UFMS e parceiros lançam sistema de inteligência para combate a incêndios no Pantanal

Fotos: Rosa Helena da Silva
Fotos: Rosa Helena da Silva

Em uma iniciativa conjunta entre a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e diversos parceiros, foi lançado esta semana o Sistema de Inteligência do Fogo em Áreas Úmidas (Sifau), uma ferramenta destinada a contribuir significativamente na tomada de decisões para o manejo e combate ao fogo no Pantanal. A parceria envolve o Núcleo de Estudos do Fogo em Áreas Úmidas (Nefau) da UFMS, o Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul), a Organização Não Governamental Wetlands International e o Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (Lasa) do Departamento de Meteorologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

O Sifau, integrado à plataforma Alarmes do Lasa-UFRJ, oferece dados simplificados e acesso aberto ao público em geral. Ao inserir um determinado perímetro na plataforma, são disponibilizadas informações valiosas, como o histórico de áreas queimadas, o tipo de vegetação, acúmulo de material combustível e previsão de perigo de fogo. O objetivo principal é proporcionar ao poder público e aos proprietários rurais meios de identificar áreas de risco que necessitam de manejo para prevenir incêndios.

A vice-reitora da UFMS, Camila Ítavo, destacou a importância da parceria entre ciência, tecnologia, governo e sociedade civil durante o evento de lançamento. “Para ter uma política pública efetiva, nós precisamos estar baseados em evidências científicas. É isso que a gente vê aqui hoje, uma parceria imensa entre ciência e tecnologia, o Governo do Estado e sociedade civil, além da presença também do proprietário rural. O que acontece no Pantanal atinge toda a população sul-mato-grossense e todo o país. É preciso que a gente pense na conservação, na produção consciente e que a ciência traga mais desenvolvimento para todos nós”, ressaltou.

O professor Geraldo Damasceno, do Instituto de Biociências e coordenador do Nefau, explicou que a UFMS auxiliou na logística e elaboração da ferramenta. “Trabalhamos em conjunto para viabilizar ferramentas, auxiliar na elaboração do projeto e escolher áreas-piloto para testes em fazendas onde já realizávamos pesquisas prévias. Colaboramos também na definição dos parâmetros inseridos na ferramenta”, detalhou. Ele acrescentou que a ferramenta permite que o fogo seja utilizado de maneira benéfica para o Pantanal, auxiliando no manejo de pastagens.

A coordenadora do Lasa-UFRJ, Renata Libonati, explicou que a ferramenta foi desenvolvida visando a simplificação de informações e a possibilidade de acesso mesmo em áreas remotas do Pantanal. “As informações estão disponíveis de forma simples e direta para auxiliar no desenvolvimento de protocolos de ação, independente do grau de conhecimento que o usuário tenha em relação a dados de satélites, clima, ou em relação ao próprio manejo. Com essa ferramenta, o proprietário rural e o Imasul têm informações confiáveis para utilizar técnicas de manejo integrado do fogo”, enfatizou.

O diretor presidente do Imasul, André Borges, ressaltou que a plataforma deve agilizar processos de emissão de licenças para queima controlada. “O manejo com fogo é uma prática utilizada no trato de pastagens que deve ser autorizada e monitorada pelo órgão ambiental do Estado, pelo Imasul. Com o Sifau, o técnico responsável terá maior agilidade e segurança para emitir o parecer porque vai conseguir identificar facilmente onde existe maior acúmulo de biomassa, risco de incêndio. Antes teríamos que buscar em diferentes plataformas para formular o parecer, e agora não”, explicou.

A diretora executiva da ONG Wetlands International, Rafaela Nicola, destacou a importância da iniciativa diante dos recentes incêndios no Pantanal. “Com os incêndios dos últimos anos no Pantanal, tivemos perdas econômicas, biológicas, sociais, do saber, do pertencimento. A necessidade de resposta ao fogo fez com que a gente olhasse com mais atenção para ações que unem o conhecimento da academia e o saber local em um esforço enorme de preparação para o risco que o fogo pode representar quando está fora de controle”, concluiu

Com informações de Alíria Aristides.

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