Por Rayani Santa Cruz – Jornal O Estado de MS
Nome da senadora une consenso de um grupo de partidos para disputa em outubro; sem o Doria, PSDB vai esperar se cresce nas pesquisas para apoiá-la
A pré-candidatura da senadora Simone Tebet (MDB) cresce de maneira tímida fora de Mato Grosso do Sul, mas ainda patina em sua terra natal. Tanto que até correligionários da legenda evitam bater o martelo sobre apoio, e ainda dizem que o ideal é aguardar a direção nacional emitir comunicado oficial sobre a disputa de Simone. Isso estava previsto para ocorrer hoje (24), mas deve ser adiado para 2 de junho.
A figura de Simone apareceu bastante ontem (23), após o ex-governador de São Paulo João Doria (PSDB) anunciar a desistência de sua pré-candidatura ao Palácio do Planalto, cedendo a pressões da cúpula do seu partido. O PSDB pretende anunciar apoio a Tebet e consolidar uma candidatura única da chamada terceira via.
“Me retiro da disputa com o coração ferido, mas com a alma leve. Saio com sentimento de gratidão e a certeza de que tudo o que fiz foi em benefício de um ideal coletivo, em favor dos paulistanos, dos paulistas e dos brasileiros”, disse João Doria em seu discurso.
Após isso, a senadora divulgou nota oficial onde citou que Doria nunca foi adversário e sim aliado. “Doria nunca foi adversário. Sempre foi aliado. Sua contribuição com a luta pela vacina jamais será esquecida. Vamos conversar e receber suas sugestões para nosso programa de governo. O Brasil é maior do que qualquer projeto individual”, afirmou a senadora por meio de nota.
Tebet ainda manifestou esperança de que MDB, PSDB e Cidadania estejam juntos na disputa presidencial. Com isso, Doria pode estar em sua chapa como candidato a vice-presidente. “Vamos trabalhar para unir todo o centro democrático. Gostaria muito de ter o PSDB e o Cidadania junto conosco. Vamos aguardar a decisão das direções partidárias”, afirmou.
Apoio em MS
Sobre o apoio a Simone em MS, o presidente estadual do MDB, ex-deputado Junior Mochi, afirmou que a orientação inicial é para que todos esperem as definições finais.
“Olha, primeiro eu estive falando com ela na semana passada, e a própria Simone pediu para que a nós aguardássemos até esta terça- -feira [mas deve ser adiado] para ver direitinho como vai ficar isso. Assim que sair a decisão iremos nos posicionar”, disse Mochi.
Ele também foi questionado pelo jornal O Estado, se o palanque para Tebet já era certo, mas repetiu: “O MDB aguarda sinal da candidatura de forma oficial, e até por pedido dela [Simone Tebet] para depois se manifestar”.
O pré-candidato a governo do Estado André Puccinelli, que até a semana passada havia declarado que o apelo popular seria ouvido na hora de decidir quem apoiar para presidente, agora, disse ao jornal O Estado que o ideal é aguardar. “Não conversei sobre este assunto. Quando se confirmar a candidatura espero que ela organize o palanque dela Brasil a fora, inclusive em Mato Grosso do Sul. Vamos aguardar”, disse Puccinelli.
Os emedebistas de Mato Grosso do Sul, de certa forma, ainda exigem que haja um posicionamento do marido de Simone, o deputado licenciado Eduardo Rocha (eleito pelo MDB), que está atuando como secretário de Governo na gestão de Reinaldo Azambuja do PSDB.
Para ter o apoio, algumas lideranças querem que Rocha se posicione e escolha de que lado vai ficar. Diante do cenário em que Tebet será a escolha da terceira via de forma oficial, e como fica o MDB de MS, já que o ninho tucano tem adversário na majoritária em MS.
Mochi explica que a legenda continua da mesma forma, pois não há obrigatoriedade de que a coligação nacional se repita em nível de Estado. “Então, nós aqui continuamos firme com a nossa candidatura própria ex-governador André Puccinelli e obviamente o PSDB deve continuar o seu projeto político com o Eduardo Riedel.”
PSDB vai com Bolsonaro
Simone Tebet, aparentemente não terá muito espaço no PSDB de MS, mesmo que Doria venha de vice. Sem alteração da situação política e das candidaturas que já estão colocadas em MS, o presidente do PSDB, Sérgio de Paula, vem dizendo que também espera o que a composição nacional da terceira via vai indicar para posteriormente se reunir com o diretório estadual e decidir.
Por hora, o pré-candidato do PSDB no Estado, Eduardo Riedel, anda de mãos dadas com o presidente Jair Bolsonaro (PL) e assim deve continuar. A aliança teve intermédio da ex-ministra, deputada Tereza Cristina (PP), braço direito de Bolsonaro durante sua gestão, e pessoa próxima de Riedel.
Se por um lado Riedel já demonstrou total preferência em dar palanque para Bolsonaro, o deputado federal Beto Pereira indicou em entrevista na semana passada que, de maneira pessoal, vai ouvir orientações da cúpula nacional. Ou seja, se Simone for indicada a chefe do Executivo junto a Doria, a emedebista terá seu apoio.
Sobre a saída de Doria, o presidente do ninho em MS disse apenas que “esta é uma decisão do PSDB nacional e vamos acatá-la”.
Michel Temer
Situação que também passou a ser cogitada nos bastidores é que Simone estaria apenas “esquentando a cadeira” para posteriormente o MDB lançar a candidatura do ex-presidente Michel Temer. Temer comentou a saída de Doria da disputa.
“O ex- -governador João Doria realizou um extraordinário governo em São Paulo, confirmando seu perfil de gestor qualificado. Revela, agora, desprendimento, praticando um gesto grandioso”, disse ele, que completou se referindo a Simone e dizendo que ela está pronta para concorrer ao cargo. “A senadora Simone Tebet, por sua vez, tem demonstrado que está à altura do desafio que se apresenta a ela.”
Tucanos adiam reunião da executiva e mandam recado a Tebet
O PSDB adiou a reunião de sua executiva nacional, que estava marcada para esta terça-feira (24), e com isso mandou um recado ao MDB: quer primeiro esperar para ver se Simone Tebet se viabiliza como précandidata para anunciar aliança.
O partido reagendou o encontro para o dia 2 de junho, com a participação das bancadas na Câmara e no Senado Federal. O encontro a princípio seria destinado a aprovar apoio a Tebet, mas corria também o risco de prolongar a guerra interna no partido, agravada com o processo que culminou com a desistência de João Doria da sua précandidatura presidencial. Uma ala tucana, capitaneada pelo deputado federal Aécio Neves (MG), prometia insistir na reunião na candidatura própria, tentando reapresentar o nome do exgovernador Eduardo Leite (RS).
Segundo integrantes do PSDB, agora a pressão para crescer nas pesquisas está toda sobre Tebet, que tem marcado índices de 1% a 2% nas sondagens.
“Agora a bola está no campo deles. Eles que joguem o jogo, estamos aqui observando”, diz o presidente do diretório do PSDB paulistano, Fernando Alfredo, aliado de Doria.
Além de esperar pelo desempenho da senadora nas pesquisas, lideranças tucanas querem amarrar acordos estaduais, em palanques como São Paulo, Rio Grande do Sul e Distrito Federal, entre outros.
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