Todos os autores de feminicídios de 2023 seguem presos, em Mato Grosso do Sul

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Crédito: Governo do Estado

Delegada destaca a importância da informação, educação, reeducação e das políticas públicas 

De acordo com a Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), de 1º de janeiro até 28 de fevereiro de 2023, foram registrados cinco casos consumados de feminicídios em Mato Grosso do Sul, sendo dois em Campo Grande e os outros dois nas cidades de Sidrolândia e Ivinhema. Ainda foi mencionada uma tentativa de feminicídio em Nova Alvorada do Sul e uma suspeita do crime, em Nova Andradina. 

Cabe ressaltar que o feminicídio é uma expressão utilizada para denominar as mortes violentas de mulheres em razão de gênero, ou seja, que tenham sido motivadas simplesmente por sua “condição” de mulher. É considerado crime hediondo no Brasil pela lei nº 8.072 de 1990, tal qual o estupro, genocídio e latrocínio. 

O primeiro crime deste ano aconteceu no dia 13 de janeiro, quando Claudineia Brito da Silva, 49, foi esfaqueada pelo marido, no bairro São Francisco. De acordo com a polícia civil, o casal discutiu enquanto ingeria bebidas alcoólicas e a vítima deu um tapa no rosto do companheiro, que revidou, atingindo a vítima com golpes de faca no pescoço. O autor foi preso em flagrante, e segundo as informações da Deam – (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), ele segue detido. 

O segundo feminicídio confirmado pela polícia civil foi no dia 24 de janeiro, em Sidrolândia, no qual Celeste Josefina Gonzales, 23, foi morta a facadas pelo ex-companheiro, Willians Adonis. Conforme as informações, os três filhos do casal viram a mãe ser morta e pediram socorro. A reportagem do jornal O Estado entrou em contato com a delegacia do município, que confirmou que o réu foi transferido para um presídio de Campo Grande e segue preso. 

Na cidade de Ivinhema, distante 272 quilômetros de Campo Grande, Iva de Souza, 48, foi a terceira vítima de feminicídio, em 2023. A mulher entrou para a triste estatística, ao ser golpeada com um canivete pelo ex-marido, na tarde de 4 de fevereiro. De acordo com o delegado Gustavo Oliveira, o próprio suspeito, que foi preso em flagrante, ligou para a polícia e também acionou o Corpo de Bombeiros. Ele segue preso. 

O caso mais recente registrado aconteceu em Campo Grande, no bairro Nova Lima. O crime brutal resultou na morte da monitora de alunos Albynna Freitas Ribas, que estava a caminho do trabalho, no dia 28 de fevereiro, quando foi atingida por diversos golpes de faca pelo ex-marido, Jair Paulino da Silva. A vítima foi socorrida em estado grave, mas não resistiu aos ferimentos e morreu na Santa Casa de Campo Grande. O autor do crime já tinha quatro passagens por violência doméstica, além de quebrar uma medida protetiva ativa. Jair foi preso em flagrante no dia do crime e assim permanece, até o momento. 

Entramos em contato com a delegacia para questionar se o autor do crime identificado como Jorge Souza ainda está preso, mas não obtivemos retorno.

Conforme a Deam, também foi registrada uma tentativa de feminicídio em Nova Alvorada do Sul este ano, mas, até o fechamento dessa edição, não foram encontradas informações sobre o crime. Conforme a delegada Elaine Benincasa, titular da Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), para diminuir esses altos índices de feminicídios, o trabalho deve ser desenvolvido em conjunto com toda a sociedade civil, no enfrentamento a quatro grandes frentes: a informação, educação, reeducação e políticas públicas. 

“A informação é exatamente o que estamos fazendo. Levar, por meio de entrevistas, palestras, à população as informações sobre os direitos das mulheres, os instrumentos disponíveis e canais de atendimento, pois ela traz poder para a mulher e ela, encorajada, busca ajuda e denúncia. A segunda é o investimento, para que temas como a violência contra a mulher sejam de ensino obrigatório, a fim de que crianças tenham a ideia básica de respeito e igualdade. A reeducação é de extrema importância, pois vai evitar a reincidência na violência doméstica e as políticas públicas que trazem para a mulher a certeza de que ela pode se livrar da dependência econômica, principalmente”, destacou.  

Recorde em 2022

Em 2022, Mato Grosso do Sul teve recorde nos casos de feminicídio. De 1º de janeiro de 2022 a 28 de dezembro do mesmo ano, o estado registrou 43 ocorrências de mulheres mortas por causa do gênero, maior número registrado anualmente, desde a criação da Lei do Feminicídio (nº 13.104), em 2015. 

Os dados são do Serviço Integrado de Gestão Operacional (Sigo), da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) e representam um aumento de quase 28%, em relação a 2021, quando foram registrados 31 homicídios qualificados por feminicídio no Estado.  

Suspeita do crime em Nova Andradina 

No dia 13 de janeiro de 2023, o corpo de Fabiana Aparecida França Freitas, de 37 anos, foi encontrado nas águas do córrego do Baile, em Nova Andradina, a 280 quilômetros de Campo Grande. Segundo a polícia civil, a suspeita é de feminicídio, mas, até o momento, a informação não foi confirmada e não se tem nome de suspeitos. 

O inquérito policial está sendo presidido pela delegada titular da DAM (Delegacia de Atendimento à Mulher), Daniella Oliveira, que está ouvindo testemunhas e realizando diligências em vários endereços, para descobrir as circunstâncias do crime.

Por  Tamires Santana  – Jornal O Estado do MS.

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