Inquérito de ex-prefeito ainda não foi encerrado, mas deve ser enviado ao MPMS nesta semana

marquinhos
Foto: Valentin Manieri/Jornal O Estado MS

O inquérito policial que investiga o ex-prefeito da Capital Marquinhos Trad ainda será finalizado pela delegada que preside o caso, Maíra Pacheco. Segundo a autoridade policial, a expectativa é de que o documento seja encerrado e encaminhado ainda nesta semana para o Ministério Público.

Com isso, o ex-prefeito poderá ser indiciado pelos crimes de estupro consumado, importunação e assédio sexual. Marquinhos também era investigado por favorecimento à prostituição, mas as acusações desse crime não tiveram continuidade depois da última decisão judicial, do dia 5 de outubro, que determinou o trancamento do inquérito policial em relação a apenas três das vítimas.

Trad finalmente prestou depoimento na Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) sobre as acusações na última terça-feira (18), dia que encerrava o prazo para a conclusão do inquérito, que, inclusive, já tinha sido prorrogado por duas vezes pela delegada. A investigação teve início no dia 18 de julho.

Vale relembrar que Marquinhos já havia sido intimado outras duas vezes para depor, entretanto, como já era esperado, ele não compareceu na Deam, em razão do pleito eleitoral, pelo qual concorria para o cargo de governador de Mato Grosso do Sul.

Na saída da delegacia, depois de prestar depoimento que durou aproximadamente quatro horas, Marquinhos assegurou que compareceu para esclarecer os fatos porque acredita na justiça.

“Essa foi uma das maiores armações políticas institucionais e estatais que este Estado já viu. E infelizmente refletiu nas urnas e o tempo vai mostrar que foi uma verdadeira crueldade que fizeram. Logo, logo vocês vão ficar sabendo, por meio da manifestação do poder dos órgãos de controle.”

Além disso, Trad também teceu acusações a Reinaldo Azambuja e questionou a não criação de um disque denúncia contra outros políticos e possíveis escândalos sexuais.

“Tenho prints de que Reinaldo Azambuja participou de uma festa em Corumbá, que pagou R$ 2.500 a mulheres. Por que não criaram o disque denúncia da compra da cesta básica? Do caso do secretário Nelson Cintra quando violentou uma colega de vocês da imprensa? Disque denúncia do Polaco da JBS? Não criaram”, questionou.

Por fim, Trad reafirmou a sua inocência. “Das 20 acusações só restaram quatro. Houve montagens de prints que já foram comprovadas pela Justiça e arquivadas”, revelou sobre suposta armação política.

Relembre o caso

O caso envolvendo o ex-prefeito da Capital ganhou repercussão no dia 20 de julho depois que o site nacional Metrópoles noticiou que Trad estava sendo investigado por assédio sexual. Inclusive, três dias depois, o portal trouxe outra matéria com trechos de uma conversa de WhastApp entre uma das denunciantes e o ex-prefeito datada dos dias 11 e 12 de maio de 2020 e que inclusive faz parte da investigação da Polícia Civil.

Vale ressaltar que foi também ao portal Metrópoles que Marquinhos revelou que manteve relações extraconjugais, de forma consensual, fora da prefeitura, com, pelo menos, duas das denunciantes.

Já no dia 9 de agosto foi realizada uma diligência no Paço Municipal, onde foi feito o reconhecimento dos possíveis espaços onde os crimes de assédio sexual supostamente eram cometidos e foram apreendidos dois computadores da recepção do gabinete para perícia.

Marquinhos Trad e suas advogadas seguem nesses três meses de investigação com o discurso de que o inquérito policial aberto para investigar os supostos crimes contra a dignidade sexual não passa de uma armação política. Inclusive, chegou a dizer em uma entrevista ao SBT-MS, que puniria todos que estão “armando” contra ele, caso eleito.

No entanto, Marquinhos já buscou na 3ª Vara Criminal de Campo Grande o afastamento da delegada, Maíra Pacheco Machado, sob o comando do inquérito polícia. Mas sem sucesso.

Ex-servidor preso

Cabe lembrar ainda que um ex-servidor municipal está preso desde o dia 1º de setembro por coação no curso do processo, corrupção ativa de testemunhas e favorecimento à prostituição. Marquinhos negou ligação com o servidor, justificando que ele nunca foi lotado em seu gabinete e ainda que era funcionário do município como os outros 27 mil servidores.

“Em 2020 quando ele teve a primeira previsão, eu mandei e exonerei ele. De lá para cá ele nunca mais retornou”, disse.

Entretanto, a mãe do servidor também foi nomeada em julho do ano passado para trabalhar na Prefeitura de Campo Grande. Primeiro na Secretaria Municipal de Governo e Relações, segundo a edição nº 6.360 do Diário Oficial de Campo Grande, do dia 22 de julho de 2021, quando saiu a nomeação com o cargo de gestora de projeto.

E, por fim, no Diário de nº 6.376, de 5 de agosto, a servidora já foi designada pelo secretário Antônio Cézar Lacerda Alves para outro cargo, compor o Comitê de Relações Intersetoriais de Gestão Pública. Mas a nomeação da mãe do servidor não parou por aí. Na atual gestão da prefeita Adriane Lopes (Patriota), ela passou a ser lotada no seu gabinete, conforme publicação no Diário municipal do dia 20 de maio.

Por Rafaela Alves – Jornal O Estado de MS

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