Simone Tebet diz que candidatura é mais necessidade do que vontade
A maior bancada do Senado é do MDB, com 13 parlamentares e deve chegar a 14 com pretensão de ter até 16 e ser a maior da Casa de Leis. Mas, não é o suficiente para a senadora Simone Tebet ser eleita a primeira mulher presidente nos quase 200 anos da Casa.
Ela precisa ganhar maioria dos votos dos senadores para que não aconteça o racha no partido que terminou com a eleição do democrata David Alcolumbre. Ela garante que 2021 será diferente de dois anos atrás, pois quem tiver mais votos fora da legenda terá o apoio de todos da bancada.
Nos bastidores, a maior resistência em continuar dividindo o MDB é de Eduardo Braga. Ele ainda insiste na candidatura, ao que tudo indica Fernando Bezerra e Eduardo Gomes já não estão concorrendo. Há até a possibilidade de ”fogo amigo” se realmente o PSD entrar na disputa com o senador Nelsinho Trad. O PSD é a segunda maior bancada com 11 parlamentares, seguido do Podemos com 10. Mas, os 81 senadores trabalharam durante dois séculos com a proporcionalidade e até a data da eleição ”início de fevereiro” tudo será resolvido.
”Há uma tradição. Quando a tradição se quebra as coisas se desestruturam. Diferentemente da Câmara, o Senado tem proporcionalidade. Lá são mais de 500 e o governo não dá conta de negociar com todos. No Senado somos 81. A proporcionalidade é importante, porque quando você tem a maior bancada lançando cabeça de chapa, o segundo maior cargo é para a segunda maior bancada e o terceiro maior cargo é para a terceira maior bancada. Nas comissões a mesma coisa. Quando você segue esta regra você evita que o presidente do Senado ou um governo queira assediar parlamentares com cargos nos ministérios e recursos para poder comandar o processo de sucessão. Com a regra da proporcionalidade não tem como. O Nelsinho sabiamente tem esta visão e entende, no momento, a importância que tem esta estabilidade do Senado e defende a proporcionalidade. Agora virá mais um senador e seremos 14”, revelou.
”O jogo começa a ser jogado realmente no dia 4”, afirma a senadora dizendo que sua candidatura é mais por necessidade e menos por vontade. ”É importante a gente voltar a ter a boa política como referência e o Senado Federal voltar a ser uma Casa independente, que pense antes de tudo no país, uma Casa de equilíbrio e moderação, que ajude obviamente o governo nas pautas estruturantes, mas que tenha a responsabilidade de apontar outros caminhos. Minha candidatura é nesta direção. Minha vantagem é que quem tiver mais votos fora da bancada já terá o apoio dos 14 da bancada do MDB”, pontuou.
Simone aponta dois episódios que a destacam em seu enfrentamento de diversidade e desafios. Ter concorrido contra Renan Calheiros e a presidência da CCJ. ”Eu fui presidida pelos colegas porque todos participaram e nunca neguei voz para ninguém. É um perfil equilibrado de consenso que eles sabem que vou levar para a presidência do Senado. Se eu viro presidente, eles sabem que meu papel é ser liderada pelo plenário que é soberano. O próprio governo sabe que se apresentar qualquer proposta é obrigação do presidente do Senado pautar e tudo será feito pelo plenário. Da minha parte não terá toma lá dá cá. Não vai haver dificuldade de governabilidade com responsabilidade. Eu não vou ficar segurando processo para negociar o que quer que seja. O Brasil precisa andar e tem pressa em todos os setores”, explicou.
Para Simone, entre as prioridades das pautas ter políticas públicas voltadas para acabar com qualquer tipo de discriminação na agenda nacional é fundamental, principalmente a questão da violência contra a mulher que precisa de vozes mais ativas. ”Além disso, as portas se abrem mais fácil para obras estruturantes em Mato Grosso do Sul como duplicação de rodovias e reavivamento de ferrovias colocando no centro da política Brasileira nosso Estado”, visualizou. Veja mais.
(Texto: Rafael Belo)