Especialistas pontuam a importância de ampliar o debate sobre os futuros governantes com os pequenos
Economia, pobreza, educação… não é por ainda estarem longe de ter o direito de votar, ou até mesmo de se
candidatarem a algum cargo político, que as crianças não pensam em política e no futuro do país. Nesta semana, a reportagem do jornal O Estado perguntou para dez crianças da Escola Municipal Kamé Adania, localizada no Conjunto Habitacional Nascente do Segredo, em Campo Grande, o que elas fariam se governassem o país.
Respondendo de forma espontânea e individual à pergunta “o que faria se fosse presidente do Brasil?”, a criançada mostrou estar por dentro do que está acontecendo no país. Seja por ouvirem os pais, avós, e as
pessoas mais velhas com quem convivem, falarem a respeito do futuro do Brasil e de suas necessidades para os próximos anos, as crianças levantaram os principais pontos que seriam mudados caso fossem eleitas. “Diminuir o valor da comida e os valores dos brinquedos”, afirmou um grupinho de alunos sem titubear, logo no início da entrevista.
Em ano eleitoral, é muito comum que as pessoas estejam conversando sobre política a todo momento. Com
notícias diariamente sobre o assunto e os ânimos exaltados nas conversas entre familiares e amigos, não há
dúvidas de que as crianças também queiram saber o que está acontecendo e desejem participar com suas opiniões.
Apesar do interesse e da participação natural das crianças na política, muitos pais ainda defendem que o
assunto deve ficar longe dos pequenos, sobretudo na escola. Para especialistas da área, no entanto, o afastamento pode ser prejudicial no futuro. Para a coordenadora pedagógica voltada a educação infantil fundamental, Viviane Martins, embora as crianças estejam em um ambiente de educação infantil, é importante desenvolver com os pequenos um perfil democrático, e ser um lugar onde se escuta as crianças em suas demandas.
“Ouvir as críticas, as sugestões, tirar as dúvidas, incentivar as crianças a exercerem seu papel de cidadão,
mesmo que seja na unidade de ensino, é algo de suma importância. Trabalhando com eles dessa forma, será
perceptível a cada dia, o desenvolvimento desse papel com mais facilidade. Não é preciso abordar questões
político-partidárias, visto que cada família ensina de maneira como bem entender, contudo é possível trabalhar com as crianças de forma mais natural, sobre o período importante em que vivemos, de escolha dos nossos futuros governantes, inclusive conversando sobre quais são os cargos políticos elegíveis neste pleito eleitoral. De forma geral, as crianças são bastante curiosas e críticas, é válido aproveitar esse interesse para introduzir, de forma leve, um assunto tão importante da nossa sociedade”, destacou ela.
Com respostas carregadas de pureza e consciência da realidade enfrentada pelos brasileiros, meninas e meninos de 8 a 11 anos refletiram também sobre a desigualdade social, a qualidade da educação e da segurança no Brasil. Propostas essas que provocam a reflexão de quem ouve, e que deveriam ser seguidas.
Por Brenda Leitte – Jornal O Estado do MS.
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