Lula e presidente do México discutem tarifas de Trump e articulam ampliação de acordos comerciais

Lula durante encontro bilateral com a presidente do México, Claudia Sheinbaum - Foto: Ricardo Stuckert/PR
Lula durante encontro bilateral com a presidente do México, Claudia Sheinbaum - Foto: Ricardo Stuckert/PR

Em meio à crise provocada pelas tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) conversou por telefone, na noite dessa quarta-feira (23), com a presidente do México, Claudia Sheinbaum. A pauta incluiu a recente taxação sobre produtos brasileiros e mexicanos, embora o tema não tenha sido mencionado na nota oficial divulgada pelo Palácio do Planalto.

No início do mês, Trump anunciou uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, válida a partir de 1º de agosto. Três dias depois, o México também foi atingido com uma taxa de 30% sobre suas exportações ao mercado norte-americano. As medidas acirraram tensões comerciais e provocaram reações tanto no campo diplomático quanto nos governos estaduais.

Segundo fontes ligadas ao governo mexicano, Sheinbaum afirmou estar empenhada em buscar um acordo com Washington para tentar reverter a decisão. Os dois países vizinhos já iniciaram reuniões bilaterais com autoridades norte-americanas. Já o Brasil ainda aguarda respostas a comunicações diplomáticas enviadas aos Estados Unidos com o mesmo objetivo.

Além da questão tarifária, Lula aproveitou a ligação para propor a ampliação do acordo comercial entre Brasil e México. A ideia é aprofundar a cooperação em áreas como indústria farmacêutica, agropecuária, etanol, biodiesel, setor aeroespacial, inovação e educação. Conforme a Presidência da República, ficou definida uma visita do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) ao México nos dias 27 e 28 de agosto, acompanhado de ministros e de uma comitiva empresarial.

Governadores anunciam medidas econômicas

Enquanto o governo federal aposta na diplomacia, estados brasileiros se antecipam com medidas emergenciais para mitigar os efeitos do “tarifaço”. Em Goiás, o governador Ronaldo Caiado (União Brasil) anunciou a criação de três fundos estaduais para socorrer empresas exportadoras afetadas. Uma das principais iniciativas é a liberação de R$ 314 milhões em créditos de ICMS.

Tarcísio de Freitas e Ronaldo Caiado  – Foto: Governo de SP/Hegon Corrêa

“Vamos continuar buscando o diálogo. Não há motivo para nossos setores serem penalizados, sempre fomos parceiros do governo americano”, disse Caiado, durante reunião com empresários.

Em São Paulo, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) anunciou uma linha de crédito de R$ 200 milhões para apoiar empreendedores prejudicados pelas tarifas.

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou nesta quarta-feira (23) que os diplomatas brasileiros têm nove dias para reverter a tarifa de 50% antes que ela entre em vigor. Ele também se reuniu com os oito senadores que viajam aos Estados Unidos na próxima segunda-feira (29) em missão oficial para dialogar com congressistas e empresários norte-americanos.

“Estamos conversando com diversos setores do governo americano. A intenção é estreitar a relação e mitigar os danos econômicos”, disse o senador Nelsinho Trad (PSD-MS), presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado.

Setores estratégicos em alerta

Durante reunião com o vice-presidente Geraldo Alckmin, representantes do setor farmacêutico demonstraram preocupação com os impactos econômicos e com uma possível suspensão de direitos de propriedade intelectual, como as patentes.

O agronegócio também está em estado de alerta. A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) destacou que, em 2024, as exportações brasileiras para os Estados Unidos somaram US$ 12 bilhões. Com as novas tarifas, os exportadores temem perda de competitividade e aumento de até 50% nos preços finais.

Reações políticas

O ex-presidente Michel Temer classificou as medidas de Trump como “injustificáveis e inadmissíveis” e reforçou a necessidade de diálogo diplomático. Ele também criticou a recente revogação de vistos de ministros do Supremo Tribunal Federal por parte do governo americano.

Com o prazo se esgotando e prejuízos à vista, o governo brasileiro busca acelerar articulações para conter os impactos da medida e preservar a relação comercial com os Estados Unidos, seu segundo maior parceiro de exportações.

 

Com informações do SBT News

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