CPMI dos Atos será instalada e oposição mira ainda a do MST

Câmara Federal
Foto: Divulgação/Câmara Federal

A Comissão Mista Parlamentar de Inquérito (CPMI), criada para investigar os atos antidemocráticos de 8 de janeiro, vai ser instalada na quinta-feira (25), às 9h. Na ocasião, também será eleito o presidente do colegiado, que reunirá 32 parlamentares titulares, sendo 16 senadores e 16 deputados, com igual número de suplentes.

A CPMI do 8 de janeiro terá 180 dias para investigar os atos de ação e omissão ocorridos nas sedes dos Três Poderes e que culminaram na prisão de mais de 300 pessoas, entre eles, do ex-secretário de segurança pública do Distrito Federal, Anderson Torres. A reunião de instalação deve ser presidida pelo senador Otto Alencar (PSD-BA), parlamentar de maior idade entre os integrantes.

Até a sexta-feira (19), já haviam sido indicados os nomes de 10 senadores e 15 deputados titulares. Depois de eleito, o presidente da CMPI escolherá o relator.

A CPMI de 8 de janeiro envolve a Câmara e o Senado. No entanto, na Câmara federal já existem outras CPIs instaladas, como das Apostas, Americanas e a mais emblemática, na qual a oposição tem aposta para tentar desestabilizar o Governo Lula: a do MST.

Oposição

O deputado Rodolfo Nogueira (PL), um dos oposicionistas de Mato Grosso do Sul, se posicionou a respeito das comissões. Nogueira é membro suplente da CPI do MST.

“A oposição está empenhada em trabalhar contra as arbitrariedades desse governo, principalmente em relação às invasões de terras, que têm trazido muita insegurança para o produtor rural. Já convocamos dois líderes desses movimentos de invasores, o Stédile e o Zé Rainha. Vamos investigar quem está por trás desses movimentos criminosos. Quem está incentivando? Quem está financiando? Sabemos que o governo federal faz apologia a essas invasões. Stédile chegou a ir para a China, na comitiva do Lula. Precisamos lembrar que a propriedade privada é direito constitucional e é tipificação de crime a invasão de propriedade privada, está no Código Penal, portanto, é crime, não somente invasão, como os de destruição de patrimônio, de plantações, animais que são mortos, enfim, crime de terrorismo psicológico junto ao produtor rural”, esclarece Rodolfo Nogueira.

Outro deputado federal do Estado, da oposição, Marcos Pollon (PL), também se posicionou e deixou claro que aposta nas duas investigações e comenta sobre quem deverá ser convocado para prestar esclarecimentos.

“Em relação à CPMI dos Atos, do dia 8, acreditamos no trabalho dos membros da oposição, embora o governo tenha cooptado boa parte dos integrantes da CPMI por meio de uma manobra que eles se utilizaram, cerceando o direito de a minoria participar. Nós acreditamos no potencial dos nossos correligionários, vamos ter nomes lá, como o do Eduardo Bolsonaro, o do André Fernandes, o do Nikolas e acredito muito no trabalho deles”, disse.

Sobre a possibilidade de ter esfriado a CPMI de 8 de janeiro, ele garante que não ocorreu. “Não esfriou, não. Ela está seguindo. Um procedimento foi instaurado, os nomes foram indicados e, em breve, começam as reuniões dos trabalhos. Creio que na CPMI serão convocadas as pessoas do governo que supostamente podem ter colaborado com o delito. E algumas das pessoas que foram presas indevidamente”, afirmou Pollon.

Em relação à CPI do MST, que foi instalada na Câmara, Pollon acredita que ela poderá desarticular o movimento.

“Na verdade, a intenção da CPI do MST é desarticular a quadrilha, desmontar esse grupo criminoso que se formou no Brasil há anos e que, aparentemente, tem o apoio do governo federal. Isso é muito grave, mas o desgoverno do Lula já está desestabilizado. Ele não tem apresentado nenhuma pauta propositiva, só perspectiva de vingança de alguns setores, inclusive do agronegócio”, desabafou e foi mais além, sobre o presidente Lula.

“Acreditamos que, mais dia, menos dia vai acontecer um impeachment, porque a forma que ele tem tratado o Congresso, com truculência e sua falta de responsabilidade com a economia, não tem outro destino, que não a interrupção desse governo.”

Base do governo

Quanto à base do governo Lula, o deputado Vander Loubet (PT) comentou sobre a CPI do MST e lembrou que não é a primeira investigação instalada no Congresso.

“Essa já vai ser a quinta CPI que pretende investigar o MST. Nas outras quatro, não acharam nada e nesta não vai ser diferente. Isso são os bolsonaristas jogando para sua plateia e tentando achar espaço para se promover. É uma CPI que não tem razão de existir, não tem fato determinado. O PT – que vai contar com a nossa deputada Camila, na Comissão – vai trabalhar para mostrar a verdade: que o MST é um movimento social legítimo, que luta pela democratização do acesso à terra e que contribui diretamente com o povo brasileiro, produzindo uma variedade de alimentos saudáveis, sendo, inclusive, o maior produtor de arroz orgânico da América Latina”, comentou Vander.

Já a deputada Camila Jara acredita que a investigação vai mostrar uma realidade do movimento social em defesa da agricultura familiar.

“Mesmo sabendo que a CPI do MST só foi instalada como uma tentativa de tirar o foco das discussões que o Brasil realmente precisa, assumimos o compromisso de defender o movimento que mais contribui com a segurança alimentar do país e vamos aproveitar para apresentar dados e divulgar a verdade sobre a agricultura familiar, que produz alimento sem veneno e ainda ajuda a conservar a natureza”, diz Camila Jara. (Com Agência Senado)

Por Alberto Gonçalves – Jornal O Estado de Mato Grosso do Sul.

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