Água tratada é luz ao pão de cada dia na zona rural de Campo Grande

Foto: Marcos Maluf
Foto: Marcos Maluf

A cidade é uma das seis Capitais brasileiras em que 100% das residências recebem água de qualidade

No Brasil, mais de 32 milhões de habitantes não possuem acesso à agua tratada, recurso essencial para a vida humana. Porém, essa não é a realidade para as 954 mil pessoas que vivem Campo Grande, onde 100% das residências têm acesso à água potável, segundo pesquisa do Instituto Trata Brasil. O município sul-mato-grossense faz parte da pequena lista em que apenas seis capitais brasileiras possuem o abastecimento total de água. Isso se dá pelo intenso trabalho da Águas Guariroba, concessionária que atende parte do Estado quanto o acesso à água.

A empresa está em busca de fornecer o serviço de qualidade a todos os moradores do Estado. Assim, foi criado o programa Sanear Rural, iniciativa que leva o tratamento da água para os poços comunitários que abastecem aqueles que vivem em volta do perímetro urbano.

Um dos beneficiados é a família do casal Adão Soares do Amaral, de 67 anos, e Maureli Menezes do Amaral, de 63, que há 21 anos vivem na comunidade São Luiz, formada por 20 propriedades, localizada aproximadamente a 15 quilômetros da Capital.Em 2009, os moradores criaram uma agroindústria de pães que atendia escolas da Capital e da zona rural, sendo a principal fonte de renda da família, onde eram produzidos, em média, 10 mil produtos de panificação. Entretanto, o local, que era abastecido com água de poço artesiano, passou a sofrer com as mudanças nas regras da Vigilância Sanitária, que solicitava aos produtores o certificado de garantia da qualidade da água, utilizada na fabricação dos alimentos.

“A água do poço é boa, mas como tem a lei, eu precisei pagar uma pessoa para fazer a análise da água de três em três meses, com um custo de pouco mais de R$ 3 mil. Por conta disso, a gente parou”, relatou.

Com as mãos atadas, a empresa precisou fechar as portas por não conseguir arcar com o serviço que tinha um custo alto. Assim como eles, outros moradores também necessitaram parar as atividades, e alguns até deixaram a região e voltaram a morar na cidade, onde o acesso à água tratada é garantido pela concessionária.

Seis anos depois, o sonho, enfim, pôde voltar a se tornar realidade com a chegada do programa ofertado pela Águas Guariroba. Há dois meses, foram instalados cloradores na entrada da caixa d’água, responsáveis pela desinfecção segura, tornando a água adequada para o consumo humano, animal e irrigação de culturas.

“O que já era bom ficou ainda melhor. 90% dos produtores daqui trabalham com plantação ou produção de alimentos. Para eles, as coisas também estavam ficando estreitas, porque as verduras precisam ser lavadas com água de qualidade. A chegada do tratamento para nós foi fundamental porque temos a garantia da qualidade e sem custo adicional”, disse Adão.

Água tratada é dinheiro

Vivendo há 15 anos na Comunidade Universal, ao lado da São Luiz, o produtor rural Luiz Cardino Soares da Silva vê com esperança a chegada da água tratada no local. Como as propriedades dessa região ficam em um nível mais alto, será necessário a construção de um novo poço para o melhor abastecimento dos moradores. O projeto, que já está em estudo pela concessionária e deve ser posto em prática em breve, traz expectativa para todas as 20 famílias que vivem no local.

“Eu planto e vendo mandioca, mas preciso de água tratada para comercializar ela descascada. Se não tem isso, não consigo vender esse produto. Esse ano eu consegui vender ela in natura, mas seu vender ela descascada e embalada o preço é melhor. Em breve vou poder fazer isso”, afirmou.

De acordo com Luiz, o valor da raiz com casca fica em média R$ 3,70 atualmente. Entretanto, quando puder vender descascada, após ser lavada na água potável, o valor saltará para R$ 7 o quilo, trazendo um benefício financeiro para ele e a família bastante importante que pode chegar a R$ 40 mil dependendo do contrato firmado.

Água tratada é saúde

Não muito diferente, o programa também foi bastante comemorado pelos moradores da comunidade Aguão, distante cerca de 30 minutos de Campo Grande, na saída para Rochedo.
A gerente da UBS Aguão, Neide Pinheiro de Lima Severo, contou que anteriormente ao projeto, era muito comum o atendimento às crianças que procuravam a unidade se queixando de muitas dores na barriga.

“Toda semana vinha alguma criança com a queixa desse sintoma. A gente até achava que pudesse ser verme, mas não, era uma coisa simples de ser resolvida, que é dar a elas água tratada. Agora, depois da instalação dos equipamentos no poço, a gente percebeu que não tem mais esse problema, diminuiu muito e isso foi gratificante”, frisou.

Além de profissional, Neide também é moradora antiga da comunidade e comemora a melhora na qualidade que todos tanto buscavam há anos.

“Era um desejo de todos daqui em tomar água saudável e não correr risco de contaminação. Existem tantas doenças que podem ser passadas pela água não tratada. Estamos tão próximos da cidade, mas não tínhamos esse acesso. Isso foi muito bom para gente e impacta diretamente no nosso trabalho”, afirmou.

Qualidade de vida para todos

Após a instalação do sistema, os poços passaram a ser compatíveis com os parâmetros exigidos pela portaria nº 888/2021, que trata dos padrões de potabilidade de água para consumo humano. Quem explica é a analista de projetos e viabilidade da Águas Guariroba, Flávia Gatto.

“Após a cloração, as bactérias foram eliminadas, garantindo uma água segura para o consumo. Antes de realizarmos todas as análises, havia o consenso das comunidades de que a água dos poços era limpa e segura para o consumo, porém a contaminação pode acontecer em qualquer poço, pois essa água vem de reservas subterrâneas que podem estar próximas a fossas sépticas”, ressaltou.

Apesar de “invisível”, a água não tratada pode causar doenças nas pessoas, principalmente crianças e idosos.

“O tratamento tem impacto direto nessa questão. Por mais que o poço não seja contaminado, ele garante que a contaminação não aconteça nos reservatórios e caixas d’água, levando segurança até a casa de todos da comunidade”, frisou a analista.

A Águas Guariroba está tratando os poços em 10 comunidades rurais da Capital, beneficiando mais de 1,8 mil pessoas. Os locais atendidos pela empresa são: Comunidade Sucuri, Beleza Pura, Abelhinha, Bosque dos Lírios I, Bosque dos Lírios II, Conquista, São Luiz, Terra Boa, Nova Era e Três Barras.

Campeã na redução de perdas de água tratada

Destaque nacional, a Águas Guariroba recebeu, em maio deste ano, o prêmio Casos de Sucesso, realizado pelo Instituto Trata Brasil, por Campo Grande ser a segunda Capital brasileira com o menor índice de perda de água tratada do país.

Para garantir a eficiência nos trabalhos, a empresa realizou ações que tornaram a Capital exemplo de sucesso na economia e serviço de qualidade.

“Quando assumimos a concessão em Campo Grande, imediatamente implantamos um Programa de Redução de Perdas. Com isso, o índice de perdas de água na Capital de Mato Grosso do Sul teve queda de 56% (em 2006) para os atuais 19,7% (em 2024), o que representa que Campo Grande deixou de perder cerca 43.461.659 de metros cúbicos de água por ano”, destacou o atual diretor-presidente da Águas Guariroba, Gabriel Buim.

Por Antônio de Almeida. 

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Fotos: Marcos Maluf

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