Sem vereadores eleitos, um verdadeiro mal-estar se instalou entre os candidatos filiados ao PRD (Partido Renovação Democrática), antes mesmo da apuração das urnas feitas pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), em razão da distribuição dos recursos de campanha empenhados pelo diretório municipal.
O candidato Rosandro Lins, contou que foi garantido a ele, o pagamento em três parcelas para serem investidos em sua campanha. O aposentado só recebeu duas. “Eu vou no TRE (Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso do Sul) e no Ministério Público, ver o que posso fazer, pois fiquei devendo com a terceira parcela e não saiu nada”.
Ainda conforme o candidato, ele só recebeu a primeira parcela quase três semanas após o início das campanhas. “A campanha começou em agosto e só caiu a primeira parcela dia 5 de setembro. Só recebi R$ 5 mil, enquanto o chefe da maleta, o presidente Adauto pegou R$ 110 mil. Injustiça. Outros dois que são da diretoria também receberam o maior repasse”, contou.
Conforme dados da prestação de contas do PRD, o maior valor ficou com Adauto Souto (R$ 110 mil), Silvio Eduardo fico com pouco mais de R$ 23 mil. Eleandra Sertão e Letícia Tocantins receberam R$ 15 mil, com exceção do valor doado em nome da prefeita Adriane Lopes.
Pelos menos 16 candidatos receberam menos de R$ 10 mil, levando em conta que o partido é jovem, criado no final de 2022 de uma fusão do Patriota e do Partido Trabalhista Brasileiro, no entanto, reclamações foram diversas.
O maior número de votos foi para Eleandra (578), Gildo do Novas Lima News, recebeu pouco mais de R$ 8 ml, e foi o segundo mais votado (465). Adauto, presidente da Municipal, foi o terceiro mais votado (446).
O advogado Dr. Luiz Corrêa, candidato da legenda, informou que recebeu pouco mais de R$ 5 mil e disse que situação é absurda. “O presidente municipal do partido, Adauto, cometeu um abuso do cargo dele e desviou dinheiro para a campanha eleitoral dele no valor de mais de R$ 100 mil. É um absurdo, pois fui convidado a ser candidato a vereador pelo professor André Luis, uma pessoa digna, porém quando o Adauto tomou poder no partido, ele não cumpriu com as recomendações e deu um valor abaixo até de R$ 5 mil.
Segundo Luiz, o partido está indo na contramão do pregado. “É uma grande injustiça o nosso partido que se propõe a ser o Partido Renovação Democrática e estar corrompendo a doutrina e se transformando em um partido da velha política que não respeita seus filiados”.
O também candidato, Gildo do Nova Lima News, lembra que recebeu um valor baixo, mesmo estando com bons resultados nas pesquisas. “É lamentável ter o candidato recebendo praticamente 1000%. O presidente do partido pegou R$ 110 mil e gastou mais de 15 mil só com impulsionamento nas redes sociais, teve gente do partido que pegou bem menos. Poderia dividir por igual”, lembrou.
Segundo Gildo, valores demonstram discrepância. “A gente não esperava que um partido que tem quase 10 meses fosse agir assim, logo no começo da sua caminhada”.
O vereador, professor André Luis que termina seu mandato neste ano e chegou a ser pré-candidato a Prefeitura de Campo Grande, demonstrou descontentamento com a sigla. “Hoje infelizmente os partidos são milícias legais, o fundo eleitoral é para privilegiar alguns em detrimento de outros. Lamento profundamente, é uma coisa que me envergonha. É por causa disso que vou aguardar o encerramento da minha atividade parlamentar e vou mudar de partido. Isso mostra como é o nosso partido, que era para ser o Partido Renovação Democrática, mas faz o mesmo que todos os outros fazem”.
Adauto Souto
Já Adauto Souto se defendeu, afirmando que o valor recebido por ele R$ 110 mil, também ajudou outros candidatos e que a distribuição objetivou a candidatura do partido como um todo. “A respeito dos questionamentos sobre a distribuição dos recursos de campanha, é importante esclarecer que o processo foi realizado de maneira completamente legal, obedecendo rigorosamente toda a legislação vigente. Essa é uma decisão que reflete a autonomia partidária, onde a executiva nacional e a executiva estadual atuam juntas para priorizar os candidatos com maiores chances de sucesso, algo que ocorre em todos os partidos”.
Ainda segundo ele, a alocação de recursos atende os candidatos com maiores chances de eleição. “No fim, o partido trabalha para o bem coletivo, buscando fortalecer a representação na Câmara, e esse planejamento é essencial para alcançarmos os melhores resultados”.
Candidatos ainda devem protocolar uma reclamação junto ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MS).
Por Carol Chaves
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