Execução de vereador Farid Afif na fronteira mostra série de crimes envolvendo políticos

Fronteira
Foto: Divulgação/Sejusp

Representantes locais descartam motivação política e Sejusp reforça a segurança

A morte do vereador de Ponta Porã Farid Afif (DEM), executado a tiros no final da tarde sexta-feira (8) no município trouxe a tona a série de atentados envolvendo políticos da região. Em abril deste ano, a casa do vereador Mauro Ortiz (PSDB) foi alvejada por tiros e o filho de 3 anos ficou ferido. Em 2019 ex-candidato a prefeito e ex-vereador, Chico Gimenez, foi assassinado após pistoleiros invadirem a casa. Apesar dos acontecimentos, alguns políticos locais não acreditam em crimes de cunho político e até evitam falar.

O vereador Farid Afif foi executado por um pistoleiro de moto quando andava de bicicleta em frente a uma revendedora de carros. Antes de morrer Afif tinha publicado um vídeo na página do Facebook comentando sobre o percurso que estava fazendo. “Fala galera, na nossa sexta feira sustentável, na nossa pedalada, nós viemos aqui no Parque de Exposições, no Núcleo de Saúde e no Ama para a gente ver os atendimentos in loco aqui, como estão sendo feitos à nossa população”, finalizou.

Farid Afif estava em seu segundo mandato como vereador e era líder do prefeito Hélio Peluffo na Câmara. Ele deixa três filhos, inclusive uma delas fez aniversário no mesmo dia da execução do pai.

A DEH (Delegacia Especializada em Homicídios) de Campo Grande assumiu as investigações do caso Farid, mas ainda não houve manifestação.

Sem motivação política

Presidente do DEM municipal, Dário Honório não acredita em crime político ao comentar sobre a morte de Farid. Para ele, o essencial é que a morte seja exclusivamente investigada pela Polícia Civil, mas sem chances de haver motivos políticos. “Quem tem que levantar tudo é a Polícia Civil. Acredito fielmente que não seja crime politico em hipótese alguma”.

O prefeito de Ponta Porã, Hélio Peluffo (PSDB), também não acredita que a morte de Farid Afif tenha relação com questões políticas. “Acredito que não tenha relação com questão política. Tudo isso está sendo investigado pela Polícia”.

Após a morte Peluffo homenageou o vereador na rede social:“Que Deus console o coração dos amigos e familiares do vereador Farid Afif”.

A vereadora Lourdes Monteiro também do DEM, afirma que o caso pegou todos de surpresa e que está muito chocada com a morte do colega. Ela que está no segundo mandato evitou falar dos acontecimentos e afirmou que não se sentia confortável em dar opinião. “Eu não sei o que dizer sobre esse acontecimento. Ficamos tristes e até agora a ficha não caiu. Eu não quero tecer comentários sobre o que pode ocorrido por se tratar de outra pessoa. Era meu colega de bancada, o conhecia desde que fomos filiados ao MDB e acredito que a Justiça é quem deva esclarecer a sociedade”.

Suplente

Com 17 vereadores, a Câmara de Ponta Porã deve empossar o suplente na próxima sessão.

Ao jornal O Estado, o presidente do diretório municipal do Democratas de Ponta Porã explicou que diante da execução de Farid Afif o suplente, Aguinaldo Miudinho, do mesmo partido deve assumir a cadeira na próxima semana.

O DEM é a segunda maior bancada na Câmara, com quatro vereadores que fazem parte da base do governo. Honório explica também que o partido possui o vice-prefeito Eduardo Campos como representante e ele mesmo que atualmente está como secretário de Meio Ambiente.

Segurança

No domingo (10) equipes do Garras (Delegacia Especializada de Repressão de Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros), e do Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar fizeram reforçaram segurança em Ponta Porã.

Questionado se a segurança da fronteira seria reforçada, o secretário da Sejusp (Secretaria de Estado, Justiça e Segurança Pública), Antônio Carlos Videira disse que o policiamento foi aumentado desde o final de semana e que devido ao homicídio em Pedro Juan Caballero, as equipes com mais de 80 homens devem permanecer em grande parte da região fronteiriça.

“Estamos com mais de 80 homens reforçando todo o efetivo já empenhado desde Pedro Juan Caballero, até Sete Quedas, com o objetivo de proporcionar mais segurança e apoiar as autoridades paraguaias no esclarecimento desses quatro homicídios, assim como também apoiar a Polícia Civil a e da Delegacia Especializada de Homicídios que estão trabalhando em prol de identificar os autores do homicídio do vereador Farid”, disse o secretário estadual de Segurança, Antonio Videira.

Outros ataques

Na onda de violência que assola a fronteira de Ponta Porã envolvendo a classe política, o último sábado (9) também foi registrado mais quatro mortes por execução sendo que uma das vítimas é Haylee Carolina Acevedo Yunis, de 21 anos, filha do governador de Amambay, Ronald Acevedo. A polícia paraguai prendeu ontem (11), seis brasileiros acusados de participarem do assassinato.

Neste caso de Amambay também uma suposta motivação política está descartada, já que a Polícia paraguaia indicou que o motorista do carro, Osmar Vicente Álvarez Grance, vulgo Bebeto, era quem seria o principal alvo dos pistoleiros. Mais de 100 disparos foram feitos e ainda não há pistas sobre os assassinos.

O caso em que o vereador Mauro Ortiz teve a casa crivada de balas de pistola ocorreu em 18 de abril deste ano. O filho dele, de 3 anos, foi ferido no peito, mas sobreviveu. Na época do atentado, o parlamentar foi criticado pela população por fazer cultos da igreja com aglomerados e desrespeitando regras de biossegurança. Até hoje os criminosos e os motivos do crime não foram desvendados.

Outro caso é do empresário, ex-candidato a prefeito e ex-vereador, Chico Gimenez, que foi assassinado durante ataque de um grupo fortemente com mais de dez homens armados em 17 de janeiro de 2019. Chico era tio do narcotraficante Jarvis Pavão.

(Texto de Andrea Cruz)

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