Arthur Lira tem apoio dividido entre petistas de MS para presidir Câmara

Arthur Lira política
Imagem: Reprodução/Agência Câmara

Outros parlamentares preferem aguardar as discussões mais para a frente

A reeleição do deputado Arthur Lira (PP-AL) para presidente da Câmara Federal está sendo alinhada e já tem apoio de petistas, inclusive de um dos deputados do PT, eleitos em Mato Grosso do Sul. O PT já informou que não lançará candidato a presidência da Mesa Diretora, e Lira recebeu a notícia como um aceno positivo, já que terá o caminho livre.

O deputado Vander Loubet (PT) disse ao jornal O Estado que, se Lira demonstrar estar alinhado com as pautas do novo governo, o apoio vem como consequência. Já Camila Jara informa que pessoalmente não tem nenhum compromisso com Arthur Lira.

“O presidente Lula já anunciou que o PT não vai disputar a presidência da Câmara. Por isso, para nós, interessa apoiar o projeto que demonstrar estar mais alinhado ao projeto que o presidente Lula pretende implantar no Brasil nos próximos quatro anos”, disse Vander.

Ontem (22), líderes da oposição no governo atual se reuniram com Arthur Lira (PP-AL), na residência oficial da presidência da Câmara. Entre as pautas, está a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da Transição, que visa dar condições de o governo do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), continuar programas de transferência de renda, entre outros.

Loubet indica que Arthur Lira tem demonstrado boa vontade em dialogar com a equipe de transição, e de ouvir propostas, entre elas a PEC de Transição, que deve ter o seu apoio para passar na Casa de Leis. “O Lira tem se mostrado simpático e aberto a isso, o que é muito positivo e pode ajudar o PT a vir apoiar sua reeleição como presidente da Casa”, disse Loubet.

No Congresso Nacional, a conversa de que Lira tem grandes chances de chegar à reeleição paira no ar. Questionado sobre qual será o seu posicionamento sobre o assunto, o deputado eleito Marcos Pollon (PL) afirmou apenas que: “Seguirei as orientações do presidente Jair Bolsonaro”. Ele disse, ainda, que não discutiu com correligionários acerca da nova Mesa Diretora e que o tema não foi abordado.

Orientação do partido

Outra petista que foi eleita a deputada federal e assume em 2023 é a vereadora de Campo Grande Camila Jara. Ela diz que não tem compromisso com Lira, mas deve seguir orientação partidária. “Existe a candidatura de reeleição do presidente atual, mas também há espaço para construir uma candidatura das minorias. O que vai pautar isso? A PEC do Bolsa Família. Eu, particularmente, não tenho nenhum compromisso com ele”, disse ela sobre a reeleição de Lira.

Sobre a articulação da Mesa Diretora, Jara diz que deve ser feita com cuidado para garantir atuação plena do PT. “A articulação da Mesa Diretora está sendo feita com muito cuidado para garantir que a segunda maior bancada do Congresso Nacional esteja representada e tenha capacidade de tomar decisões porque nossa prioridade é garantir a governabilidade do presidente Lula para aprovarmos as reformas necessárias para reconstituir nosso país. Mas as conversas ainda estão em nível inicial.”

O deputado eleito Geraldo Resende (PSDB) preferiu se abster e não comentar sobre as articulações, já que não está em mandato. “Não podemos falar de apoio para a presidência da Câmara neste momento, até porque eu ainda não tomei posse e preciso esperar para ver o cenário e a posição do meu partido.”

Os deputados Beto Pereira (PSDB), Rodolfo Nogueira (PL), Luiz Ovando (PP) e Dagoberto Nogueira (PSDB) não responderam aos questionamentos até o fechamento do texto.

Eleições da Mesa Diretora ocorrem em 1º de fevereiro

As eleições para as presidências da Câmara e do Senado ocorrerão apenas em fevereiro de 2023. Enquanto isso, os atuais presidentes articulam e se alinham a outros partidos para se manter no poder.

Da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) foi o primeiro a reconhecer a vitória de Lula nas urnas e parabenizar o presidente eleito. Nos bastidores, a reeleição de Lira é dada como certa. Ainda assim, ele acena para Lula, que devolve o gesto, pois sabe que precisa de apoio para governar desde agora, pois necessita que projetos como a PEC de Transição passem ainda nesta legislatura

Pelo Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) também tentará se reeleger, porém pode enfrentar a resistência do PL, partido do presidente Jair Bolsonaro. Pacheco já esteve em reunião com Lula na semana passada e deve ter apoio do petista para reeleição.

Para Lula, a reeleição de Lira e Pacheco seria o melhor cenário para o início de seu mandato. Nas reuniões com o petista, ambos demonstraram boa vontade e disposição em avançar com as pautas do governo eleito e auxiliar na construção da governabilidade com o Congresso.

Na disputa para o comando da Câmara em 2023, Lira manterá o apoio de PL, PP, PSD, Podemos, PSC, Pros, Avante e do recém-criado Mais Brasil – legenda oriunda da fusão entre Patriota e PTB. E ontem o Republicanos também declarou apoio a Lira. Para a reeleição, são necessários pelo menos 257 votos.

O presidente da Câmara ainda busca composições com o União Brasil, cujo presidente nacional, deputado Luciano Bivar (PE), ensaia uma candidatura

O placar pode, contudo, ser ainda maior em razão das articulações com Lula. Caso o presidente eleito mantenha o compromisso de não lançar candidato e construa uma base com o centrão, Lira poderia obter ainda mais votos da federação partidária composta por PT, PCdoB e PV, que conta com 80 deputados. Já outros partidos da base petista, como PDT, PSB, PSOL e Rede – que se uniram em uma federação partidária – e o Solidariedade somam juntos 49 parlamentares.

Outro motivo pelo qual a reeleição na Câmara pode ser elástica é a possibilidade de o MDB não lançar candidato. O presidente nacional do partido, deputado Baleia Rossi (SP), que obteve 145 votos na eleição de 2021, sinalizou aos mais próximos que não vai disputar o cargo de novo. (Com Gazeta do Povo).

Por Rayani Santa Cruz – O Estado de MS.

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