Após semanas de expectativa, o Partido dos Trabalhadores (PT) se reuniu na noite desta terça-feira (26) com o Eduardo Riedel (PP) para falar sobre a saída do partido da base do Governo em Mato Grosso do Sul. O encontro com o governador, realizado a portas fechadas na Governadoria, contou com a presença de lideranças estaduais e federais da legenda e selou a ruptura política iniciada com o reposicionamento ideológico do Executivo estadual. Apesar do rompimento, o PT afirmou que manterá uma relação institucional e respeitosa com o governo.
A decisão marca o fim de uma aliança firmada em 2022 com o objetivo de derrotar a extrema-direita nas eleições estaduais, personificada na candidatura de Capitão Contar (PRTB) à época, e ocorre em meio à aproximação de Riedel com o bloco conservador, ao se filiar ao Progressistas (PP), partido que integra a base de Jair Bolsonaro.
Com a saída da base, o PT também anunciou que todos os cerca de 20 cargos de confiança ocupados por membros da legenda no governo estadual serão desocupados. Segundo o deputado estadual Pedro Kemp, os nomes que eventualmente desejarem permanecer nos cargos deverão solicitar afastamento formal do partido.
“Nós vamos ter uma relação institucional com o governo, de respeito, mas faremos nosso papel como oposição. São cerca de 20 cargos, e quem quiser ficar vai ter que pedir afastamento do PT. Se porventura algum for convidado a permanecer, terá que sair do partido”, explicou Kemp, reforçando a incompatibilidade ideológica com os rumos adotados por Riedel.
O parlamentar destacou ainda que a conversa com o governador foi tranquila e democrática. “Nosso foco agora é fortalecer a candidatura do presidente Lula à reeleição, montar uma frente ampla. Se o governador não pretende apoiar Lula, não temos como estar juntos.”
Para o ex-governador e deputado estadual Zeca do PT, a decisão foi amadurecida com responsabilidade e coerência política. Ele também ressaltou que a saída não significa ruptura institucional, mas sim o fim de uma aliança eleitoral que perdeu o sentido diante das novas alianças do governo.
“Deixamos claro ao governador que estamos saindo em função da opção dele, não nossa. Ele optou por caminhar com os mesmos que nós derrotamos juntos em 2022. Nós temos um projeto nacional com Lula, e vamos montá-lo aqui”, afirmou.
Zeca destacou o trabalho realizado pelos petistas na gestão de Riedel, em especial à frente da Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural), apontando avanços significativos no apoio à agricultura familiar.
“Quando assumimos a Agraer, havia cerca de 2 mil famílias com carteira da agricultura familiar. Hoje são 30 mil. Isso possibilitou acesso ao PRONAF, com contratos que passaram de R$ 250 milhões em 2022/2023 para quase R$ 600 milhões agora”, detalhou.
Ainda segundo ele, os cargos estão à disposição do governador, que se comprometeu a conversar individualmente com os ocupantes para definir os próximos passos.
Brunna Paula