A questão do suicídio entre indígenas no Brasil tem se mostrado um problema alarmante, com números preocupantes sendo divulgados pelas autoridades de saúde. Antes de cometerem o ato extremo, muitas dessas pessoas apresentam sinais de alerta, que, por vezes, não são intencionais. A automutilação, ou seja, a violência contra o próprio corpo, é uma forma de tentar escapar da dor emocional enfrentada por essas comunidades.
Segundo o Ministério da Saúde, em 2019, 665 indígenas provocaram lesões no próprio corpo, dentro e fora das aldeias, e esses atos podem estar associados a tentativas de suicídio ou a transtornos psicológicos. A psiquiatra Jacyra Araújo alerta que a alta taxa de mortalidade indígena pode aumentar, seguindo a tendência global. Para lidar com essa situação, é essencial identificar as causas subjacentes antes de buscar maneiras de interromper essa realidade trágica.
A psiqauiatra explica que se precisa de estudos mais focados nas populações indígenas, especialmente nos povos mais vulneráveis, conforme indicam as taxas de suicídio dessas comunidades. Esses estudos ajudarão a compreender quais são os fatores que aumentam a vulnerabilidade para o suicídio. Somente com esse conhecimento, pode-se criar soluções e políticas públicas que minimizem esse risco.
Pobreza
Além do fator da violência, a pobreza também pode ser um fator que contribui para o estresse mental entre essas populações. O relatório “Violência contra os Povos Indígenas no Brasil”, elaborado pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi), aponta que, no ano passado, o Mato Grosso do Sul foi o segundo estado onde mais ocorreram suicídios indígenas, totalizando 28 casos. Sendo os povos guarani kaiowá, cidadãos do estado, a qual enfrentam uma situação grave de extrema pobreza.
Janio Kaiowá, da Aty Guasu, entidade da juventude kaiowá, destaca que a violência, o choque cultural e o preconceito podem levar os indígenas a tirar suas próprias vidas, especialmente aqueles que vivem há décadas à margem das rodovias, enfrentando fome e miséria. A antropóloga Lúcia Helena Rangel, que elaborou o relatório do Cimi, atribui o problema ao racismo, na maioria das vezes, e destaca que valorizar a cultura e as pessoas pode ser uma forma de combater esse cenário triste.
O psicólogo da Secretaria de Saúde Indígena, do Ministério da Saúde, Matheus Cruz, enfatiza a importância das ações de vigilância e atenção psicossocial para identificar e compreender melhor o problema, o que é fundamental para o desenvolvimento de políticas públicas efetivas.
O Ministério da Saúde reconhece o suicídio como um problema de saúde pública e destaca a atenção primária na prevenção, com a identificação e intervenção precoce em casos de risco, bem como a capacitação de profissionais para oferecer apoio e acompanhamento.
Para lidar com essa situação tão delicada, é fundamental buscar ajuda. Há diversos canais disponíveis para acolhimento e auxílio em saúde mental e prevenção ao suicídio, tais como o Centro de Valorização da Vida, o Mapa da Saúde Mental e o Pode Falar, que oferecem apoio e orientação de forma voluntária, anônima e gratuita.
Com Informações da Agência Brasil