Professores: Bolsonarista defende aumento e petistas mostram apoio ao governo

Luciana Nassar/ Alems
Luciana Nassar/ Alems

Assembleia tem situação inusitada, com inversões de posições políticas

Algumas posições se inverteram durante a sessão da Assembleia Legislativa de ontem (3). Enquanto deputados bolsonaristas, como João Henrique Catan (PRTB) e Rafael Tavares (PRTB) se posicionaram a favor do aumento salarial para professores contratados e ficaram do lado dos professores convocados que pediam a retirada de pauta do projeto de lei 110/2023, deputados petistas seguiram orientação do governo e chegaram a ser vaiados pelo público.

A proposta do poder Executivo sobre a revisão geral anual do vencimento-base ou subsídio e dos eventos, que compõem a remuneração dos servidores e dos empregados públicos em Mato Grosso do Sul foi tema de longa discussão, em plenário. Ao final, a proposta foi aprovada e segue para segunda discussão.

Os professores pedem recomposição e equiparação salarial em relação aos efetivos. Já os administrativos da educação pedem reajustes. As categorias lotaram o plenário e protestaram contra o projeto de lei. Bolsonarista citou Lula Durante a discussão, o deputado João Henrique (PL) falou sobre o salário de outras categorias, criticou o valor oferecido de 5% e disse aos professores que votaria contra o projeto, a fim de apoiá-los.

“Essa revisão de 5% não vai ser o mesmo para outras categorias mais mobilizadas. Não aceitem essa vergonha que está sendo colocada para vocês. Não esperem, não deixem que levem a categoria na conversa, pois tudo está mais caro. Não posso aceitar ver esse aumento, enquanto há outros comissionados com aumentos de salários de até R$ 42 mil. Cobrem seus parlamentes e o governo, para que possamos mudar essa negociação”, sugeriu o deputado, que chegou a usar o exemplo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que deu 9% de aumento aos servidores federais.

“Vocês sabem que o governador Eduardo Riedel apoiou indiretamente o presidente Lula, então, vou mostrar aqui: ‘Lula aumenta salário de servidores em 9%’. Por que não copia isso agora?”, indagou Catan.

Petista vaiado 

Durante a votação, o deputado Zeca do PT foi vaiado, ao dizer que votaria sob orientação do líder do governo, Londres Machado (PP). Ele recebeu vaias durante todas as votações favoráveis e inclusive quando lembrou de sua época de governador e disse que assumiu o governo com folhas de salário atrasadas e o entregou com os melhores salários do país. Enquanto Zeca contava a história de que não teve um boneco seu queimado na frente da governadoria, por falta de reajuste, os professores e administrativos o vaiavam. 

Discussão

Antes da votação, o deputado Pedro Kemp (PT) usou a tribuna para explicar que a categoria pede a antecipação do reajuste salarial para maio, junto aos demais servidores que serão beneficiados pelo projeto de lei 110/2023, de autoria do poder Executivo, que propôs 5% de reajuste aos servidores estaduais, não incluindo professores. “A data-base dos professores é outubro, mas a antecipação que eles pedem é completamente justa e possível de ser atendida. Estamos aqui fazendo um apelo para que o governo reveja sua decisão e altere o projeto.”

Kemp disse ainda que os contratados recebem 70% menos fazendo o mesmo serviço, cobrou o governador Eduardo Riedel (PSDB) e tentou apaziguar o clima, dizendo aos professores que a votação do projeto não prejudicaria os interesses deles. “Quero lembrar que, na campanha para o governo, o governador eleito, Eduardo Riedel, assinou compromisso pela valorização eele teria uma reunião com a categoria, pela tarde, que eu espero que seja produtiva e que enviem a inclusão dos professores.” O presidente da Casa de Leis, deputado Gerson Claro (PP), destacou que a proposta passou nessa quarta-feira pela CCJR (Comissão de Constituição, Justiça e Redação) e estava pautada para a Ordem do Dia. Ele disse ainda que não entende a incoerência, por exemplo, “de deputado que é favorável à reforma da Previdência, do ex-presidente Jair Bolsonaro, mas fica contra a reforma da Previdência daqui”.

O líder do Governo, deputado Londres Machado (PP), também tentou amenizar os protestos, dizendo à categoria que a retirada da pauta da Ordem do Dia não resolveria o problema. E que há prazo para beneficiar as demais categorias. “Em outubro, iremos discutir a reposição em outros termos com vocês. O governador não será irresponsável. Ainda há tempo de negociar, pois, se eles mudarem de opinião, dá tempo, já que a votação em segunda discussão é só na semana que vem”, destacou.

A deputada Professora Gleice Jane (PT) afirma que é preciso cuidar dos professores e administrativos que estão adoecendo, por conta da desvalorização. “Não podemos ter pessoas tão desvalorizadas ao ponto de que seu salário não dê para comprar remédios.

Eles trabalham sob pressão e na política opressora da burocracia”, argumentou a deputada, pedindo sinalização do governo sobre o aumento aos professores.

O presidente da Comissão Permanente de Educação, deputado Professor Rinaldo Modesto, relembrou quando foi professor convocado. “Eu, a Rose [Modesto] e minha mãe já atuamos como convocados. Precisamos trabalhar para que a isonomia aconteça, pois os profissionais têm a mesma formação, a mesma carga horária e, infelizmente, são dois pesos e duas medidas. Não tenho dúvidas de que os 24 deputados votarão tranquilamente pela isonomia, caso o governo envie a reparação. Quero me colocar à disposição da categoria”, ressaltou

Por Rayani Santa Cruz– Jornal O Estado de Mato Grosso do Sul.

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