Nova Zelândia “vence batalha” da Covid-19 e tem só três internados

“Nós vencemos essa batalha”, anunciou a primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, em pronunciamento na semana passada. Ela se referia ao baixo número de casos confirmados de covid-19 no país. A estratégia para combater o novo coronavírus englobou um alto número de testes, tomar providências de forma antecipada e desenvolver um sistema de alarme que torna as medidas mais compreensíveis para a população. As estatísticas mostram que tem dado certo.

Entre casos confirmados e suspeitos, há 1.490 registros de covid-19 na Nova Zelândia. Desse total, 90% dos infectados já se recuperaram e estão saudáveis (1.347) e apenas 21 pessoas morreram. Atualmente, em toda a ilha localizada na Oceania, há 122 casos ativos da doença e somente três pessoas internadas em hospitais. Os dados são do governo neozelandês.

A estratégia contra a pandemia é baseada na testagem, que é a segunda mais alta do mundo na média por 1 mil habitantes — só a Itália testa proporcionalmente mais. Segundo os dados mais recentes, a Nova Zelândia já realizou 175 mil testes, com taxa de 35,8 a cada mil pessoas no país. Na prática, um a cada 28 neozelandeses já foi testado para diagnóstico do novo coronavírus, de acordo com o governo local.

Para efeito de comparação, no Brasil o sistema público de saúde soma cerca de 322 mil testes de Síndrome Respiratória Aguda Grave (não específicos de covid-19), segundo o Ministério da Saúde. Quantitativamente é mais do que a Nova Zelândia, é verdade, mas em um país 42 vezes mais populoso. A taxa brasileira é de 1,5 teste por 1 mil habitantes, ou seja, uma a cada 650 pessoas foi testada no país. Se quisesse se equiparar à ilha da Oceania, o Brasil teria que ultrapassar os 7 milhões de testes.

É claro que o perfil demográfico da Nova Zelândia é muito diferente do brasileiro, a começar pelo tamanho da população. O país tem menos de 5 milhões de habitantes, dos quais 15.57% têm mais de 65 anos e, por consequência, estão no grupo de risco da covid-19. No Brasil de 209 milhões de pessoas (segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE), 9,11% estão na mesma faixa etária — todos os dados são de 2018.

São países muito diferentes, mas essa análise proporcional dos casos de covid-19 mostra que a Nova Zelândia tem acertado nos testes em massa e na adesão à quarentena. Entre os neozelandeses, até ontem houve um diagnóstico de covid-19 a cada 3.279 pessoas, enquanto entre os brasileiros o número é de um contaminado a cada 1.550 habitantes. Proporcionalmente, portanto, o Brasil tem mais que o dobro de infectados — sem considerar a subnotificação.

A Nova Zelândia começou a combater a pandemia um mês antes de confirmar o seu primeiro caso. O Centro Nacional de Coordenação da Saúde foi criado em 28 de janeiro para concentrar as tomadas de decisão e gerenciar uma possível crise — àquela altura, a China, país no qual surgiu a doença, tinha menos de 1,8 mil casos confirmados. Quando ocorreu o primeiro diagnóstico neozelandês para o novo coronavírus, o país já tinha imposto restrições a voos provenientes da China.

(Texto: Uol)

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