MP aponta envolvimento de presidente da Câmara de Sidrolândia e mais um vereador

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[Texto: Daniela Lacerda, Jornal O Estado de MS]

Conversas interceptadas na investigação do Ministério Público mostram esquema de pagamentos mensais

A deflagração da Operação Tromper, que investiga fraude e corrupção em licitações públicas na Prefeitura de Sidrolândia, que resultou na prisão, dentre outras pessoas, do vereador da Capital e genro da prefeita de Sidrolândia Vanda Camilo (PP), Claudinho Serra (PSDB), apontam também para possível participação nos esquemas de desvio de dinheiro e corrupção dos vereadores: Otacir Figueiredo (PP), presidente da Casa de Leis conhecido como “Gringo”, e do vereador Izaquel de Souza Diniz, vulgo “Gabriel Auto Car”.

Segundo o PIC (Procedimento Investigatório Criminal), há dois episódios que indicam o “financiamento, pagamento e atuação indevida (compra de vereador)” do então vereador Gringo por meio da empresa Rocamora e/ou outras integrantes do esquema criminoso. Em conversas interceptadas pela investigação, no dia 14/06/2022, mesmo inexistindo conversas anteriores sobre o tema, Milton Paiva envia mensagens para Ricardo Rocamora (ambos presos), em princípio, informando o pagamento de R$ 5 mil para o vereador “Gringo”.

Já em 1º de dezembro, no mesmo dia em que o terena Otacir, foi eleito presidente da Mesa Diretora, há outra conversa entre os integrantes do suposto esquema criminoso. Desta vez, Rocamora conversa com Ueverton “Frescura” sobre Gringo passar a ser presidente da Câmara de Vereadores. Ueverton, então, responde que a vitória de Gringo seria uma jogada política, “reforçando a tese de que ‘Gringo’ possa figurar como destinatário de verbas ilegais oriundas do executivo municipal”, diz a investigação.

Ao site midiamax, o vereador negou as acusações e disse que acredita no trabalho da Justiça. Perguntado se conhecia Ricardo Rocamora, ele respondeu que só por nome devido à ligação com a Fundação Indígena. “Já tinha ouvido falar dele, mas não tenho nenhuma ligação com a Fundação Indígena”, garantiu Gringo. Vale destacar, que as investigações do MPMS apontaram que a instituição também seria usada para fraudar licitações e empenhos, como na compra de carne para uma festa indígena.

De etnia terena, Gringo é o primeiro indígena eleito vereador no primeiro mandato em 2016 e o primeiro indígena eleito presidente da Câmara dos Vereadores em 2022.

Repasses para cunhada de vereador

O Gecoc também apontou indícios de repasses mensais da Prefeitura de Sidrolândia para o vereador Izaquel de Souza Diniz, vulgo “Gabriel Auto Car”. O parlamentar foi um dos alvos de busca e apreensão da terceira fase da Operação Tromper, em 3 de abril. Em 1º de agosto de 2022, o servidor Tiago Basso envia mensagens para Claudinho Serra, então secretário de Fazenda, informando que teria assuntos para tratar sobre o vereador “Gabriel”.

Em 9 de agosto, oito dias depois, Tiago Basso conversa com um contato nomeado como “Vereador Gabriel”, identificado como o parlamentar Izaquel Diniz. Ele envia foto de um cartão bancário pertencente à cunhada, casada com o irmão do vereador, para o repasse de valores. Segundo o MPMS, essa seria uma estratégia para ocultar os repasses mensais. Na sequência, em 11 de agosto, o vereador enviou outra foto de cartão bancário da cunhada, mas desta vez pertencente a outro banco para fazer o envio de dinheiro. Nesse episódio, ele pede que Tiago agilize o pagamento.

Portanto, prints das mensagens entre os dois mostram que o parlamentar nos dias 16 e 25 do mesmo mês teria cobrado Basso sobre o pagamento. O servidor respondeu que estava para ser concretizado. O vereador responde com uma figurinha com a foto dele com a prefeita Vanda Camilo (PP), em que os dois aparecem fazendo um “joinha”. O inquérito mostra que as interações entre Tiago Basso e Izaquel Diniz continuaram, salvo exceções, sempre nos últimos dias de cada mês, “reforçando a tese de transferência de valores mensais ao integrante do Legislativo municipal”.

A investigação conclui que, “Com base nos elementos de prova coletados, conclui-se que existem fortes indícios de que Izaquel de Souza Diniz, vereador no município de Sidrolândia/MS, é/foi beneficiário de repasses de valores mensais, utilizando-se para isso dos dados bancários de sua cunhada, Izabel Silva dos Santos”.

O vereador foi o único que votou contra a abertura de CP (Comissão Processante) contra a prefeita Vanda Camilo (PP), na semana passada em Sidrolândia. O placar foi de 12 a favor e 1 contra. Mesmo tendo sido aprovada, a CP foi enterrada pelos vereadores nas sessões que se seguiram. A manobra foi comandada pelo ex-secretário municipal de Obras e atual vereador, Carlos Henrique Olindo (PSDB).

Olindo apresentou requerimento na sessão do dia 30 de abril, para sepultar a investigação proposta pelo vereador Enelvo Júnior (PRD). Votaram para livrar a prefeita Vanda Camilo (PP), da Comissão Processante: Carlos Henrique Olindo (PSDB), Claesio Lechner (PSD), Juscinei Claro Dino (PP), Joana Michalski (PSDB), Elieu da Silva Vaz (PSB), Izaqueu de Souza Diniz – Gabriel Auto Car (PSDB), Gilson Galdino (Rede), Cledinaldo Marcelino Cotócio (PSDB).

Votaram para manter a Comissão Processante contra Vanda: Enelvo Júnior (PRD), Cristina Fiúza (MDB), Adavilton Brandão (MDB), Cleyton Martins Teixeira (PSB), José Ademir Gabardo (Republicanos).

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