Ataques contra as famílias dos envolvidos na morte de menina de 2 anos vão virar processo

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Foto: Valentin Manieri/Jornal O Estado MS

Passados 15 dias do falecimento da menina de 2 anos, que teve a morte constatada no dia 26 de janeiro de 2023 ao chegar à UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do bairro Coronel Antonino, os advogados do pai biológico, da mãe e do padrasto pretendem entrar com uma ação judicial para punir os responsáveis pelos ataques direcionados a eles e às famílias na internet. 

A mãe e o padrasto da menina, Stephanie de Jesus da Silva e Christian Campoçano Leitheim, foram denunciados pelo MPMS (Ministério Público Estadual) pelos crimes de homicídio e estupro de vulnerável. Tudo isso já que o laudo de necrópsia do corpo da criança, emitido pelo Imol (Instituto de Medicina e Odontologia Legais), apontou que a causa da morte foi por traumatismo na coluna cervical e confirmou que Sophia foi estuprada dias antes da morte. 

Em entrevista, o pai da menina, Jean Carlos Ocampo, afirmou que tentou solicitar a guarda da filha diversas vezes, mas que a mãe dizia que não deixaria a filha morar com dois homens, tendo em vista que Jean vive com seu companheiro, Igor de Andrade. Conforme a advogada do casal homoafetivo, Janice Andrade, os dois vêm sofrendo uma série de ataques na internet vindos de pessoas que tentam culpá- -los pela tragédia. 

“Os pais estão sofrendo injúria, ameaça, difamação e calúnia por parte de várias pessoas, e eu entendo que a manifestação é livre, mas o que as pessoas não podem fazer é abusar desse direito e violar os direitos de personalidades de outras pessoas, como está acontecendo nesse caso. E, neste sentido, os pais estão cuidando das redes sociais, juntando todo o material e nós vamos ter de tomar providências jurídicas”, ressaltou a advogada do caso, que está acompanhando o pai. 

Em contrapartida, o advogado Pablo Arthur Buarque Gusmão, que está defendendo os réus Christian e Stephanie, afirmou que a família dos acusados também está sendo alvo de ataques, e segundo ele, haverá processo por danos morais para os responsáveis. 

“Os pais não estão respondendo ao processo, quem está respondendo ao processo são os meus clientes. As pessoas não estão com limite de tecer comentários odiosos em relação aos pais”, defendeu o advogado. 

Tentativas de resgate

De acordo com a advogada Janice Andrade, a avó materna tinha conhecimento das agressões, de modo que, no dia 27 de janeiro de 2022, a senhora conversou com Jean por mensagem de WhatsApp, na qual dizia que precisava conversar com ele pessoalmente sobre a criança. “Ela prometeu ao meu cliente que ia ajudar a tirar a criança da mãe e passar a guarda para o genitor, mas quando foi chamada na delegacia no primeiro inquérito negou tudo”, contou. 

Ainda conforme a defensora, o genitor já tinha pedido a guarda da menina antes do crime, e ainda realizou duas denúncias de maus-tratos em 2022 e ambos os inquéritos policiais foram concluídos e encaminhados ao MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul). “Na última denúncia, em novembro do ano passado, a avó e a mãe negaram e a juíza concluiu que se tratava de brincadeira de criança”, lembrou.

Relembre o caso

No dia 26 de janeiro, a mãe levou a menina à UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do bairro Coronel Antonino, onde a menina já chegou morta. O médico-legista constatou que o óbito havia ocorrido cerca de sete horas antes. Em depoimento, a mãe confirmou que sabia que a menina estava morta quando procurou a unidade de saúde. “O médico legista constatou que a menina foi morta entre 9 e 10h do dia 26 de janeiro, sendo que ela foi encaminhada para a UPA somente às 17h”, disse a delegada Anne Karine Trevisan, titular da Depca (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente). 

A mãe confirmou, durante depoimento, que sabia que a menina estava morta quando a levou até a UPA. Cabe ressaltar que, conforme o prontuário, Sophia já tinha passado pela unidade de saúde mais de 30 vezes. A Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) investiga se houve falhas nos atendimentos prestados. 

O motorista de aplicativo que conduziu a mãe e a criança até a unidade de urgência foi ouvido na Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente e afirmou que em nenhum momento ouviu a criança chorar, falar, nem se movimentar durante o trajeto. 

A declaração de óbito aponta um trauma na coluna cervical, que evoluiu para o acúmulo de sangue no pulmão e no tórax. 

Por Tamires Santana  – Jornal O Estado do MS.

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