O Brasil iniciou nessa quarta-feira (1º) sua quarta presidência rotativa do Brics, grupo formado atualmente por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, em meio a um momento histórico de expansão do bloco. Em 2025, o Brics terá ao menos nove novos integrantes, ampliando sua relevância no cenário global.
Sob o lema “Fortalecendo a Cooperação do Sul Global para uma Governança mais Inclusiva e Sustentável”, o Brasil enfrentará desafios estratégicos, como a integração dos novos membros e a continuidade do sistema de pagamentos em moedas locais no comércio entre os países, alternativa ao dólar.
A Rússia, que presidiu o bloco em 2024, confirmou a adesão de Cuba, Bolívia, Indonésia, Bielorrússia, Cazaquistão, Malásia, Tailândia, Uganda e Uzbequistão. Outros países, como Nigéria, Turquia, Argélia e Vietnã, também podem se juntar ao Brics.
No último ano, o bloco já havia recebido cinco novos membros efetivos: Irã, Emirados Árabes Unidos, Egito, Etiópia e Arábia Saudita. Com isso, o grupo agora representa mais de 40% da população global e 37% do PIB mundial, superando o G7 em peso econômico.
O professor de direito internacional Paulo Borba Casella, da USP, destacou a importância de criar uma dinâmica eficiente para o Brics expandido. “Será preciso ver como o Brasil consegue ajudar a operar o bloco em sua nova configuração, com mais de dez estados membros e novos estados associados”, afirmou.
A presidência brasileira busca consolidar avanços, como as negociações em moedas locais e a ampliação da representatividade de países da Ásia, África e América Latina em órgãos como o Conselho de Segurança da ONU e instituições financeiras internacionais, como o FMI e o Banco Mundial.
A professora Maria Elena Rodríguez, da PUC-RJ, reforçou que a liderança do Brasil ocorre em um momento de maior consolidação do Brics. “Diferentemente de 2019, quando a presidência brasileira foi apática, agora é fundamental que o Brasil apresente propostas concretas para fortalecer sua posição e a do continente latino-americano no bloco.”
A iniciativa do Brics de substituir o dólar por moedas locais atraiu críticas do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, que ameaçou aumentar tarifas sobre produtos de países que adotarem a medida. No entanto, especialistas como Casella consideram as ameaças inviáveis.
“Trump joga para o eleitorado interno, mas impor tarifas a todos os países do Brics é inviável e prejudicaria a economia dos EUA. Fóruns como o Brics são essenciais para contrapor discursos mesquinhos no cenário internacional”, avaliou Casella.
O Brics tem se consolidado como uma plataforma alternativa para países que buscam maior autonomia em relação à ordem internacional liderada pelos EUA e dominada pelo dólar. A expansão do bloco reflete essa insatisfação e reforça sua posição como peça-chave no equilíbrio global.
Além de fortalecer a cooperação entre seus membros, o Brics busca uma governança global mais inclusiva, ampliando a participação de economias emergentes e do Sul Global em decisões internacionais. O desafio agora é traduzir esse potencial em ações concretas durante a liderança brasileira.
Com informações da Agência Brasil
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