Especialistas destacam a necessidade de ampliar a proteção individual em todos os locais fechados
As férias de fim de ano estão chegando, e junto com elas vêm as festas, comemorações, confraternizações e viagens, todas acompanhadas de aglomerações. Diante disso, e considerando o aumento dos casos de COVID-19 nos últimos dias, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), determinou, na quarta-feira (23), a retomada da obrigatoriedade do uso de máscaras de proteção facial em aviões e aeroportos, a partir desta sexta-feira (25).
De acordo com a agência, nos últimos anos, observou-se no Brasil o aumento considerável da transmissão do vírus no período de novembro a janeiro, prazo que coincide com as férias escolares, ou seja, a alta de casos pode ser justificada pelo maior fluxo de viajantes que se deslocam pelos aeroportos neste período e se aglomeram em comemorações. Por esse motivo, a medida que obriga ao uso de máscaras foi aprovada visando reduzir o risco de contágio de COVID-19.
Em nota ao jornal O Estado, a Infraero (Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária) afirmou que sempre seguiu rigorosamente as determinações do Ministério da Saúde e da Anvisa e que desta vez não será diferente. “Nossos aeroportos cumprirão com a determinação no que se refere obrigatoriedade do uso de máscaras”, destacou.
Após a determinação, o médico infectologista Maurício Pompílio disse que, depois da disponibilização das vacinas e diminuição de casos graves e mortes, muitas pessoas deixaram os cuidados de lado, o que acarretou o aumento de infectados. Contudo, com a retomada, o uso da proteção individual se faz necessário, principalmente em locais fechados. “Nas últimas semanas os casos de COVID-19 tem aumentado no Brasil e também em MS. Precisamos estar atentos, procurar o serviço de saúde para rápida testagem em caso de síndrome gripal, restringir deslocamentos em casos suspeitos e fazer a quarentena nos casos confirmados de COVID-19.
Para a população geral é extremamente importante o retorno do uso de máscaras em ambientes fechados e aglomerações, como em eventos, escolas, igrejas e transporte público. “As recomendações do Ministério da Saúde retornando o uso de máscaras em portos e aeroportos devem ser seguidas e ampliadas para as situações acima”, afirmou.
Na manhã de ontem (24), a equipe de O Estado conversou com a empresária Ellen K., que não estava de máscara enquanto aguardava o horário do voo no saguão do Aeroporto Internacional de Campo Grande, mas afirmou que colocaria o item de proteção dentro da aeronave. “Como ainda não é obrigatório, só a partir desta sexta-feira (25), vou deixar para usar dentro do avião, mas acho necessário essa obrigatoriedade em razão do aumento de casos.”
Em contrapartida, a costureira Dalete Alves, que estava no aeroporto para remarcar uma passagem para o Rio de Janeiro, fazia uso de máscara. Ela assegurou que nunca deixou de usar o equipamento de proteção individual, isso desde o começo da pandemia da COVID-19 no país. “Nunca tirei, a idade chegou e, depois que você é infectada, ter de ser internada é muito pior do que fazer o uso da máscara. Eu nunca peguei e pretendo não pegar”, pontuou.
Na última quarta-feira (23), em nova reunião do Prosseguir (Programa de Saúde e Segurança na Economia), os integrantes discutiram detalhes sobre o lançamento de uma campanha para incentivar a população a completar o ciclo vacinal, tomando as doses de reforço que faltam. O secretário de Saúde, Flávio Britto, ressaltou que a campanha será lançada em breve nos meios de comunicação e visa aumentar o índice vacinal da população sul-mato-grossense, que caiu principalmente em relação às doses de reforço. “Temos de lembrar a todos que a COVID-19 não acabou e a vacina é o principal instrumento para que esta doença não seja letal”, descreveu. A SES (Secretaria de Estado de Saúde) também recomenda aos maiores de 60 anos e imunocomprometidos o uso de máscaras em locais fechados ou com aglomeração de pessoas.
Secretarias de Saúde mostram preocupação
De acordo com o Boletim Epidemiológico, publicado pela Secretaria de Estado de Saúde no dia 22 de novembro, na semana epidemiológica nº 46, que compreende de 13 a 19 de novembro, houve o registro de 211 casos; na semana nº 45, que compreende de 6 a 12 de novembro, foram 281.
Conforme a Secretaria de Saúde, nas últimas duas semanas Mato Grosso do Sul registrou aumento considerável de infecções pelo novo coronavírus, com 492 casos confirmados, o que é superior à soma das seis semanas anteriores, que registrou 487 positivos.
A presidente do Cosems-MS (Conselho de Secretarias Municipais de Saúde), Maria Angélica Benetasso, comentou: “Faz duas semanas que os casos aumentaram muito, situação que nos preocupa, pois com as férias de fim de ano a movimentação das pessoas cresce e, se não redobrarmos os cuidados, a tendência é aumentar”.
Muitos municípios passaram a distribuir máscaras em unidades de saúde, adotar novas medidas, e alguns, como Ribas do Rio Pardo, já publicaram novo decreto. Sobre as medidas adotadas pelos municípios, Maria Angélica esclarece: “Os municípios possuem autonomia para editar decretos, mas toda a população já sabe o que fazer para evitar a contaminação, pedimos principalmente que aqueles grupos de risco façam o uso da máscara, e que quem ainda não completou o ciclo vacinal faça o quanto antes. E se houver suspeitas que façam o teste e fiquem em isolamento”, pede a presidente.
Farmácias da Capital voltam a registrar alta procura por testes
Após os registros de aumento nos casos de COVID-19 em todo o país, Campo Grande já pode notar um aumento considerável na procura por testes da doença, tanto o teste de antígeno, também conhecido como “teste do cotonete”, que é o teste rápido capaz de detectar o vírus, quanto o autoteste, que pode ser feito pela própria pessoa. Em algumas farmácias o aumento foi de cerca de 20% na procura.
O jornal O Estado percorreu algumas farmácias da Capital, e pôde verificar que a procura dos testes tem sido mais efetiva nas últimas duas semanas. Em uma delas inclusive a responsável afirmou que, antes disso, a procura estava praticamente zerada e que voltou com força total; nesse estabelecimento especificamente é comercializado apenas o autoteste.
Já em outra farmácia da rede Pague Menos, foi informado que um aumento considerável aconteceu nos testes de antígeno, pois a outra forma de teste não está tendo adesão desde o começo de sua comercialização. Geralmente o local realiza os testes rápidos.
Por Tamires Santana – Jornal O Estado de MS.
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