Presos da Operação Omertá vão de delegado a ex-político

Mandados de prisão tinham alvos na Capital e em Ponta Porã

Pelo menos 16 pessoas foram alvos na manhã de quarta-feira (18) da terceira etapa das investigações do Gaeco (Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado) que mira a atuação de uma organização criminosa atuante na prática dos crimes de homicídio, milícia armada, corrupção ativa e passiva.

Desta vez, a Operação Omertá levou presos à carceragem do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros), entre outros, o delegado Márcio Shiro Obara, ex-titular da Delegacia de Homicídios e atualmente lotado no 2º DP da Capital; o investigador Célio Rodrigues Monteiro; o ex-político Jerson Domingos. E um mandado de prisão é contra Fahd Jamil Georges, o “Fuad”, poderoso empresário da fronteira.

A Operação Omertá teve início em setembro do ano passado, como consequência da investigação do encontro de um arsenal na posse de um guarda civil metropolitano, quatro meses antes, que acarretou a prisão do empresário Jamil Name e de seu filho. Ambos seguem presos no Presídio Federal de Mossoró (RN).

Obara é considerado um delegado da elite da Polícia Civil e já foi titular, além da Homicídios, pelo próprio Garras. Ele foi um dos integrantes da equipe que prendeu os guardas municipais acusados de matar o delegado Paulo Magalhães em junho de 2013. No entanto, a investigação nunca chegou ao mandante da execução. De acordo com o Garras, em depoimento, a mulher do guarda municipal Marcelo Rios, preso com um arsenal de armas de fogo em maio do ano passado, apontou que seriam pagos R$ 100 mil a um delegado. A reportagem do jornal O Estado apurou junto a fontes do Gaeco que Obara é investigado por receber dinheiro para relevar investigações da milícia. Em novembro do ano passado, Obara deixou o comando da Delegacia de Homicídios para reforçar a investigação da onda de assassinatos que acontecia em Ponta Porã.

Os investigadores estiveram na casa de Jerson Domingos, mas o ex-político não foi encontrado. Ele se apresentou horas depois na sede do Gaeco, localizado no Parque dos Poderes. Jerson passou a ser alvo do Gaeco junto de Cinthya Name Bell, sobrinha de Name e sua secretária particular, também presa ontem, após a segunda etapa das investigações, em março, descobrir que o ex-político e seu filho passavam ordens escritas em papel higiênico. Em alguns desses bilhetes eram pedidas a execução de desafetos da família, como o delegado Fábio Peró, responsável pelo inquérito, o promotor Tiago Di Giulio Freire, do Gaeco.

Advogado de Domingos, André Borges negou as acusações contra o cliente. “Nem eu como advogado, nem ele que está sendo preso e nem a família sabem o motivo desta prisão”, disse, na porta do Garras. “Até agora não sabemos [o motivo], mas é comum nesses tipos de operação para evitar fugas, não é ilegal, mas eu não acho correto, deveriam informar para sabermos o motivo da prisão.”

Foram expedidos 18 mandados e 7 pessoas foram presas até agora, entre elas um outro investigador da Polícia Civil, um sargento da Polícia Militar, que atua também como motorista da família, funcionários de um título de capitalização com vínculo com Domingos e Flávio Correia Jamil Georges, filho de Fahd Jamil Georges, o “Fuad”, poderoso empresário da fronteira e que não havia sido localizado pelas equipes até a conclusão desta reportagem.

Por meio de nota, a Corregedoria-Geral da Polícia Civil informou que “adotará as medidas necessárias para o afastamento compulsório dos servidores presos e encaminhará expediente solicitando ao Juízo da 7ª Vara Criminal o compartilhamento de provas e informações colhidas contra os policiais civis, as quais subsidiarão a instauração dos procedimentos administrativos disciplinares cabíveis nos termos do que disciplina a Lei Orgânica do Órgão”.

Mais notícias sobre MS na categoria de cidades da edição desta sexta-feira do jornal O Estado MS.

(Texto: Rafael Ribeiro/Publicado por João Fernandes)

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