Em meio as comemorações do dia nacional da liberdade de imprensa nesta quarta-feira (7), ativistas do jornalismo no Brasil destacam a importância da liberdade de imprensa como uma garantia fundamental para a sociedade. Katia Brermbatti, presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), e Regina Pimenta, vice-presidente da associação brasileira de imprensa (ABI), ressaltam que a ausência de pressões, censura ou restrições é uma conquista que vai além dos interesses dos profissionais de mídia, impactando diretamente em uma sociedade mais justa.
Segundo a professora Katia Brembatti, a liberdade de imprensa não se limita a beneficiar apenas os jornalistas, mas é um direito humano e essencial para o acesso à informação. Ela enfatiza que, quando as pessoas estão bem informadas, tem acesso a informações que seriam inacessíveis em um cenário sem liberdade. Brembatti alerta para os momentos em que o país enfrentou restrições a liberdade de imprensa, destacando que qualquer tentativa de golpe ou violação dos direitos começa com o controle da informação.
Regina Pimenta, representante da ABI, destaca que um país que respeita a liberdade de imprensa também respeita os direitos humanos e seus cidadãos. Para ela, o livre exercício do jornalismo é fundamental para preservar e compartilhar o conhecimento, capacitando a sociedade a lutar por seus direitos.
Violência contra jornalistas
Uma pesquisa realizada pela Repórteres Sem Fronteiras, relatou a violência contra a imprensa registrada entre 2003 e 2022. O relatório expôs os 15 países mais perigosos para quem trabalha com jornalismo e o Brasil se destacou em aparecer entre os 1o países onde houve mais mortes de jornalistas, ocupando a 9.º no ranking.
As mortes registradas no gráfico, mostram dados referentes as duas ultimas décadas, sendo os 15 primeiros países totalizarem 80% das mortes por jornalistas. Os dois primeiros países são o Iraque e a Síria contabilizando 578 mortes de jornalistas nos últimos 20 anos.
No ano de 2022 Pelo menos 67 jornalistas e trabalhadores da mídia foram assassinados durante o ano – o número mais alto desde 2018 e um aumento de quase 50% em relação a 2021, constatou o Comitê para Proteção de Jornalistas (CPJ).
No dia internacional da liberdade de imprensa, a ONG Repórteres Sem Fronteiras, divulgou que o Brasil subiu 18 posições no ranking de liberdade de imprensa, após a saída de Jair Bolsonaro do governo. As entidades destacam que o novo governo federal sinalizou uma postura de combate à violência contra profissionais da informação, como a criação de um observatório dedicado a monitorara essas violações.
No entanto, as entidades ressaltam que ainda há um longo caminho a percorrer, uma vez que agressões físicas continuam ocorrendo tanto em grandes cidades quanto em áreas remotas. Além disso, a chamada “Censura Judicial“, que busca intimidar os profissionais de imprensa mediante a processos judicias para retirar reportagens ou impedir a reprodução de conteúdo, também é uma preocupação constante.
Diante desses desafios, as entidades defendem a necessidade de um ambiente propício para o exercício livre do jornalismo e esperam que o Brasil possa alcançar o mesmo patamar de respeito à imprensa observado em países desenvolvidos. No entanto, é preciso enfrentar as violências físicas e as formas veladas de censura que ainda persistem no cenário atual.
História
A criação do Dia Nacional da Liberdade de Imprensa no Brasil está associada a um importante manifesto que exigia o fim da censura imposta pela ditadura militar. Em 1977, durante um período de repressão política e controle da informação, um grupo de jornalistas, escritores e intelectuais se uniu para lutar pela liberdade de expressão e pela garantia do direito à informação no país.
Esse grupo, composto por nomes como Millôr Fernandes, Otto Lara Resende, Zuenir Ventura, entre outros, lançou o manifesto conhecido como “Carta de Igatu”. Nesse documento, eles denunciaram a censura e reafirmaram a importância da liberdade de imprensa como um direito fundamental da sociedade.
A “Carta de Igatu” foi publicada no jornal “O Estado de S. Paulo” em 7 de junho de 1977, e se tornou um marco na luta contra a censura e a favor da liberdade de expressão no Brasil. O texto defendia o direito dos jornalistas de informar livremente, sem interferências governamentais, e conclamava a sociedade a se posicionar contra a repressão e a favor da democracia.
Em reconhecimento a esse importante acontecimento, o Dia Nacional da Liberdade de Imprensa foi instituído em 7 de junho. A data serve como um momento para refletir sobre a importância da liberdade de imprensa na sociedade democrática e reafirmar o compromisso de garantir o direito à informação e a liberdade de expressão no Brasil.
Desde então, o Dia Nacional da Liberdade de Imprensa tem sido comemorado anualmente, sendo uma oportunidade para promover debates, discussões e ações que visam proteger e fortalecer a liberdade de imprensa no país. É um dia para valorizar o trabalho dos jornalistas e reafirmar a importância de uma imprensa livre, independente e responsável na construção de uma sociedade mais justa e democrática.
Com informações da Agência Brasil
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