Leis enquanto parlamentar, venceu e conquistou o posto de deputada estadual nas eleições do ano passado. 

“Então, ser mulher nesse mundo político não é uma tarefa fácil. Assim como em outros segmentos também, nós, mulheres, todos os dias temos que provar que não basta ser capaz, ser competente. A gente tem que provar isso, todo dia.” 

A tucana afirma que, ao chegar na Assembleia Legislativa, sentiu um ambiente totalmente diferente do anterior, com acolhimento e empatia dos demais deputados. “Na Assembleia Legislativa eu encontrei uma forma de fazer política com mais sororidade e mais empatia, acolhimento, a gente percebe que o parlamento estadual tem um respeito. Os políticos homens têm respeito maior pela gente. O que, na verdade, enquanto vereadora na Câmara de Dourados, eu tive muita dificuldade, sofri violência política de gênero.” 

Lia Nogueira

Para Lia Nogueira, é fundamental que as mulheres tentem ampliar seus espaços e acreditem em si como forma de mudar os cenários em todos os setores. Para ela, quanto mais mulheres nos ambientes políticos, menor será o preconceito e desrespeito. “É um desafio e, mais do que isso, a gente poder provar para as mulheres que elas também podem. Essa violência que a gente ainda enfrenta na política, enquanto mulher, só vai mudar quando as mulheres começarem a assumir protagonismo. Entendeu? Saírem candidatas, ganhar a eleição. Quanto mais mulheres, menos preconceito”, disse. 

Ela deixou um recado neste Dia das Mulheres para as que se interessam em política e vislumbram disputar cargos, futuramente. “O ano que vem é o ano eleitoral, é hora da gente mostrar a nossa cara, né? Fazer um levante no Mato Grosso do Sul, para podermos eleger o maior número de mulheres nas câmaras e prefeituras.” 

Mara Caseiro

A presidente da CCJR (Comissão de Constituição, Justiça e Redação Final), deputada Mara Caseiro (PSDB), pontua que muitas coisas devem avançar e evoluir, mesmo com algumas conquistas. 

“A gente tem muito a avançar, muito a conquistar. Nós, mulheres que somos, aguerridas, corajosas, guerreiras e que não nos curvamos frente aos desafios. Ainda temos muitos pela frente e eu as convoco para acreditar no potencial de cada uma de nós, para que a gente possa buscar os espaços que são nossos, na sociedade.” 

“Queremos apenas ter o nosso espaço garantido e nossos direitos preservados”, finalizou Mara Caseiro.

Camila Jara

A deputada federal Camila Jara (PT) também destaca os desafios diários e os dados, que indicam poucas mulheres em cargos de chefia, nas empresas, assim como apenas 18% delas estão presentes no Congresso Nacional. 

“Ser mulher na política brasileira é uma luta diária, para nos representar enquanto enfrentamos o machismo estrutural, que tenta nos calar”. 

Jara destaca que encoraja todas as mulheres ao seu redor a participarem da política. “Precisamos de mais mulheres na política, mas temos que ir além. Quem quer ocupar espaços de representação tem que saber que não basta ser mulher, tem que ser de luta. Como representantes, nós, mulheres, precisamos nos comprometer com as pautas que passam despercebidas pelos homens. E, se você que está lendo isso agora, tem vontade de fazer parte da política, pode me chamar nas redes sociais, que eu vou ficar feliz em ajudar!”, assegura.

Vereadora

Única mulher entre os 29 vereadores de Campo Grande, a advogada Luiza Ribeiro afirma que deve haver uma transformação profunda na cultura da sociedade, que deposita muitas tarefas no cotidiano das mulheres, que se veem sem tempo hábil para atividades políticas, devido à sobrecarga de trabalho e tarefas domésticas. “O desafio da mulher na política não é local. Na verdade, o grande desafio para que a mulher entre nos espaços políticos, seja como parlamentar, chefe do executivo ou cargos de comando, como secretarias e ministérios, requer muitas transformações. Entre elas, na cultura da nossa sociedade.”

Ribeiro afirma que as mulheres jovens e maduras estão o tempo todo tomadas por uma agenda familiar excessiva, sendo responsáveis pela casa, filhos, educação das crianças, saúde e higiene da casa e dos filhos, mesmo tendo uma divisão razoável das tarefas com o companheiro. Além disso, existe o trabalho externo. A vereadora destaca o percentual de mais de 34% dos lares de Campo Grande, onde as mulheres são as chefes da família, com carga muito mais excessivas. Nisso, não sobra tempo para estarem em atividades políticas ou mesmo militar, politicamente.

“Essa mulher, que é chefe do lar, tem que trabalhar, ter renda e prover todas as necessidades, tem que administrar. E tudo isso acarreta no tempo livre dela. Ninguém alcança os espaços políticos se não estiver em atos da política. Então, a participação da mulher é um desafio cultural, onde devemos principalmente mudar ocomportamento cultural. Já temos a cota para investimento financeiro, número de vagas e apresentação de tempo. Mas, é preciso avançar para uma cultura que retire da mulher tanta carga dupla, tripla e excessivas jornadas”, finaliza.

Por Rayani Santa Cruz  – Jornal O Estado do MS.

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