O ex-presidente Michel Temer (MDB) disse não acreditar em uma influência direta de Donald Trump, presidente eleito dos Estados Unidos (EUA), sobre decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) do Brasil, em relação à inelegibilidade do também ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
“Eleito Trump nos EUA, isso vai influenciar o Judiciário daqui? Eu não acredito”, declarou Temer em entrevista exclusiva ao Jornal Folha de S.Paulo, divulgada neste quinta-feira (7). Em 2021, Temer atuou como mediador entre o então presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, e o STF.
Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro acreditam que a eleição de Trump trará vantagens ao político que responde a inquéritos da Polícia Federal.
Em outra entrevista à Folha de S.Paulo, Bolsonaro disse que vai “peticionar” o STF para ter de volta o passaporte dele – retido em operação da Polícia Federal por conta das investigações relacionadas aos ataques de 8 de Janeiro de 2022, e mantido assim sob determinação do ministro Alexandre de Moraes. Bolsonaro acredita que Moraes não irá negar um pedido de Trump. “Ele [Moraes] vai falar não para o cara mais poderoso do mundo? Eu sou ex. O cara vai arranjar uma encrenca por causa do ex?”, disse.
Michel Temer, por sua vez, destacou a postura firme do ministro Alexandre de Moraes no caso envolvendo Elon Musk, dono da rede social X (antigo Twitter) e apoiador de Donald Trump. Quando esteve na presidência do Brasil, Temer indicou Moraes para a vaga do STF.
Sobre a relação Brasil-EUA em durante o governo Trump, Temer ressaltou: “A relação que haverá não será Lula com Trump. É o presidente da República Federativa do Brasil com o presidente dos Estados Unidos, uma relação institucional”.
Temer também classificou como “brincadeira” os rumores de que poderia ser vice de Bolsonaro em 2026, caso este revertesse sua inelegibilidade. “Achei esquisitíssimo”, concluiu. O político afirmou que já saiu da vida pública.
O ex-presidente também foi questionado sobre mediar, novamente, a relação entre Bolsonaro e o STF – como fez em setembro de 2021- e, neste caso, foi bem cauteloso. “Naquele 7 de Setembro, Bolsonaro pediu meu auxílio, falei com Alexandre, combinamos uma fórmula que resultou naquele comunicado à nação. Era, na verdade, para pacificar o país, porque aquilo poderia dar num grande conflito civil”, relembrou. “Agora, eu não vou entrar, a não ser que me peçam para opinar, e isso não ocorreu”.
Em relação ao posicionamento do judiciário brasileiro sobre os presos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023, temer elogiuou o judiciário brasileiro. “Aplaudo a decisão do Supremo e, no particular, do Alexandre [de Moraes]”, afirmou Temer.
Com informações do SBT News
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