Geraldo Resende destacou casos na faixa etária entre 20 e 39 anos; foram mais de 1,2 mil casos em 2 dias
“Essas pessoas (jovens) serão as portadoras do vírus para seus familiares mais idosos. Podem levar o vírus para sua casa e serão responsáveis sim pela morte de seus familiares, de seus pais, de seus avós ou de pessoas mais idosas que estejam no recinto”. A frase foi dita pelo secretário de Estado de Saúde, Geraldo Resende, durante coletiva de ontem (23) e foi direcionada para as pessoas que não seguem medidas de prevenção ao coronavírus.
De acordo com o secretário, a doença apresenta um crescimento preocupante na faixa etária de 20 a 39 anos. Apesar de não serem os casos predominantes em UTIs (Unidades de Terapia Intensiva), são essas pessoas “as responsáveis por propagarem a doença para os mais velhos”. “Pessoal que tem negado a doença, que tem saído e feito glomerações, que não tem usado a máscara e relaxaram nas medidas de higiene”, afirmou.
Nos dois primeiros dias desta semana, já foram registrados mais de 1,2 mil novos casos da doença. Além disso, a cada 100 testes realizados no Lacen (Laboratório Central), de 40 a 50 têm resultado positivo.
Conforme Resende, as projeções indicam que os novos casos de coronavírus registrados nesta semana devem superar os índices dos últimos 14 dias. Dados da SES (Secretaria de Estado de Saúde) apontam que, na semana epidemiológica 46, correspondente aos dias 8 a 14 de novembro, o Estado registrou 2.882 casos de COVID-19.
Entre os dias 15 a 21 de novembro, semana epidemiológica 47, houve o incremento de 4.080 casos da doença em Mato Grosso do Sul. Um aumento de 41% em comparação com os índices da semana anterior.
O titular da SES destacou ainda o crescimento de 57% no número de internações no Estado. Há duas semanas atrás, a média era de 200 internados por dia em hospitais de Mato Grosso do Sul. O boletim de ontem (23) confirmou a internação de 314 pacientes.
Destes, 183 em leitos clínicos e 131 em leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Separadas por macrorregiões, Campo Grande possui 78% de ocupação dos leitos de UTI; Dourados (61%); Três Lagoas (58%), e Corumbá (59%). A taxa de contágio está em 0.96%.
Conforme apresentado pela SES, Mato Grosso do Sul tem 92.970 casos positivos da COVID-19. Com o registro de cinco novas mortes, MS possui 1.727 vítimas da doença. Para o infectologista e pesquisador da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), Júlio Croda, o aumento de novos casos registrados nas últimas semanas pode ser um indicativo de uma segunda onda de contágio da doença.
“O que nós podemos falar é que vivemos um momento bastante delicado, principalmente de Campo Grande. Temos um cenário de aumento de casos nas últimas duas semanas, incremento nas internações e uma média móvel do Estado está em ascensão. Houve uma liberação de todos os decretos e estão programados para este mês shows na Capital, isso é um absurdo em meio à pandemia”, frisou Croda.
De acordo com o pesquisador, o uso de máscaras e demais protocolos de biossegurança devem ser mantidos, ao passo que, o poder público “deverá ser responsabilizado pela liberação de eventos”.
Aumento nos atendimentos
Conforme a Cassems (Caixa de Assistência dos Servidores do Estado de Mato Grosso do Sul), em uma semana, a unidade registrou o aumento de 27% na média móvel de atendimentos. No dia 16 de novembro foram registrados 104 atendimentos de urgência respiratória. Nesta segunda-feira (23), foram realizadas 132 assistências.
A taxa de ocupação dos leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva), no dia 16 de novembro, estava em 70%. Nessa data, o hospital mantinha 10 leitos. Com a demanda crescente, a instituição ampliou o número de leitos críticos para 20 leitos, alcançando ontem, uma taxa de ocupação de 65%.
A Santa Casa de Campo Grande, hospital de retaguarda do HRMS (Hospital Regional de Mato Grosso do Sul), chegou a 100% de ocupação em seus leitos de UTI ontem.
O último boletim divulgado pelo HRMS apontou uma taxa de ocupação em 84,4%, com 14 leitos disponíveis para o tratamento de pacientes graves.
“Podem levar o vírus para sua casa e serão responsáveis sim pela morte de seus familiares, de seus pais, de seus avós”, secretário de Saúde, Geraldo Resende.
(Texto: Mariana Moreira)