O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) telefonou nesta terça-feira (24) para o dirigente da China, Xi Jinping, num esforço para aparar arestas de uma crise diplomática com o país causada por declarações do seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).
Na quarta-feira passada (18), Eduardo comparou a atual crise ao acidente nuclear de Tchernóbil, na Ucrânia, em 1986, culpando a China pela pandemia do novo coronavírus. Depois da declaração, dada em uma rede social, o deputado e o embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, protagonizaram troca de acusações.
Nesta terça (24), o presidente Jair Bolsonaro escreveu sobre o telefonema as redes sociais em tom apaziguador. “Nesta manhã, em ligação telefônica com o presidente da China, Xi Jinping, reafirmamos nossos laços de amizade, troca de informações e ações sobre o Covid-19 e ampliação de nossos laços comerciais”, disse o presidente. A chamada telefônica ocorreu após negociações entre o Itamaraty e as autoridades em Pequim.
Os chineses ficaram profundamente irritados com as declarações de Eduardo. Tampouco aceitaram a manifestação do ministro Ernesto Araújo (Relações Exteriores), que disse que a fala de Eduardo não refletia a posição do governo, mas exigiu desculpas do embaixador chinês no Brasil, Yang Wanming, por, segundo o chanceler, ofender o presidente Bolsonaro.
Diante do mal-estar, diplomatas entraram em contato com a embaixada da China para tentar organizar um telefonema e, com isso, reduzir as tensões com Pequim.
A avaliação, compartilhada também pela equipe econômica e pelo agronegócio, é que a China, que atravessa a fase final da contaminação do Covid-19, será peça fundamental de qualquer esforço brasileiro de recuperação econômica após a pandemia.
As declarações de Eduardo também geraram preocupação entre governadores, que estão negociando com o governo chinês e com empresas do país asiático para a compra de insumos médicos, entre eles máscaras clínicas e ventiladores.
(Texto: Folhapress)