MS garante o melhor resultado desde 1998 no cambate ao fogo

Foto: Roberta Martis
Foto: Roberta Martis

Em queda, área queimada total neste ano foi de 202.678 hectares

Mato Grosso do Sul encerra 2025 com números históricos no enfrentamento aos incêndios florestais. Com 1.811 focos de calor registrados até dezembro, o Estado atingiu o menor índice desde 1998, início da série histórica. Mesmo que os focos aumentem até o fim do ano, chegando ao patamar de 2.111 — valor registrado em 1998 — 2025 ainda será considerado o melhor ano da série.

A redução também aparece de forma expressiva na área queimada. Até 2 de dezembro, foram consumidos 202.678 hectares, o menor número desde 2018 e muito distante dos 2,3 milhões de hectares destruídos em 2024, considerado o pior ano já registrado.

Segundo especialistas, o resultado é fruto de um conjunto de fatores, dentre eles, o maior conscientização da população, impulsionada por ações integradas do Governo do Estado e instituições envolvidas, as chuvas mais regulares, apesar do Estado ainda enfrentar déficit hídrico, a resposta mais rápida aos focos de incêndio e o preparo técnico das equipes, com quase 1.000 brigadistas formados em 2025 pelo Corpo de Bombeiros Militar.

Atuação dos Bombeiros foi decisiva
A Operação Pantanal 2025 reforçou o planejamento e a presença em campo. O Corpo de Bombeiros Militar realizou:
Fase de preparação
• Manejo de fogo em 1.150 hectares;
• Capacitação de 221 bombeiros militares;
• Formação de 929 brigadistas;
• Instalação de Bases Avançadas em pontos estratégicos do Pantanal.
Monitoramento e combate
• 924 eventos de fogo monitorados via satélite;
• 88 eventos combatidos;
• 1.105 ações de combate aplicadas em diferentes estratégias;
• Mobilização de 1.298 militares, 60 viaturas e atendimento a 4.391 ocorrências registradas no SIGO.

O subdiretor de Proteção Ambiental do Corpo de Bombeiros, Major Eduardo Rachid Teixeira, destaca que a consistência das ações evitou a escalada das queimadas.
“Não tivemos um mês que se destacasse como o melhor, mas todos permaneceram próximos dos índices mínimos. Mantivemos um padrão de qualidade ao longo de todo o ano. Em muitos casos, conseguimos combater focos antes mesmo que fossem detectados pelos satélites”, disse.

Teixeira reforça que a estratégia de atuar diretamente com comunidades pantaneiras foi essencial. “Fomos a campo falar com quem vive no Pantanal, levando conhecimento técnico adequado à realidade local. A prevenção ganha força para 2026: queremos investir mais antes que o fogo aconteça”, disse.

Ele também destaca o avanço tecnológico. “Hoje temos comunicação via satélite, viaturas adaptadas ao terreno, embarcações, aeronaves e equipes capacitadas. Em 2026, queremos fazer mais com o mesmo recurso, tornando a Operação mais econômica e ainda mais focada na prevenção”, ressalta.

Integração e tecnologia aceleraram respostas
O capitão André Luiz Leonel, chefe de Operações Comando de Policiamento Ambiental da PMMS (Polícia Militar de Mato Grosso do Sul) explica que o uso de sistemas em tempo real reduziu o tempo de resposta e facilitou a coleta de provas em casos de incêndios criminosos. Somente neste ano foram aplicados R$ 49 milhões em multas. “Nós temos um agente que, em tempo real, passa diretamente aos comandantes de unidades para que eles atendam, diminui o tempo de resposta e facilita a coleta de meios de provas”, pontua.

Por sua vez, o gerente de Unidades de Conservação, Leonardo Tostes Palma, comenta que, apesar dos esforços do Estado para isentar taxas de queima prescrita, a procura ainda é considerada baixa.

“A falta de comunicação prévia é um problema. Quando alguém faz queimada sem informar, perdemos o controle e aumenta o risco de crime ambiental. Precisamos entender como chegar melhor ao produtor e às comunidades.”

Clima mais favorável contribuiu
O meteorologista Vinícius Sperling, do Cemtec, afirma que a mudança climática entre 2024 e 2025 foi decisiva. Em 2024, o El Niño provocou temperaturas muito acima da média e chuvas escassas, criando um ambiente altamente propício ao fogo.

Já em 2025, o Estado começou o ano em neutralidade climática, o que trouxe chuvas mais regulares: “Março e abril tiveram volumes expressivos de chuva. Isso retardou o início do período crítico e reduziu muito os incêndios neste ano.”

Trabalho conjunto
O presidente do Comitê do Fogo, tenente-coronel Leonardo Congro, reforça que o sucesso de 2025 é resultado da integração entre órgãos estaduais e federais.
“O Estado vem aprendendo desde 2021, realizando investimentos robustos. Depois de um 2024 extremamente severo, ver esses resultados em 2025 mostra que o trabalho deu certo.”

Operação Pantanal 2025 deixa legado de prevenção
Com dados inéditos e resposta rápida, Mato Grosso do Sul fecha 2025 com o melhor desempenho da história no enfrentamento ao fogo. O cenário reforça a importância da integração, tecnologia, capacitação e presença direta no território, e abre caminho para que 2026 seja ainda mais focado em prevenção e uso de técnicas de manejo.

Por Geane Beserra

 

Confira as redes sociais do Estado Online no Facebook Instagram

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *