Moção de repúdio a Resende proposta por vereador é derrotada na Câmara Municipal

Izaias Medeiros
Izaias Medeiros

O vídeo do secretário Geraldo Resende repercutiu em nível nacional e ele recebeu dezenas de elogios pela atitude nas redes sociais. Ontem (28), o vereador Tiago Vargas (PSD) tentou emplacar moção de repúdio ao secretário durante sessão na Câmara, mas foi derrotado por 19 votos contra e 3 a favor.

Durante declaração de voto, o vereador Professor Juari (PSDB) defendeu o secretário e destacou que o respeito deve ser recíproco dentro da Casa de Leis. “Quero dizer ao vereador Tiago Vargas que ele tem de conhecer um pouco de história. Ele se diz ser formado em História, mas eu vou pedir às universidades se realmente ele tem essa formação. Ele fala em liberdade e tinha os defensores do passaporte e os contrários. O que se esperava era ter liberdade para ouvir tanto um lado quanto o outro. E isso não aconteceu.”

Juari orientou Vargas a estudar mais e trabalhar em projetos de lei ao invés de polemizar situações. Além disso, o tucano relembrou o episódio em que a Câmara aprovou moção de repúdio ao ministro da CGU (Controladoria-Geral da União), Wagner Rosário, que atacou a senadora Simone Tebet verbalmente e que teve apoio de Vargas, que endossou a fala do ministro. “Esse mesmo vereador chamou a Simone Tebet de descontrolada. Vereador perca o seu tempo com pautas positivas. O senhor conhece a história de Geraldo Resende?”, questionou.

E continuou: “O senhor fala de equilíbrio e vai para a rede social fazendo vergonha para a Casa. Não sei qual o seu gênero do teatro, se é drama, se é comédia ou se é tragédia. Eu não entendo, tem dia que o senhor chora, tem dia que o senhor faz dancinha. Perde o tempo em vez de estudar projeto de lei, vai bater no governador”.

O vereador Ayrton Araújo (PT) disse que os apoiadores de Vargas “começaram com falta de respeito às autoridades que aqui estavam. Não permitiram a liberdade e o direito da fala a quem foi usar o microfone”.

Valdir Gomes (PSD) disse que o secretário passou dos limites. “Acho que o secretário errou. Sou contra essa forma de repúdio, mas temos de tentar demonstrar que a pessoa tem de ter consciência.”

O presidente da Casa, vereador Carlos Augusto Borges, o “Carlão” (PSB), disse que prefere ficar de fora da polêmica. “Eu sempre respeitei a todos e esse tipo de debate, eu estou fora. Sou a favor do debate no campo das ideias.”

Votaram sim

Tiago Vargas justificou que o secretário “estava representando a pasta” e que não deveria ter dito a tal declaração. “Todos que estavam nessa Casa de Leis foram ofendidos. O secretário foi de uma tamanha ignorância e falta de repeito por todos.” Os vereadores Gilmar da Cruz e Betinho, do Republicanos, também votaram a favor da moção de repúdio, mas alegaram que era pelo “ato” do secretário e não pela gestão.

Deputados estaduais repercutem fala de Resende

Os deputados estaduais também discutiram sobre o tema durante sessão plenária. Coronel David lamentou a fala do secretário. “Uma fala desrespeitosa e odiosa. Minha solidariedade aos cidadãos. E quanto ao passaporte penso que o Poder Público tem de ficar distante. E se organizar para que a vacina chegue a quem quer vacinar e não estipular sobre esse direito de escolha individual. Isso sim é ditadura. Os empresários já foram muitos castigados pela COVID-19 e agora deveriam respeitá-los, para que possam ter o direito de trabalhar e atender todos seus consumidores de forma indistinta.”

Neno Razuk (PTB) disse que é favorável à vacinação, mas não à imposição do passaporte. “Isso, sim, é considerado autoritário e fascista. Acho que o secretário errou. Lamentável a arrogância, me surpreendeu. O Estado é o maior vacinador, ele tem seu mérito, mas ele precisa ir visitar os hospitais e parar de brigar com a população. Nunca poderia ter dirigido essas palavras.”

O deputado Zé Teixeira (DEM) disse que Geraldo Resende errou ao generalizar. Em contrapartida, o deputado Eduardo Rocha (MDB) pediu compreensão à exaltação na fala do secretário. “Acredito que o secretário possa ter se excedido no calor do debate, mas essa não é a personalidade dele. O MS está sempre à frente. Somos a favor de respeitar quem não queira, mas não é o calor do momento que ganhará do trabalho que ele prestou pela população.”

Barbosinha (DEM) relembrou que, por vezes, Resende chorou em público se solidarizando com as famílias que perderam entes para a COVID-19 e destacou o trabalho feito diuturnamente contra a doença. “Aquela foi a reação do ser humano, médico, várias vezes o vi chorando. Mas entendo que o Poder Público precisa intervir sim diante de graves crises, devido a supremacia do interesse público. A pessoa tem a liberdade individual de não se vacinar, mas faça igual ao presidente [Bolsonaro em Nova York], coma do lado de fora, pois para adentrar ao recinto com outras pessoas é preciso se vacinar, sim. Em uma piscina se exige o exame médico para usar”, comparou o deputado.

Os deputados Pedro Kemp (PT) e Amarildo Cruz (PT) disseram que o debate era inviável, em razão dos gritos de protesto, e que, portanto, não foi possível outra reação do secretário. “Quero parabenizar o secretário, porque ele foi afrontado o tempo todo. Sequer leram o projeto. O comércio não vai ser prejudicado. No passado, na matrícula escolar era exigido o documento de vacinação e ninguém falava que era ditadura. É isso que esse projeto está fazendo: para matricular, isso é perfeitamente possível e necessário”, disse. (Da redação)

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