Brasil negocia lentamente e pede dinheiro na COP-25

Em Madrid, na Espanha, o Brasil está bloqueando as negociações da COP-25, a conferência do clima da ONU, mas, em vez de destravá-las negociando questões técnicas do Acordo de Paris que visa frear as mudanças climáticas, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, tem usado as reuniões bilaterais para pedir dinheiro ao Brasil.

Não é só o Brasil que tem mostrado pouca flexibilidade com suas posições. As negociações seguem emperradas desde o início da semana. A conferência acabou nesta sexta (13), mas a agenda está programada para se estender ao longo do sábado.

Relatos de delegações de países desenvolvidos que tiveram reuniões bilaterais com Salles nos últimos dias confirmam o pedido de dinheiro como contrapartida para que o país abra mão da sua posição isolada que impede a conclusão do mecanismo do mercado de carbono, que é basicamente o comércio do direito de emitir gases do efeito estufa.

Uma das propostas do Brasil seria a oferta para que um país comprasse os créditos de carbono que não foram vendidos no mercado de carbono do Protocolo de Kyoto, o antigo acordo climático assinado em 1997. Outra, que beneficiaria outros países além do Brasil, envolveria a criação de um fundo de remuneração pelos créditos gerados em Kyoto, caso eles não sejam mais válidos para serem vendidos no mercado do Acordo de Paris.

Executivos brasileiros dos setores florestal e de hidrelétricas acompanham a COP-25 e influenciam a posição do Brasil em outro item das negociações: a defesa de que os créditos antigos de Kyoto continuem valendo sob o Acordo de Paris.

O Brasil é o único país a defender que os governos não devem ajustar suas metas nacionais de redução de emissões, descontando da prestação de contas nacional os créditos de carbono que forem vendidos a outros países.

Por argumentar que os ajustes nas metas nacionais não seriam necessários, o Brasil é acusado por outros países de permitir uma contagem dupla de emissões, quando é contabilizada pelo país que a realizou e pelo que comprou o crédito relativo a ela.

Isso porque, com um mercado de carbono funcionando, o setor privado e as ONGs poderão vender a outros países os créditos das suas ações climáticas que ajudam a reduzir as emissões de gases que causam o efeito estufa.

Mercado de Carbono

No Acordo de Paris, que tem como objetivo frear as mudanças climáticas, ficou decidido que países, empresas ou ONGs que tenham ultrapassado suas metas de redução de emissão de gases-estufa ou feito ações para capturar esses gases da atmosfera podem vender os chamados créditos de carbono. (João Fernandes com Folhapress)

 

 

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