Protocolo do tratamento para COVID recebe mais assinaturas

Apesar do apoio crescente, alguns profissionais questionam uso

O protocolo de combate ao novo coronavírus aprovado pelo município prevê, além da cloroquina, o uso de ivermectina e até de um grupo de antibióticos para que haja a realização de um tratamento precoce do vírus. A iniciativa de propor os remédios teve início com um grupo de 20 médicos e, atualmente, conta com o apoio de mais de 300 profissionais.

De acordo com a equipe que encabeça o movimento, as ações foram embasadas pelas experiências feitas em outros países no enfrentamento a COVID19, das quais a que mais se destacou foi o tratamento na fase inicial que, supostamente, impede a piora e a internação desses pacientes.

Em Campo Grande, segundo o secretário municipal de Saúde, José Mauro Filho, será necessário adquirir o equivalente a 10% da população existente, cerca de 120 mil kits, para colocar o tratamento em prática. Mas, antes mesmo de ser aplicada na saúde pública, o grupo de medicamentos sugeridos tem fortes opositores ao seu uso.

Segundo o médico Sandro Benites, o protocolo tem recebido o apoio de toda a comunidade médica, contando com uma manifestação do CRM-MS (Conselho Regional de Medicina), que publicou uma nota que incentiva a liberdade do profissional de receitar ou não o medicamento para tratamento. A sugestão apresentada para o município contou com 137 assinaturas e o número de adeptos continua crescendo. Mesmo com as experiências apontadas pelo grupo de médicos, uma das polêmicas para o uso dos produtos é a falta de comprovação científica.

“Uma médica realizou o estudo na Espanha e compartilhou o protocolo utilizado para os médicos de outros países. Apenas nos Estados Unidos, um profissional conseguiu salvar mais de 500 pacientes. Com isso outras, cidades no Brasil também deram início a esse protocolo, que já conseguiu salvar muita gente e não tem porque não trazer isso para Campo Grande. Nós começamos com 20 médicos e em dois dias já eram mais de 200, agora o número de apoiadores passa de 300”, afirmou Benites. O protocolo tem o intuito de reduzir o número de pacientes que precisam passar por leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva).

O médico e ex-secretário municipal de Saúde Marcelo Vilela também participou da produção do documento. Ele ressalta que a principal mudança será que o profissional poderá receitar e realizar o acompanhamento do paciente sem a necessidade da confirmação por meio do exame, mas sim com a identificação por meio dos sintomas apresentados. “O tratamento só surte efeito se ministrado logo no início, o que é o maior desafio, pois os exames não confirmam logo a doença, eles só vão confirmar depois de sete ou dez dias, e com isso o médico já ministraria a medicação a partir do momento em que constatar a contágio através dos sintomas”, assegurou.

A presidente da AMMS (Associação Médica de Mato Grosso do Sul), Maria José Maldonado, explicou que a instituição apoia a implementação do protocolo de tratamento precoce na Capital. “A entidade está apoiando já em consonância com a AMB [Associação Médica Brasileira]. Estudos científicos bem controlados ainda não existem, porém existem observações que ocorreram em vários lugares do Brasil. A Unimed de Belém [PA] fez lá [o protocolo.] A cidade de Porto Feliz [SP] adotou o protocolo de profilaxia e. coincidência ou não, eles tiveram uma diminuição expressiva dos casos [de coronavírus] nessas regiões”, ressaltou.

Maldonado afirmou que a associação apoia os médicos que quiserem adotar o protocolo. “Isso é importante para que o profissional tenha segurança na prescrição [dos medicamentos] e o médico poderá prescrever a profilaxia para quem teve contato com casos positivos para COVID19, que é o uso da cloroquina, ivermectina, zinco e vitamina D”, frisou. De acordo com a presidente, a AMMS apoia o protocolo baseando-se nos critérios da Declaração de Helsinki, um documento editado pela WMA (Associação Médica Mundial), que norteia os princípios éticos da pesquisa em seres humanos.

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(Texto: Amanda Amorim com Mariana Moreira)

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