A Câmara Municipal de Campo Grande reuniu, nesta quarta-feira (08), ativistas e autoridades para discutir a situação do patrimônio histórico e cultural da Capital. O debate foi convocado pela Comissão Permanente de Cultura, composta pelos vereadores Ronilço Guerreiro (presidente), Júnior Coringa (vice), Beto Avelar, Professor Juari e Gilmar da Cruz.
O debate teve o intuito de encontrar uma saída para o abandono de prédios como a Rotunda, Centro de Belas Artes, Teatro José Octávio Guizzo (localizado no Paço Municipal), Calçadão da Barão, Orla Ferroviária, Horto Florestal, Estação do Trem do Pantanal, entre outros monumentos de Campo Grande.
“Valorizar o passado, viver o presente e projetar o futuro. Não precisamos pensar em prédios novos se não cuidarmos dos antigos. É triste ver o que aconteceu ali na própria Esplanada. Temos a Rotunda e vários prefeitos já fizeram projetos. Mas projetos que pararam. Nós, vereadores, representamos o povo. Legislamos, fiscalizamos e cobramos, mas cabe ao Executivo ter uma política de preservação e executar”, disse Guerreiro, proponente do debate.
Guerreiro ainda destacou a importância do debate. “O tempo vai passando, projetos de revitalização vão surgindo, mas infelizmente nada de concreto é feito. O Teatro do Paço, por exemplo, tem obras em andamento, mas está demorando muito para ser entregue à comunidade, já a Rotunda passou recentemente por uma nova destruição com a chuva do fim de semana quando caiu parte do teto. É preciso pensar em uma rápida resolução”, comentou Ronilço, que preside a Comissão de Cultura da Câmara.
“O Horto Florestal é um espaço da cidade. Temos uma biblioteca que deveria atender as escolas e, infelizmente, está abandonada. Sei que é um espaço para aquela população que ainda gostaria de estar caminhando e brincando com a família. Temos patrimônios com mais de 100 anos que estão abandonados. Temos que preservar nosso patrimônio e criar uma cultura de pertencimento, ou iremos semear em espinheiro”, analisou a presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul, Maria Madalena Dib Mereb Greco.
Para o vice-presidente do Conselho de Patrimônio Histórico e Cultural da Capital, Roberto Figueiredo, é preciso união para evitar a destruição do patrimônio. “Depois que destrói, acabou. Em nome do Conselho, estamos à disposição da Câmara para, sempre, estarmos juntos para a preservação desse patrimônio”, afirmou.
A presidente do Fórum de Cultura de Campo Grande, Romilda Pizani, afirmou que é preciso difundir o patrimônio entre a população. “Precisamos contribuir para que essa sociedade conheça o espaço que habita e sua história. A partir disso, fazer com que ela se comprometa. Vemos hoje a fragilidade em relação a essa relação dos nossos jovens com o patrimônio”, defendeu.
Já o superintendente do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), João Henrique dos Santos, defendeu a necessidade de se elencar prioridades. “Precisamos elencar prioridades. Quais são as prioridades do município relacionadas ao patrimônio cultural? Temos inúmeros problemas, que precisamos resolver um a um. E como qualquer tipo de planejamento, precisamos elencar prioridades. Não temos recursos para tudo, qual será nosso plano de ação?”, questionou.
Em sua fala, o vereador Prof. André Luís afirmou que falta gestão. “Precisamos trabalhar sério gestão pública. Temos que ter um gestor de processos, que vai acompanhar do começo ao fim. A gente não sabe o que acontece e as coisas param no meio do caminho. Não tem um responsável para responder pelas coisas. E o que vemos na cultura, é replicado em outras áreas. Falta gestão”, disse.
Opinião parecida tem a vereadora Luiza Ribeiro. “A cidade tem uma gestão que não olha para o que é interesse público. Essa audiência é, também, para pensar em termos na administração quem tem compromisso com a conservação daquilo que é importante para todos nós”, sugeriu.
Texto de Jeozadaque Garcia, Câmara Municipal de Campo Grande
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