China critica tarifas dos EUA sobre exportações brasileiras e defende aliança com Brics e América Latina

Xi Jinping e Lula -Foto: Ricardo Stuckert
Xi Jinping e Lula -Foto: Ricardo Stuckert

A tensão comercial entre Brasil e Estados Unidos ganhou novos contornos nessa segunda-feira (28), após a China se posicionar contra as tarifas de 50% anunciadas pelo governo de Donald Trump sobre produtos brasileiros. O gesto chinês reforça a movimentação internacional em defesa do comércio multilateral e fortalece os laços entre países emergentes diante do avanço do protecionismo norte-americano.

Em pronunciamento oficial, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Guo Jiakun, afirmou que Pequim está disposta a trabalhar ao lado do Brasil e de outros países dos Brics, bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, atualmente ampliado para 11 integrantes, além de nações da América Latina, para proteger o sistema multilateral de comércio e garantir a justiça nas relações internacionais.

Brasil mira fortalecimento dos Brics e novos mercados

A resposta brasileira também não tardou. Em entrevista ao Financial Times, o assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, Celso Amorim, afirmou que o Brasil pretende reforçar sua aliança com os Brics como resposta à medida adotada pelos EUA.

Amorim ainda criticou a postura de Washington ao insinuar interferência em assuntos internos do Brasil, como o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro. “Não há precedentes nem nos tempos coloniais para esse tipo de interferência”, afirmou o assessor, em tom de indignação.

Segundo Amorim, a estratégia agora é acelerar a diversificação das exportações brasileiras, com foco em novas parcerias na Europa, na Ásia, na América do Sul e entre os próprios Brics. Atualmente, os 11 países que integram o grupo representam mais de 40% da economia global.

China é parceiro vital, mas sem exclusividade

Embora a China seja hoje o principal parceiro comercial do Brasil, foram mais de US$ 94 bilhões em exportações em 2024, o governo brasileiro negou qualquer intenção de favorecer Pequim em detrimento de Washington. A ideia é manter uma postura pragmática, que permita ao país ampliar mercados e evitar dependências.

O ex-secretário de Comércio Exterior, Welber Barral, destacou que o Brasil deve evitar um novo ciclo de concentração de exportações em um único destino. “O Brasil não precisa ficar mais dependente da China. Existem vários mercados promissores na Ásia, com população crescente e poder aquisitivo em alta. O caminho é abrir mercados, não centralizar”, defendeu.

Barral também lembrou que, nas últimas duas décadas, o Brasil reduziu significativamente sua dependência dos EUA. “Há 20 anos, 25% das exportações brasileiras iam para os Estados Unidos. Hoje, são apenas 12%. Isso mostra que a diversificação é possível e precisa continuar, mesmo sendo um processo lento e complexo.”

Contexto geopolítico e impacto nas exportações

As tarifas impostas por Trump têm gerado preocupação entre produtores brasileiros, sobretudo do agronegócio e da indústria de base, setores com grande presença nos mercados norte-americanos. A medida faz parte da nova estratégia protecionista do ex-presidente dos EUA, que voltou a adotar retórica agressiva contra países emergentes em sua campanha eleitoral.

O governo brasileiro já iniciou articulações diplomáticas, inclusive com apoio do setor privado norte-americano, para pressionar por uma eventual suspensão ou adiamento da entrada em vigor das tarifas, prevista para o dia 1º de agosto.

Em meio a esse cenário, cresce a importância de uma diplomacia equilibrada, capaz de dialogar com potências como Estados Unidos e China, sem se submeter a disputas geopolíticas. Para analistas, o Brasil tem a oportunidade de se consolidar como ator estratégico, com capacidade de articulação global e liderança entre os países em desenvolvimento.

 

Com informações do SBT News

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